tag:blogger.com,1999:blog-85874964567495875412024-03-12T20:10:35.012-05:00Insurgente ColetivoColetivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.comBlogger239125tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-35338965617633911512022-03-13T15:17:00.001-05:002022-03-14T09:37:33.192-05:00O educador político e o político educador - uma resposta à senhora Márcia Bittar<p> <span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><b style="text-align: right;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Israel
Souza</span></b><a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/ESCRITOS%20SOBRE%20EDUCA%C3%87%C3%83O,%20CI%C3%8ANCIA%20E%20POL%C3%8DTICA/O%20educador%20pol%C3%ADtico%20e%20o%20pol%C3%ADtico%20educador.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="text-align: right;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[1]</span></span></span></span></a></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Na semana passada, um
fato político ganhou as manchetes dos jornais e suscitou reações diversas no
Acre. Márcia Bittar - pré-candidata a uma vaga no Senado e esposa do senador
Márcio Bittar - deu a seguinte declaração: “<span style="background: white;">a escola precisa ensinar as disciplinas técnicas: português,
matemática, ciência, geografia, enfim as disciplinas e não querer educar os
filhos da gente em cima de ideologias, de gênero por exemplo, ensinar que a
menina pode casar com o pai, ensinar que a criança pode casar com adulto,
ensinar que pode ter relação sexual com animal, ensinar que pode legalizar o
aborto, a droga. Essas coisas precisam ser combatidas dentro da nossa escola”. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; padding: 0cm;">Como se vê, em resumidas
contas, ela fez uma tripla insinuação/acusação contra nossas escolas e nossos professores:
incesto, pedofilia e zoofilia. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; padding: 0cm;">De minha parte, professor,
pesquisador e escritor habituado a tirar lições mesmo do que há de mais
repugnante na política, confesso que tive receio de fazê-lo em relação às
palavras da senhora Márcia Bittar. Contudo, é esse desafio que enfrento nas
linhas seguintes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; padding: 0cm;">Antes do mais, importa destacar
o quanto suas palavras estão em pleno acordo com o que é feito pelo grupo
político a que ela pertence, grupo formado por Bolsonaro e seu marido Márcio
Bittar, dentre outros. Como se sabe, esse é um grupo pouco afeito à verdade e
dado a irresponsabilidades sem conta. É da índole deles fazer política como
quem faz guerra, criando inimigos muitos, tratando-os como seres sórdidos que
precisam ser parados a todo custo. E, claro, eles se colocam como os únicos
capazes de parar os inimigos sórdidos por eles criados.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; padding: 0cm;">Entre os alvos favoritos desta
guerra suja que movem, ininterrupta e sistematicamente, estão a educação e os
educadores. Daí estes serem sempre acusados de aliciarem politicamente e
perverterem sexualmente as crianças e os jovens. Com efeito, as insinuações/acusações
de Márcia Bittar poderiam nos levar a crer que há coisas nas escolas que não
seriam ofertadas sequer nas mais libertinas das casas de tolerância, como o
incesto e a zoofilia. E, neste caso, os professores exerceriam um ofício mais
repugnante que o de qualquer </span><span style="border: none windowtext 1.0pt; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">proxeneta.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; padding: 0cm;">Na base disso tudo, está implícito
o suposto de que os professores seriam militantes disfarçados,
esquerdistas-comunistas fazendo política albergados pelo ofício. Sem pretender
fazer uma reflexão epistemológica, devo dizer que, de fato, nós educadores
fazemos política. Impossível não fazê-lo. Afinal, através de disciplinas como
Filosofia, Geografia, História e Sociologia, procuramos formar cidadãos,
capacitando nossos estudantes para que, diante das instituições, dos temas e
dos acontecimentos sociais, possam saber se orientar e se posicionar. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; padding: 0cm;">Neste preciso sentido, fazemos
política, sim. Mesmo um professor de Matemática ou Física o faz, discuta ou não
temas sociais em sala de aula, pois até o silenciar-se sobre tais temas é já
uma maneira de educar politicamente os estudantes. Todo educador é também um
político. Todavia, é mister acrescentar que não fazemos política partidária.
Embora tenhamos uma margem de liberdade no trato dos temas, movemo-nos sempre
premidos pelo que é ditado pela nossa área de atuação, como sua tradição,
autores, métodos etc. Entre outras coisas, orienta-nos, ainda, o que é exigido
dos estudantes em concursos e processos seletivos, como o Enem. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; padding: 0cm;">A essa altura, compete dizer
que, se é verdade que todo educador é um político, todo político é também um
educador. Mesmo não tendo cargo, através de suas declarações, a senhora Márcia
Bittar influencia a sociedade, orientando-a diante de certos temas. Por
conseguinte, para o bem e para o mal, também ela é uma educadora. Mas os pontos
em comum entre a práxis de educador e a de político não são tantos que possam
apagar os pontos de diferença.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; padding: 0cm;">Nós, educadores, pautamo-nos
pela verdade dos fatos. Zelosos que somos quanto a nosso fazer científico,
procuramos guardar silêncio quanto ao que não sabemos ou, no máximo, emitimos
parecer que não extrapole o âmbito da responsabilidade. Por outro lado, quando um
político vai disputar eleições, se a mentira lhe garantir mais votos que a verdade,
não é raro ele optar pela primeira. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; padding: 0cm;">Um exemplo para ilustrar mais
palpavelmente a diferença entre ambos os ofícios discutidos. Sabemos quão
danosos para a democracia são os políticos carreiristas que “vivem da
política”, como diz Max Weber (um sociólogo conservador, só para frisar), que
fazem dela um meio de vida; assim como são aqueles que criticam as políticas
sociais e o funcionalismo público, mas costumam colocar parentes seus mamando
nas tetas do Estado; os políticos forasteiros que moram em dado estado, mas
procuram lançar candidaturas por outro, onde acham que é mais fácil sair
vitorioso do pleito; políticos que têm o hábito de se meter em coisas
nebulosas, como orçamentos secretos, por exemplo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; padding: 0cm;">Ora, bem sabemos que há aos
montes esse tipo de político (e sabemos quem são os “daqui” do Acre). Mas
faríamos mal se disséssemos que todos os políticos são desse naipe. Não apenas
estaríamos deixando de fazer ciência, como cairíamos na mais deslavada mentira,
como fazem certas pessoas quando querem se aproveitar da boa vontade de certos
setores da sociedade, aqueles que, em razão da vulnerabilidade, têm mais
dificuldade de discernir o que verdadeiro do que é falso. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; padding: 0cm;">Para finalizar, duas coisas
mais. Primeiro: pode ser que algum docente, extrapolando seu ofício, faça
política partidária em sala de aula - em todo lugar há bons e maus
profissionais. Problemas dessa ou de outra natureza podem ser resolvidos na
própria escola ou, se aí falhar, em órgãos fiscalizadores como o Ministério
Público. Se a senhora Márcia Bittar tem provas daquilo que insinuou a respeito
das escolas e dos professores, ela tem o dever de trazê-las a público e apresentá-las
a essas autoridades. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; padding: 0cm;">Por fim, em razão da
complexidade e da relevância social, importa registrar que a educação é um
daqueles temas de que só se pode falar e tratar com boca e mãos limpas. Não somos
perfeitos. Temos nossas limitações. Por isso, se honesta, toda crítica é
bem-vinda. Sempre. O mesmo não podemos dizer da insinuação baixa e abjeta. Nunca.
Para usar a linguagem do educador popular, digamos de uma vez: “muito ajuda
quem não atrapalha”.<o:p></o:p></span></p>
<div><!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/ESCRITOS%20SOBRE%20EDUCA%C3%87%C3%83O,%20CI%C3%8ANCIA%20E%20POL%C3%8DTICA/O%20educador%20pol%C3%ADtico%20e%20o%20pol%C3%ADtico%20educador.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Professor e pesquisador do Instituto Federal do Acre/Campus Cruzeiro do Sul.
Autor das seguintes obras: <i>Democracia no
Acre: notícias de uma ausência</i> (PUBLIT, 2014); <i>Desenvolvimentismo na Amazônia: a farsa fascinante, a tragédias
facínora</i> (EDIFAC, 2018) e <i>A política
da antipolítica no Brasil</i>, Vol. I e II (EaC Editor, 2021). É coordenador do
Grupo de Pesquisa <i>Trabalho</i><i>, Território e Política na Amazônia</i>
(TRATEPAM) e, atualmente, desenvolve o Projeto de Pesquisa <i>Os dois Acres: disputas “ideodiscursivas” e identidade(s) nas
mesorregiões acreanas</i>. No campo da poesia, publicou o livro <i>E a carne se fez verbo...</i> (EaC Editor,
2020). <o:p></o:p></p>
</div>
</div><div style="mso-element: footnote-list;"><div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
</div>
</div>Coletivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-56854442198985076702021-07-03T15:07:00.000-05:002021-07-03T15:07:10.230-05:00Apresentação do livro A política da antipolítica no Brasil (2 Volumes), recém-lançado <p> Quem tiver interesse em adquirir na versão e-book, entrar contato com o autor: israelpolitica@gmail.com</p><p><br /></p><p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">APRESENTAÇÃO<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Como
concebemos, a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">política da antipolítica</i>
é uma ação eminentemente política que, no entanto, não se assume como tal. Em
tempos de crise como o que vivemos, em que a própria política e os que nela
tomam parte são olhados com desconfiança e, não raro, com hostilidade, é algo compreensível.
Trata-se de uma ação que simula caráter <i style="mso-bidi-font-style: normal;">apolítico</i>
(<i style="mso-bidi-font-style: normal;">antipolítico</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">impolítico</i> ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">contrapolítico</i>)
com o fito de dissimular seu caráter político. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Para usar versos de
Lenine, podemos dizer que se trata de uma tentativa de “virar o jogo” e
“transformar a perda” em “recompensa”<a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20-%20TEXTOS%20EM%20VERS%C3%83O%20FINAL/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20NO%20BRASIL,%20VOL.%20I.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>.
De modo um tanto engenhoso, cumpre reconhecer, almeja-se transformar o
descrédito da política em crédito político. No nível do aparente, a negação da
política, sua desmoralização e aviltamento. Noutro nível, o mais efetivo das
relações sociais, sua afirmação, com nada menos que um viés autoritário. Por um
lado, a farsa. Por outro, a força. A política da antipolítica é um composto de
ambas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Dedicada a dar um
contributo à compreensão do Brasil de nossos dias, a reflexão que segue está
dividida em dois volumes, dos quais este é o primeiro. Neste Volume I, buscamos
destacar mais a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">dimensão farsesca</i><a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20-%20TEXTOS%20EM%20VERS%C3%83O%20FINAL/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20NO%20BRASIL,%20VOL.%20I.docx#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>da política da antipolítica. Através da
abordagem de temas como o projeto Escola sem partido (ESP), o negacionismo e o
racismo, o que fazemos é mostrar que a política está presente mesmo onde alguns
a dizem ausente, destacando os interesses que subjazem ao pretenso apoliticismo
e suas implicações. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFzXXfR24gXCv-wBglhggGl49xWwGsBOaBaTIi0Xy1PuB0bMK9h0CkQrO5LmGnAJBXiAwVg4TGKIyuevtEpsa3W1bvDybhy1aMATLpDcB56FJU-lbMM3o-ibS1-bbqVG6lm3vSWeuhahg2/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="847" data-original-width="625" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFzXXfR24gXCv-wBglhggGl49xWwGsBOaBaTIi0Xy1PuB0bMK9h0CkQrO5LmGnAJBXiAwVg4TGKIyuevtEpsa3W1bvDybhy1aMATLpDcB56FJU-lbMM3o-ibS1-bbqVG6lm3vSWeuhahg2/" width="177" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Mas, já aqui, vai
ficando clara sua </span><i style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">dimensão policialesca</i><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
(coercitiva, militarizada). Emblemático disso é, por exemplo, que Bolsonaro
tenha perguntado a Ricardo Vélez - o primeiro Ministro da Educação em seu
governo - se ele “teria faca nos dentes para combater a esquerda radical no
Ministério?”, demonstrando cabalmente a natureza político-partidária e
beligerante de seu apoliticismo.</span></div></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mesmo num microcosmos
social, como é a escola, veremos que a política da antipolítica do atual
governo assume formas altamente autocráticas, irracionais, reacionárias e com
traços fortemente militarizados. E, mesmo quando se vale dos elementos e
aparelhos diretivo-hegemônicos, dá a eles a marca da coerção e da beligerância.
Seus intentos de aumentar o número de escolas civil-militares pelo país, em
detrimento das escolas civis, é expressão disso. Seu consenso é dissensual. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">No Volume II (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">A política da antipolítica: militarização e
ameaças à democracia</i>), voltamos nossa atenção para a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">dimensão policialesca</i> do objeto de nossa reflexão. Nos passos de Gramsci,
entendemos que toda política tem em si um substrato militar. Como o autor
italiano, compreendemos que toda ordem, para ser mantida, necessita conjugar
num relativo equilíbrio <i style="mso-bidi-font-style: normal;">consenso</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">coerção</i> (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">direção</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">dominação</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">hegemonia</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ditadura</i>). <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnJjdzGiS9fmLowjobXxHJ1ndVPvjuV0MNcHmHKo-CvrmHK5pU6nPWzXk4CMR_DA39dU7jFcvzjxAfd74kkpIGZHslHpDiqZ7SYGphqI0CDFdvV7LyalzSHmHd23m4fG8cvcbFCbAY7JZb/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="728" data-original-width="582" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnJjdzGiS9fmLowjobXxHJ1ndVPvjuV0MNcHmHKo-CvrmHK5pU6nPWzXk4CMR_DA39dU7jFcvzjxAfd74kkpIGZHslHpDiqZ7SYGphqI0CDFdvV7LyalzSHmHd23m4fG8cvcbFCbAY7JZb/" width="192" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Às vezes, contudo,
quando os dominados despertam temor nos dominantes ou quando os interesses que
estes acalentam não são atendidos a contento na atual configuração da ordem, o
relativo equilíbrio é desfeito em detrimento dos mecanismos consensuais e em
favor dos mecanismos coercitivos. Nestes casos, cabe mais proeminência a estes últimos.</span></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">É a proeminência dos
mecanismos coercitivos que dizemos marcar a transição da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">política da militarização</i> (onde a violência e a força são usadas cotidianamente,
mas de modo pontual) para a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">militarização
da política</i>, radicalizando o estado de exceção a que estamos historicamente
submetidos. Dada a escala crescente com que a violência é requerida atualmente
nas relações sociais, a política vai assumindo paulatinamente feições de guerra.
Parece mesmo que, nesse contexto de crescente violência, é a política que figura
como uma continuação da guerra por outros meios.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A situação em que nos
encontramos é moldada pelo encontro e o mútuo fortalecimento de duas tendências
de militarização. Uma mais geral e outra, nacional. Jogando por terra o pacto
social representado pelo Estado de Bem-estar Social, o neoliberalismo, por si
só, já implica a militarização das relações sociais, a substituição da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">política de conciliação de classes</i> pela <i style="mso-bidi-font-style: normal;">guerra de classes</i>. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ora, não é sem motivos
que o Chile de Pinochet tenha se tornado o primeiro grande laboratório do
neoliberalismo. Em perfeita sintonia com sua formação de “Chicago boy”, Paulo
Guedes (ministro da Economia do governo Bolsonaro) dá provas da permanência
dessa afinidade entre neoliberalismo e militarização e do vigor que ela goza em
nosso meio. Foi ele quem disse, diante da possibilidade de protestos de
oposição às (contra)reformas: “Não se assustem então se alguém pedir o AI-5.” <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">No Brasil, além da
adoção da agenda de austeridade, confirmada com graus variados por governos de colorações
partidárias as mais diversas, esta tendência mais geral de militarização é
fortalecida pelo militarismo do atual governo federal. Daí, no Volume II, nossa
atenção se voltar para a concepção e as práticas políticas dos militares, da
Polícia Militar e do Exército. Maiormente alinhados ao atual governo, os
militares jogam importante papel na atual conjuntura. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Amplamente formado por
militares e sustentado por grupos entre conservadores e reacionários, o grupo
político atualmente dominante pensa e pratica a política em chave
bélico-militar, agregando um colorido verde-oliva à militarização da política e
das relações sociais desencadeada pelo neoliberalismo. Em razão disso e diferentemente
do que ocorreu em outros governos, agora a militarização não se dá apenas
contra os de baixo. No momento, através de práticas legais e extralegais, ela
ganha maior dimensão e dramaticidade, sendo exercida de modo escancarado contra
adversários políticos, imprensa, organizações, formadores de opinião,
intelectuais etc.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Apresentando-se “contra
tudo o que está aí”, com nitidez ofuscante, o atual governo encarna e realça as
dimensões farsesca e policialesca da política da antipolítica. As mentiras e as
ameaças são igualmente armas suas<a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20-%20TEXTOS%20EM%20VERS%C3%83O%20FINAL/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20NO%20BRASIL,%20VOL.%20I.docx#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>.
Neste sentido, guardam profunda unidade frases de Bolsonaro como “Não existe
racismo no Brasil” e “Se tudo dependesse de mim, não viveríamos neste regime”
ou “Quem decide se um povo vai viver numa democracia ou numa ditadura são as
suas Forças Armadas [...]. Se nós não reconhecermos o valor desses homens e
mulheres que estão lá, tudo pode mudar”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Antes de passar
adiante, gostaríamos de chamar a atenção para um fator de grande importância. É
verdade que há certa complementaridade entre a militarização do neoliberalismo
e a do governo federal. Quanto menos social, mais policial é o Estado. Também é
certo que o governo se coloca como servo da classe dominante. Mas nem tudo é
harmonia entre eles. Em seu irracionalismo e trapalhadas, o governo enseja
fricções muitas entre ele e algumas frações da classe dominante. Isso está bem
claro para alguns, a exemplo do empresário que recentemente disse: “Entre
Bolsonaro e o demônio, eu voto no demônio”<a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20-%20TEXTOS%20EM%20VERS%C3%83O%20FINAL/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20NO%20BRASIL,%20VOL.%20I.docx#_ftn4" name="_ftnref4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mesmo Paulo Guedes e
Mourão já saíram em defesa da vacinação em massa como saída para a retomada das
atividades econômicas, coisa a que Bolsonaro e os grupos mais fiéis a ele vêm
se mostrando refratários. E se o mandatário continuar a insistir nesse e em outros
arroubos e irracionalismos, como a experiência nos permite supor que continue,
até quando a classe dominante quererá sustentá-lo na presidência? E caso queira
tirá-lo de lá, como agirão os militares: deixá-lo-ão cair para que continuem no
poder com Mourão ou tensionarão no sentido de um golpe desabrido, mandando
pelos ares a ordem jurídico-constitucional? <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Seja como for, fato é
que, desde o fim da ditadura civil-militar, nossa frágil democracia nunca se
viu tão ameaçada, com reais chances de supressão. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Cada um
dos Volumes deste livro é formado por artigos que, em seu conjunto, visam a compor
um quadro da conjuntura política que ora atravessamos. Destes artigos, alguns
já foram publicados. Outros - a maioria, para falar a verdade - são inéditos.
Eles não estão distribuídos segundo a ordem cronológica em que foram escritos.
Em verdade, estão ordenados segundo os temas que abordam e como um complementa
e dá prosseguimento ao outro. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Concebida durante o
período pandêmico e da quarenta que então se impôs, a presente obra traz
explícita essa marca, fazendo referência a tal em passagens diversas, sempre de
acordo com a reflexão realizada em cada texto. Acreditamos que é importante
deixar esse registro dos dias que vivemos. Embora façamos assim, buscamos
sempre tratar de casos ou problemas relativamente pontuais à luz de mais ampla
compreensão, quer histórica, quer geográfica ou mesmo teórica. Por esse
caminho, perseguimos o objetivo de evitar os extremos da generalização vazia e
do empirismo tacanho, fechado em si mesmo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Não fez parte de nossas
intenções tratar os temas até exauri-los. Nem poderíamos. Quisemos, isto sim,
apenas evidenciar alguns de seus traços e implicações, os que reputamos de
maior relevância. Quanto a isso, exemplar é o texto referente ao negacionismo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">na</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">da</i>
pandemia (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">A “razão da desrazão” ou a
ordem por sob o caos: notas sobre o negacionismo</i>). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Com o processo
pandêmico ainda em curso, sem perspectiva segura de quando terá termo, seria
impossível tratar do tema ao longo de todo esse período. Assim, tocou-nos tão somente
pôr em relevo, durante o período que a pesquisa cobriu, o que do fenômeno do
negacionismo mais se impunha às relações sociais e, por conseguinte, à nossa atenção.
Essa observação é válida para todos os textos aqui coligidos. Dessa maneira, tratamos
da “história imediata”, na qual estamos imersos, olhando para além dela.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mais uma observação. Ao
longo da pesquisa, pudemos ver que a maior parte dos autores que falam da
antipolítica de Bolsonaro o fazem a partir de certa visão institucionalista
e/ou essencialista, como se fosse possível enclausurar a política em
instituições e atribuir a ela apenas ações virtuosas. Para eles, Bolsonaro
representa a antipolítica porque desrespeitoso e ameaçador às instituições, a
suas regras. De nossa parte, ancorados numa visão realista (ampla e complexa) da
política e dos conflitos que ao fim e ao cabo ela implica, entendemos que ela
se faz por dentro e por fora das instituições, com elas, sem elas e mesmo
contra elas. Atentar contra as instituições não é ato menos político do que submeter-se
a elas. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A bem da verdade, quanto
mais levado a sério, mais pueril nos parece tal institucionalismo. Embora
inegavelmente importantes, as instituições são nada mais que a coagulação da
correlação de forças (entre classes e grupos) de dado momento, podendo, por
isso, ruírem ou serem transformadas tão logo aquela correlação de forças sofra
mudanças. Para dizer de modo simples e direto: elas não são sagradas nem
eternas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A esse respeito, é impossível
ignorar a força e a verdade das palavras de Marx e Engels em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A ideologia alemã</i>: “A atitude do burguês
para com as instituições de seu regime é como a atitude do judeu para com a
lei; ele as transgride sempre que possível em cada caso particular, mas quer
que todos os outros as observem” (MARX e ENGELS, 2007, p. 181)<a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20-%20TEXTOS%20EM%20VERS%C3%83O%20FINAL/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20NO%20BRASIL,%20VOL.%20I.docx#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>.
De maneira ainda mais acentuada, impossível ignorar que, sob o domínio do
capital, “tudo o que é sólido desmancha no ar” (MARX e ENGELS, 2006, p. 88)<a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20-%20TEXTOS%20EM%20VERS%C3%83O%20FINAL/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20NO%20BRASIL,%20VOL.%20I.docx#_ftn6" name="_ftnref6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>,
por sua dinâmica contínua de construção, destruição e reconstrução.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Dedico este livro a
“Dona Jacira”, meu solo mátrio; a Maria Beatriz cujo sorriso luminoso dissipa
qualquer desavisada penumbra; a Nayra Oliveira, “minha nega” de toda vida; a
todos os profissionais de saúde que, com verdadeiro compromisso em favor da
vida, se colocaram na linha de frente do combate à Covi-19; a todos os
sonhadores que inspiram e, tijolo por tijolo, com fé e luta vão pavimentando
caminhos e dando realidade a um mundo de paz, justiça e liberdade.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por fim, cabe-me apenas
dizer: sou filho do meu tempo e deste chão em que firmo os pés e deito raízes.
Daqui, de uma localidade triplamente periférica<a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20-%20TEXTOS%20EM%20VERS%C3%83O%20FINAL/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20NO%20BRASIL,%20VOL.%20I.docx#_ftn7" name="_ftnref7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>,
falo do Brasil para o Brasil. A ciência não se me afigura como instrumento de
fuga da realidade social. Muito ao contrário. É através dela que procuro
compreender e tomar parte nos conflitos sociais que a conformam. Escrever na
primeira pessoa do plural<a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20-%20TEXTOS%20EM%20VERS%C3%83O%20FINAL/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20NO%20BRASIL,%20VOL.%20I.docx#_ftn8" name="_ftnref8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> é,
a um só tempo, uma opção gramatical, epistêmica e política. Julgo que não
poderia fazer coisa diferente neste momento em que a luta de classes e grupos
vai assumindo, paulatinamente, feições de guerra e por isso funde-se, de
maneira dramática, à defesa da própria vida.<o:p></o:p></span></p>
<p align="right" class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 71.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: right;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Israel Souza <o:p></o:p></span></p>
<p align="right" class="MsoListParagraphCxSpLast" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 71.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: right;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">07/03/2021<o:p></o:p></span></p>
<div style="mso-element: footnote-list;"><!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20-%20TEXTOS%20EM%20VERS%C3%83O%20FINAL/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20NO%20BRASIL,%20VOL.%20I.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Os versos são da canção <i style="mso-bidi-font-style: normal;">É o que me
interessa</i>, composição de Lenine e Dudu falcão.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20-%20TEXTOS%20EM%20VERS%C3%83O%20FINAL/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20NO%20BRASIL,%20VOL.%20I.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
A dimensão farsesca da antipolítica diz respeito ao aspecto ideológico do
fenômeno. Como tal, de modo nenhum, ela exclui a existência de convicções
sinceras entre bolsonaristas. Não fosse assim, seria difícil explicar o fato de
uns tantos entre eles, desrespeitando as regras de isolamento social, se
exporem ao novo coronavírus. Como informam os meios de comunicação, muitos
foram a óbito. Isso é mais que farsa e ignorância. Há convicções sinceras nesse
meio.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20-%20TEXTOS%20EM%20VERS%C3%83O%20FINAL/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20NO%20BRASIL,%20VOL.%20I.docx#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Enquanto escrevemos estas palavras, a página de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Aos fatos</i> destaca que, em 794 dias como presidente, Bolsonaro deu
2547 declarações falsas ou distorcidas. São mais de 3 por dia. Disponível em: <a href="https://www.aosfatos.org/todas-as-declara%C3%A7%C3%B5es-de-bolsonaro/">https://www.aosfatos.org/todas-as-declara%C3%A7%C3%B5es-de-bolsonaro/</a>.
Acesso em: 05 fev. 2021. A referida página faz esse levantamento diariamente.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20-%20TEXTOS%20EM%20VERS%C3%83O%20FINAL/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20NO%20BRASIL,%20VOL.%20I.docx#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Disponível em: <a href="https://noticias.uol.com.br/colunas/thais-oyama/2021/03/05/a-volta-do-demonio-pesquisa-e-empresarios-indicam-fortalecimento-de-lula.htm">https://noticias.uol.com.br/colunas/thais-oyama/2021/03/05/a-volta-do-demonio-pesquisa-e-empresarios-indicam-fortalecimento-de-lula.htm</a>.
Acesso em: 06 fev. 2021.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20-%20TEXTOS%20EM%20VERS%C3%83O%20FINAL/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20NO%20BRASIL,%20VOL.%20I.docx#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">A
ideologia alemã</b>. São Paulo: Boitempo, 2007.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20-%20TEXTOS%20EM%20VERS%C3%83O%20FINAL/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20NO%20BRASIL,%20VOL.%20I.docx#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Manifesto
do partido comunista</b>. São: Global, 2006.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20-%20TEXTOS%20EM%20VERS%C3%83O%20FINAL/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20NO%20BRASIL,%20VOL.%20I.docx#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Moro em Cruzeiro do Sul, periferia do estado do Acre, que é periferia da
Amazônia, que é, por sua vez, periferia do Brasil.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20-%20TEXTOS%20EM%20VERS%C3%83O%20FINAL/A%20POL%C3%8DTICA%20DA%20ANTIPOL%C3%8DTICA%20NO%20BRASIL,%20VOL.%20I.docx#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Com a única exceção destes parágrafos últimos.</p></div></div><p></p>Coletivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-54565650902075127172020-06-03T14:11:00.000-05:002020-06-03T14:11:05.996-05:00ACORDAR PARA E CONTRA O FASCISMO<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Israel
Souza</span></b><a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/O%20FIO%20DE%20ARIADNA/ACORDAR%20PARA%20E%20CONTRA%20O%20FASCISMO.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Para
as forças democráticas, a última semana de maio foi um marco. Confirmando uma
série de outras, pesquisa Datafolha mostrou um Bolsonaro desidratado: apoio
menor, rejeição maior. Ademais, conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, o
inquérito das <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fake news</i> atingiu em
cheio uma de suas mais importantes bases de apoio, e isso sem nem mesmo ter chegado
ao fim. Os estragos deste inquérito são de uma potencialidade extraordinária,
explosiva mesmo, já que envolve financiadores privados (empresários), políticos
e operacionalizadores. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Vê-se, assim, que não
foi sem razão que, mais uma vez, Eduardo Bolsonaro falou em ruptura com a ordem
democrática. Em parte isso é blefe ou, no mínimo, um desejo extravagante.
Sabemos que algo assim não é unanimidade entre as forças armadas. Em parte,
porém, é estratégia política cujo intento é duplo. Por um lado, pretendem
amedrontar os adversários. Por outro, inflamam sua base de apoio minguante mas
radicalizada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Parte dessa estratégia
pode ser observada nos símbolos usados nesses últimos dias. Em transmissões ao
vivo pelas redes sociais, Bolsonaro, membros do governo e alguns de seus
apoiadores tomaram leite, um gesto símbolo dos nazistas e de sua ideologia ariana.
De sua parte, Sara Winter, líder dos “300” e uma das implicadas no inquérito
das fake news, liderou um ato em que os participantes usavam máscaras e levavam
tochas, numa estética toda referenciada em movimentos supremacistas da Ku Klux
Klan (KKK) e dos nazistas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Alguém pode dizer que
tudo isso é apenas uma forma de confundir e chamar a atenção. Concordamos, em
parte. Acrescentamos, porém, que havia muitas outras formas de chamar a atenção
e confundir. Essas não foram escolhidas ao acaso. O fato de, a mando de
Bolsonaro, o ministro da justiça ter entrado com <i style="mso-bidi-font-style: normal;">habeas corpus </i>para proteger Sara Winter de possível prisão
corrobora nosso ponto de vista e revela o quanto o governo se sente
representado nesse tipo de manifestação e ideologia.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Com efeito, ao observador
relativamente informado sobre o fascismo, sua retórica e símbolos, muito antes
disso, o caráter fascista do atual governo já era certo. Para esses
observadores (entre os quais, está este escriba), então, o que ocorre agora não
é uma virada, mas tão somente as explicitação e radicalização de traços já
perceptíveis desde o início. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Para infelicidade do
governo e de seus apoiadores, a resistência começa a ganhar relevante nível de
consistência e organização, como ainda não havia alcançado até aqui. Prova
disso são, por exemplo, os movimentos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Somos
70%</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Somos Democracia</i>. Digna de
nota nesse cenário foi a atuação das torcidas organizadas que colocaram na
pauta a defesa da democracia e a luta antifascista, com uma contundência e
habilidade que a oposição partidária-parlamentar não conseguira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em primeiro lugar,
cumpre destacar que, até aqui, apenas os apoiadores do governo vinham se
manifestando nas ruas. Este foi o segundo final de semana consecutivo que as
torcidas ganharam as ruas e o fizeram em maior quantidade que os apoiadores de
Bolsonaro. Em segundo lugar, as manifestações das torcidas se dão em defesa da
democracia, e não em defesa de algum líder ou partido. Isso permite a confluência
de forças bastante diversas entre si, a exemplo das próprias torcidas de times
historicamente rivais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em terceiro lugar, esse
movimento se coloca, não só em defesa da democracia, mas também contra o
fascismo, definindo-se como um movimento antifascista. Eis algo que não
poderemos subestimar. Foi da soma dos movimentos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Somos 70%</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Somos Democracia</i>
que surgiu o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Somos 70% Antifascistas</i>
que, logo imediatamente, resultou em outros tantos movimentos, como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Historiadores Antifascistas</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Professores e Professoras Antifascistas</i>,
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Assistentes Sociais Antifascistas,
Advogados Antifascistas</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Jornalistas</i>
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Antifascistas</i> e etc. Categorias e
grupos vários reverberam assim suas insatisfações. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em quarto lugar, ao
lado das manifestações do governo e seus apoiadores, esse movimento forçou a
imprensa a, enfim, tratar de maneira clara e com certa seriedade o tema do
fascismo. Por seu turno, o ministro Celso de Melo comparou o Brasil de hoje com
a Alemanha de Hitler. No Parlamento, no Judiciário, na imprensa, nas ruas, nas
redes sociais. O fascismo se tornou tema incontornável para compreender
histórica, política e sociologicamente o Brasil de hoje. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Antes, definir
Bolsonaro e seus apoiadores como fascistas era entendido, maiormente, apenas
como uma maneira pejorativa de tratá-los, algo como um xingamento, coisa
descabida, extemporânea. Alguns até faziam troça, emendando, após o “fascista”,
palavras como “ciclista”, “taxista”, “motorista” e por aí vai. Poucos entendiam
o perigo. Todavia, agora, muitos se dão conta de quão pertinente e acertado é o
tratamento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Entre as muitas coisas
que isso permite inferir, está a de que, entre os 70%, muitos acordaram <i style="mso-bidi-font-style: normal;">para</i> o fascismo, reconhecendo o perigo real
que ele representa. Contudo, resta ainda acordarem (no duplo sentido de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">despertar</i> e de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fazer acordo</i>) <i style="mso-bidi-font-style: normal;">contra</i> o
fascismo. Mesmo com todas as divergências presentes no seio desses 70%, é
importante conseguirmos atuar organizada e organicamente, de um modo tal que
consigamos reconquistar, nas ruas como nas redes, cada palmo perdido para o
fascismo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Sendo, numericamente,
maiores, falta-nos ainda ser os melhores, atentando sempre para o que diz
Mariátegui a esse respeito: “Os melhores prevalecem quando sabem ser
verdadeiramente os melhores”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div style="mso-element: footnote-list;">
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/O%20FIO%20DE%20ARIADNA/ACORDAR%20PARA%20E%20CONTRA%20O%20FASCISMO.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<span style="mso-bidi-font-family: Arial;">Cientista Social e Mestre em
Desenvolvimento Regional pela Universidade Federal do Acre. Autor dos livros <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Democracia no Acre: notícias de uma ausência
</i>(PUBLIT, 2014),<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Desenvolvimentismo na Amazônia: a farsa
fascinante, a tragédia facínora</i> (EDIFAC, 2018) e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">E a carne se fez verbo...</i> (EAC Editor, 2020). Atualmente é
professor e pesquisador do Instituto Federal do Acre/Campus Cruzeiro do Sul,
onde coordena o Grupo de Pesquisa Trabalho, Território e Política na Amazônia
(TRATEPAM).</span></div>
</div>
</div>
Coletivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-12451734401099387152018-12-20T13:25:00.002-05:002018-12-20T13:25:17.562-05:00Xapuri declaration: Chico Mendes in the standoff against the false solutions of green capitalism<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">From here in Xapuri, we remind the world that Chico Mendes did not die. He
was assassinated. This was the price he paid for dedicating his life to the cause
of agrarian land reform and the protection of forests. The fact is that those
in power never accepted that the peoples of the forest have a right to land,
bread and dreams. They thought that murdering him would bury his struggle. But
for that it was too late. Chico Mendes had become a force that surpasses his
physical existence.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="EN-US" style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Since his assassination, his legacy has grown in
importance. Conscious of the importance of this legacy and fearful of its
liberating power, those in power threw themselves at the task of appropriating
his legacy through a continuous and systematic process of distortion. This is what
the government of the so-called “Popular Front of Acre” (FPA) has done over the
course of the last 20 years. Serving the interests of international capital,
they imposed, using and abusing the image of Chico Mendes, a set of policies
which resulted in an increase in privatisation and the destruction of forests.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="EN-US" style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">From the extraction of timber, to the exploration
of petrol and gas in the Vale do Juruá region of Acre and extensive cattle
raising, they opened the door for Reducing Emissions from Deforestation and
forest Degradation – REDD projects and other Payment for Environmental Services
– PSA initiatives. These policies represent, in all aspects, a full negation of
what the rubber tapper leader defended, consider that they privatize the
forest, violate the rights of the peoples of the forest and treat them like
criminals. In this process, Chico Mendes was disfigured and, in a certain
sense, killed several times over as he was turned into a defender of the very
capitalism that killed him, turning him into the opposite of what he was.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="EN-US" style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Lamentably, what we see today in Acre is the
attempt to transform into goods the land and territories which are sacred for
the original peoples and which furthermore, are the source of subsistence for
all inhabitants of the forest. Against this backdrop, we have seen
criminalization grow in our midst over the past years, criminalization of
ancestral practises of communities as well as any form of resistance to the
capitalist appropriation of nature. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="EN-US" style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">True to Chico Mendes' legacy of struggles, we
denounce these murderous projects and those who defend them. Based on our
painful experiences, we affirm to the world that proposals like
"sustainable development" and "green economy" are a mere
farce ad tragedy. They are a farce because they do not protect nature as they
claim. They are a tragedy because they do exactly the opposite. And we know the
reason. There is no way out in capitalism, in any of its forms and colors. One
cannot take care of life with a system that kills. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="EN-US" style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">We denounce this farce and demand: the immediate
suspension of all commercial logging projects and all environmental and climate
compensation policies that have been grown out of the false solutions of green
capitalism; the demarcation of all territories of indigenous peoples and an
agrarian reform rooted in popular sovereignty.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="EN-US" style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">For the Amazon, for agrarian reform, for the
demarcation of indigenous peoples' territories; against green capitalism and
capitalism in any other color, whether it's pushed forward by so-called leftist
or admittedly fascist governments!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Chico Mendes lives. The struggle continues.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Xapuri, December 16th, 2018.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Sign this statement:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Grupo de Pesquisa
Trabalho, Território e Política na Amazônia (TRATEPAM)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Núcleo de
Pesquisa Estado, Sociedade e Desenvolvimento na Amazônia<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ocidental (NUPESDAO)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Grupo de Pesquisa e Extensão em
Educação Ambiental e desenvolvimento<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">sustentável (Gpeeads)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Movimento Mundial pelas Florestas
Tropicais (WRM)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Organização dos Povos Indígenas
Apurinã e Jamamadi de Boca do Acre e<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Amazonas (OPIAJBAM)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Movimento dos Pequenos Agricultores
de Rondônia (MPA)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Via Campesina<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Amigos da Terra – Brasil<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Centro Acadêmico de Ciências
Sociais da Ufac (CACS)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Movimento Esquerda Socialista –
PSOL<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Coletivo Juntos – Acre<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Federação do Povo Huni Kui do Acre
(FEPAHC)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Fórum de Mudanças Climáticas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Equipe Itinerante • Centro Shuar
Kupiamais (Equador)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Conselho Indigenista Missionário
(CIMI)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<br />Coletivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-35289845810788067812018-12-20T13:22:00.002-05:002018-12-20T13:22:52.828-05:00DECLARIÓN DE XAPURI: CHICO MENDES EN EL EMPATE CONTRA LAS FARSAS SOLUCIONES DEL CAPITALISMO VERDE<div dir="auto" style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;">
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Desde de Xapuri, afirmamos al mundo que Chico Mendes no murio: fue asesinado.
Este fue el précio que el tuvo que pagar por dedicar su vida a la causa por la
reforma agraria y la protección de la floresta, ya que los dominantes nunca
aceptaron que los pueblos de la floresta tuviera derecho a la tierra, al pan y
al suenho. Imaginaron que assassinandolo, enterraria su lucha. Pero ya era
demasiado tarde. Chico havia se transformado en una fuerza que traspaso su
existência física.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Desde su asesinato, su memoria crescio en importância. Conscientes de esto
y con el miedo de su poder libertário, los de arriba se lanzaron en la tarea de
apropiarse de ella através de un continúo y sistemático processo de distorción.
Esso fue lo que los governantes del Frente Popular del Acre(FPA) hicieron al
largo de los últimos 20 años: sirviendo a los interés del capital internacional,
inponiendo, usando y abusando de la imagéne de Chico Mendes, un conjunto de
políticas cuyo resultado fue el crescimento de las privatizaciones y de la
destrución de la floresta. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Iendo de la exploración florestal maderera, del gás y petróleo em el
Vale del Jaruá, y la mineración, de passo por la pecuária extensiva de corte e abriendo
las puertas para los proyectos de Redución de Emisión por Desmatamiento y
Degradación Florestal-REDD y otras formas de Pagamentos para servicíos
Ambientales-PSA, essas políticas representan, en todo, la mas absoluta negación
de aquello que el líder cauchero defendio, pues privatizan las florestas,
violan los derechos de los pueblos de la floresta y los trantan<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">como criminosos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Y en todo ese processo desconfiguran y, en un certo sentido, asesinan a Chico
Mendes, una y outras vez mas, haciendo de el un defensor del mismo capitalismo
que lo assassino, o sea haciendo de el lo contrário de lo que el fue. Lamentablemente,
lo que vemos hoy en el estado de Acre es la tentaiva de transformar en
mercancia las tierras y territórios que son sagrados para los pueblos
originários y que, ademas de eso, son las bases de subsistência de todos los
habitantes de la floresta. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Por eso es que, en los últimos años, vimos crescer en nuestro médio la criminalización
tanto de las praticas ancestrales de las comunidades locales, como de toda
forma de resistência á la apropiación capitalista de la naturaleza. Fieles al
legado de luchas de Chico Mendes, denunciamos estos proyectos asesinos y
aquellos que los defienden. Com base en nuestra dolorosa experiências,
afirmamos al mundo que propuestas como “desenvolvimiento sustentable” y
“Economia verde” no pasan de farsa y trágedia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Son farsa porque no protegen la naturaleza como dice. Son tragédia porque
hacen exatamente al contrário de eso. Y nosotros sabemos la razón: no há salida
en el capitalismo, o sea en qualquer una de sus formas, o em qualquer de sus
colores. No puede cuidar de la vida um sistema asesino. Denunciamos esta farsa
y exigimos la suspencion imediata de todos los proyectos de exploracón
florestal maderera y de todas las politicas de compensación ambiental y
climáticas que derivan de farsas soluciones del capitalismo verde, la
demarcación de todas las tierras de los pueblos indígenas, y una reforma
agraria con soberania popular.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Por la Amazonia, por la reforma agraria, por la demarcación de las tierras
indígenas y contra el capitalismo verde y de todos los colores, sea conduzido
por gobiernos dichos de esquerda o por gobiernos assumidamente facistas!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Chico Mendes vive,
la lucha sigue.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Xapuri 16 de
Diciembre de 2018.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Firman esta
declaración:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Grupo de Pesquisa
Trabalho, Território e Política na Amazônia (TRATEPAM)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Núcleo de
Pesquisa Estado, Sociedade e Desenvolvimento na Amazônia <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ocidental (NUPESDAO)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Grupo de Pesquisa
e Extensão em Educação Ambiental e desenvolvimento <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">sustentável
(Gpeeads)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Movimento Mundial
pelas Florestas Tropicais (WRM)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Organização dos
Povos Indígenas Apurinã e Jamamadi de Boca do Acre e <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Amazonas
(OPIAJBAM))<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Movimento dos
Pequenos Agricultores de Rondônia (MPA)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Via Campesina<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Amigos da Terra –
Brasil<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Centro Acadêmico
de Ciências Sociais da Ufac (CACS)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Movimento
Esquerda Socialista – PSOL<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Coletivo Juntos –
Acre<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Federação do Povo
Huni Kui do Acre (FEPAHC)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Fórum de Mudanças
Climáticas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Equipe Itinerante
• Centro Shuar Kupiamais (Equador)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">• Conselho
Indigenista Missionário – Cimi<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
Coletivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-52990134122532303672018-12-20T13:19:00.001-05:002018-12-20T13:19:12.612-05:00DECLARAÇÃO DE XAPURI: CHICO MENDES NO EMPATE CONTRA AS FALSAS SOLUÇÕES DO CAPITALISMO VERDE<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">Daqui de Xapuri, afirmamos ao mundo que Chico Mendes não morreu: foi assassinado. Esse foi o preço que ele pagou por dedicar sua vida à causa da reforma agrária e da proteção da floresta, já que os dominantes nunca aceitaram que os povos da floresta tivessem direito à terra, ao pão e ao sonho. Acharam que assassinando-o, enterrariam sua luta. Mas, já era tarde. Chico havia se transformado numa força que ultrapassou sua existência física.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">Desde seu assassinato, sua memória cresceu em importância. Conscientes disso e com medo de seu poder libertário, os de cima se lançaram na tarefa de se apropriar dela através de um contínuo e sistemático processo de distorção.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">Isso foi o que os governos da Frente Popular do Acre (FPA) fizeram ao longo dos últimos 20 anos: servindo aos interesses do capital internacional, impuseram, usando e abusando da imagem de Chico Mendes, um conjunto de políticas cujo resultado foi o aumento da privatização e da destruição da floresta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">Indo da exploração florestal madeireira, de gás e petróleo no Vale do Juruá, e da mineração, passando pela pecuária extensiva de corte e abrindo as portas para os projetos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal - REDD e outras formas de Pagamentos para Serviços Ambientais – PSA, essas políticas representam, em tudo, a mais absoluta negação daquilo que o líder seringueiro defendeu, pois privatizam as florestas, violam os direitos dos povos da floresta e os tratam como criminosos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">Em todo esse processo desfiguram e, num certo sentido, assassinam Chico Mendes, uma e outras vezes mais, fazendo dele um defensor do mesmo capitalismo que o assassinou, ou seja, fazendo dele o contrário do que ele foi.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">Lamentavelmente, o que vemos hoje no Acre é a tentativa de transformar em mercadoria terras e territórios que são sagrados para os povos originários e que, além disso, são a base de subsistência de todos os habitantes da floresta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">Por isso é que, nos últimos anos, vimos crescer em nosso meio a criminalização tanto de práticas ancestrais das comunidades locais, como de toda forma de resistência à apropriação capitalista da natureza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">Fiéis ao legado de lutas de Chico Mendes, denunciamos esses projetos assassinos e aqueles que os defendem. Com base em nossas dolorosas experiências, afirmamos ao mundo que propostas como “desenvolvimento sustentável” e “economia verde” não passam de farsa e tragédia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">São farsa porque não protegem a natureza como dizem. São uma tragédia porque fazem exatamente o contrário disso. E nós sabemos a razão: não há saída no capitalismo, seja em qualquer uma de suas formas, ou com qualquer uma de suas cores. Não pode cuidar da vida um sistema assassino. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">Denunciamos essa farsa e exigimos a suspensão imediata de todos os projetos de exploração florestal madeireira e de todas as políticas de compensação ambiental e climáticas derivadas das falsas soluções do capitalismo verde, a demarcação de todas as terras dos povos indígenas, e uma reforma agrária com soberania popular. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">Pela Amazônia, pela reforma agrária, pela demarcação das terras indígenas e contra o capitalismo verde e de todas as outras cores, seja conduzido por governos ditos de esquerda ou por governos assumidamente fascistas!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; line-height: 22.275px;"><span style="color: #274e13; font-size: medium;"><b>Chico Mendes vive. A luta segue.</b></span><span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14.85px; line-height: 22.275px; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">Xapuri, 16 de dezembro de 2018</span></div>
Coletivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-32033872269074393702018-09-21T12:30:00.002-05:002018-10-10T12:56:57.762-05:00<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Domenico
Losurdo: um crítico impertinente do liberalismo, um defensor impenitente do comunismo<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 247.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">(...) Cumpriu sua
sentença e encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca de
nosso estranho destino sobre a terra aquele fato sem explicação que iguala tudo
o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo morre. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 247.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 247.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">Ariano
Suassuna.<o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Israel Souza</span></b><a href="file:///E:/ISRAEL/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/Domenico%20Losurdo%20um%20cr%C3%ADtico%20impertinente%20do%20liberalismo,%20um%20defensor%20impenitente%20do%20socialismo.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><b><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Inegavelmente,
Domenico Losurdo foi um dos maiores pensadores de nossos dias. Erudito, apaixonado,
polêmico, enfeixava em sua análises, sempre e de maneira virtuosa, história,
filosofia e política.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Rica,
sua obra pode ser lida de muitas formas. Nessa pequena homenagem, arriscamos
apenas uma dessas, tendo como eixo a crítica ao liberalismo e a defesa do comunismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> É
consabido que, após o fim da União Soviética, estabeleceu-se como hegemônica a
compreensão de que o socialismo era, além de página virada, uma experiência
eminentemente autoritária, desastrosa. Vitorioso, o capitalismo deveria ser
abraçado, não apenas porque venceu o socialismo, mas porque era liberal e democrático,
reino da liberdade e da prosperidade. A história havia chegado ao fim, diria
Fukuyama.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Ora,
Losurdo detecta nessa interpretação nada mais que um mito. Para desmontá-lo,
faz uma análise da história da democracia em <i>Democracia ou bonapartismo: triunfo e decadência do sufrágio universal</i>.
Dessa forma, mergulhando no passado, intervém no presente, combatendo o gênero,
as classes e os países dominantes. Diz ele:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 106.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">No centro da ideologia hoje
dominante há um mito, chamado a glorificar o Ocidente e, em particular, seu
país-guia. É o mito segundo o qual o liberalismo teria gradualmente se
transformado, por um impulso puramente interno, em democracia, e numa
democracia cada vez mais ampla e mais rica (LOSURDO, 2004, p. 9).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Apontando o sufrágio
universal como uma das coisas mais elementares da democracia, lembra que <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 106.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">seu advento foi por muito tempo
impossibilitado pelas cláusulas de exclusão estabelecidas pela tradição liberal
em detrimento dos povos coloniais e de origem colonial, das mulheres e dos
não-proprietários. E estas cláusulas foram por muito tempo justificadas,
assimilando os excluídos a “bestas de carga”, a “instrumentos de trabalho”, a
“máquinas bípedes” ou, na melhor das hipóteses, a “crianças” (LOSURDO, 2004, p.
9) (destaques do autor). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Uma crítica ainda mais
contundente ao liberalismo é formulada em <i>Contra-história
do liberalismo</i>. Nessa obra, lançado luzes “sobre aspectos até agora ampla e
injustamente ocultados”, Losurdo analisa “não o pensamento liberal em sua
abstrata pureza, mas o liberalismo, quer dizer, o movimento e as sociedades
liberais em sua concretização”<a href="file:///E:/ISRAEL/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/Domenico%20Losurdo%20um%20cr%C3%ADtico%20impertinente%20do%20liberalismo,%20um%20defensor%20impenitente%20do%20socialismo.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a> (LOSURDO, 2005, p. 11-12).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Com suas costumeiras
erudição e farta fundamentação teórica e histórica, bem de acordo com sua
concepção plural de luta(s) de classes que ele desenvolveu em <i>A luta de classes: uma história política e
filosófica</i>, o autor mostra e denuncia, dentre outras coisas, a relação do
liberalismo com o domínio de classes e gênero, com a escravidão, o racismo e o
genocídio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Destaca que “a escravidão
na sua forma mais radical triunfa nos séculos de ouro do liberalismo e no coração
do mundo liberal” (LOSURDO, 2005, p. 49). Nisso ele assenta sua provocante tese
de que a escravidão não avança <i>apesar</i>
do liberalismo, mas avança <i>em razão</i>
do liberalismo (LOSURDO, 2005, p. 47).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Indo com desenvoltura dos
textos para a história e da história para os textos, citando em profusão os
próprios liberais (uma das marcas de seus textos), mostra como a defesa do
direito de propriedade, fundamento primeiro e último de todo liberalismo,
resulta na coisificação e na animalização dos trabalhadores, servos e escravos.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Essas
reflexões têm desdobramento em outra obra sua: <i>A linguagem do império: léxico da ideologia estadunidense</i>, obra em
que o autor destacará a influência dos Estados Unidos liberal sobre a África do
Sul segregacionista e sobre a Alemanha nazista. Diz ele: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 106.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">a legislação segregacionista da
África do Sul teve ampla inspiração no regime <i>white supremacy</i> que se afirmou no sul dos Estados Unidos depois do
fim da Guerra de Secessão e da escravidão propriamente dita (LOSURDO, 2010, p
104).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Quanto
aos nazistas, lembra que <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 106.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">Já na década de 1920, entre a Ku
Klux Klan e os círculos alemãs de extrema direita estabelecem-se relações de
troca e colaboração com base no racismo antinegro e antijudaico (LOSURDO, 2010,
p 103).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> E
mais. Colhe de <i>Mein Kampf</i> de Hitler
passagens onde vasa o apreço pelos EUA como modelo a ser seguido:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 106.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">A América do Norte, cuja população
é formada em grande maioria por elementos germânicos, os quais só muito
raramente se misturam com povos inferiores e de cor, mostra uma humanidade e
uma civilização bem diferente daquela das América Central e do Sul, onde os
imigrantes em grande parte latinos muitas vezes se fundiram com os habitantes
originais (HITLER apud LOSURDO, 2010, p. 105). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Em
obra outra, sobre o mesmo assunto, o autor acrescenta:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 106.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">Hitler visa não a um expansionismo
colonial genérico, mas a construção de um império continental, por meio da
anexação e germinização dos territórios do Leste imediatamente contíguos ao <i>Reich</i>. A Alemanha é chamada a se
expandir pela Europa Oriental como uma espécie de <i>Far West</i> (Oeste Longínquo, em inglês no original), tratando os
“indígenas” pelo gabarito dos “peles-vermelhas” e sem jamais perder de vista o
modelo americano, do qual o <i>Führer</i>
celebra a “inaudita força” (LOSURDO, 2006, p. 140) (destaques do autor). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Por
essas e outras, o filósofo italiano explicita quão frágil é o entendimento
segundo o qual os EUA, país bastião do capitalismo e do liberalismo, seriam o
farol da liberdade. Em verdade, estão mais para o farol da escravidão e do
genocídio. Por este prisma, não há negação entre nazismo e liberalismo, mas uma
aprofunda afinidade. O primeiro desenvolveu, a sua maneira, aspectos do
segundo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Tomando por
interlocutores autores que vão de Locke, Mandeville, Tocqueville e Stuart Mill
a Hayek, Popper, Mises e Bobbio, o autor centra fogo no liberalismo, aquela
corrente de pensamento mais usada para desacreditar o comunismo e sacralizar o
capitalismo. Portanto, ele não escolhe um adversário qualquer nem orienta sua
escolha por motivos puramente acadêmicos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Pensemos na obra e na
reputação de Norberto Bobbio, filósofo e italiano, como Losurdo. Também autor de
vasta e instigante obra, Bobbio serviu e serve de base para uma defesa liberal
do capitalismo e para uma negação do comunismo. Este alimenta, pelo menos em
sua fase de maturidade, os mitos combatidos por Losurdo. Falamos do mito da
complementaridade e interdependência entre liberalismo e democracia. Conforme
suas palavras em <i>O futuro da democracia</i>:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 106.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">O Estado liberal é o pressuposto
não só histórico, mas jurídico do Estado democrático. Estado liberal e Estado
democrático são interdependentes em dois modos: na direção que vai do
liberalismo à democracia, no sentido de que são necessárias certas liberdades
para o exercício correto do poder democrático, e na direção oposta que vai da
democracia ao liberalismo, no sentido de que é necessário o poder democrático
para garantir a existência e a persistência das liberdades fundamentais (...).
A prova histórica desta interdependência está no fato de que Estado liberal e
Estado democrático, quando caem, caem juntos (BOBBIO, 2000, p 32-33). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Eis aqui um caso clássico
em que o brilho da lógica ofusca a realidade ou, para usar as expressões de
Marx, aqui “as coisas da lógica” tomam o lugar da “lógica das coisas”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Losurdo - em cuja obra
sempre percebemos um diálogo crítico, por vezes, direto e sutil, por vezes,
indireto e subterrâneo, com Bobbio - mostra a contento que o “Estado
democrático” se constrói não <i>com</i>, mas
<i>contra</i> o liberalismo. Sua obra vem,
em larga medida, para desfazer e combater essa mistificação e atribuir à
tradição iluminista revolucionária e ao comunismo a responsabilidade pelo
florescimento da democracia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em <i>Liberalismo. Entre civilização e barbárie</i>, fica claro como o autor
conjuga, no mesmo processo, a crítica ao liberalismo com a defesa do
socialismo. Com inteligência e convicção, a tradição socialista é retomada e
contraposta ao liberalismo. Para ele,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 106.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">A ideologia neoliberal hoje
dominante pretendia eliminar o movimento que partia de Marx, ou que se inspirou
nele, como se fosse uma gigantesca e ruinosa derrapagem antidemocrática. Na
realidade, o advento da democracia contemporânea pressupõe a superação de três
grandes discriminações: censitária, racial e sexual, que por tanto tempo
excluíram do gozo dos direitos políticos os não-proprietários, as “raças
inferiores” e as mulheres. Nesses três casos, o movimento comunista desenvolveu
um papel relevante. O primeiro grande país a estender o sufrágio às mulheres
foi a Rússia oriunda da revolução de fevereiro, na qual já eram bastante ativos
os “bolchevistas” que, mais tarde, seriam os protagonistas da Revolução de
Outubro (LOSURDO, 2006, p. 123). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Em
outra oportunidade, afirma que<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 106.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">Se hoje, quando se fala de direito
do homem, se entende, ao menos por parte da cultura política mais avançada, o
homem na sua universalidade, o homem como tal, não se pode ignorar a grande
contribuição, para este resultado, da tradição política que vai de Robespierre
(foi o primeiro que contestou as limitações censitárias do direito de voto e
aboliu a escravidão nas colônias) a Lênin (a Revolução de Outubro deu um
impulso decisivo ao processo de descolonizar e reconhecer o direito de
autodeterminação também aos povos em certo tempo considerados bárbaros)
(LOSURDO, 2006, p. 110). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Contudo, tenha-se claro
que a defesa que Losurdo faz do comunismo é apaixonada, mas não cega. Ao
contrário. Ela se faz acompanhar de duras autocríticas, reputando-as como
necessárias, tal como Marx sugeriu<a href="file:///E:/ISRAEL/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/Domenico%20Losurdo%20um%20cr%C3%ADtico%20impertinente%20do%20liberalismo,%20um%20defensor%20impenitente%20do%20socialismo.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a>:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 106.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">É claro que a constatação deste
fato histórico não deve ser um obstáculo para um balanço crítico, sem
indulgências, desta tradição revolucionária. No que se refere mais
especificamente ao marxismo, a ilusão que o penetra profundamente, quanto à
breve fase de transição para um comunismo utopicamente transfigurado, produziu
consequência claramente nefastas: esta ilusão levou a negligenciar, ou pior, a
considerar puramente “formal”, o problema das garantias democráticas, ou o
velho problema liberal dos limites do poder, qualquer que seja (LOSURDO, 2006,
p. 110). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ciente de que a
autocrítica poderia servir oportunisticamente aos adversários do movimento
comunista, o autor trata de diferenciá-la da autofobia, fenômeno que expressa
adesão dos vencidos à visão e aos valores dos vencedores, autoflagelando-se,
negando-se. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 106.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">Em seu rigor, e até mesmo em seu
radicalismo, a autocrítica exprime a consciência da necedade de acertar as
contas com a própria história; a autofobia é a fuga vil desta história e da
realidade da luta ideológica e cultural que sob ela ainda arde. Se a
autocrítica é o pressuposto da reconstrução da identidade comunista, a
autofobia é sinônimo de capitulação e de renúncia a uma identidade autônoma
(LOSURDO, 2009, p. 14-15). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Em
sua crítica ao liberalismo, Losurdo combate e desmoraliza um dos trunfos mais
brandidos pelos adversários do comunismo, apontando a falsidade de sua
autoconsciência apologética. Com isso, procura mostrar ao movimento comunista como
encarar temas espinhosos e constrangedores de forma proveitosa, sem fazer de
sua autocrítica capitulação ante ao adversário.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Por
isso, não surpreende que a revolução esteja entre os temas que constam em suas
obras. Em <i>Fuga da história? A Revolução Russa e
a Revolução Chinesa vistas de hoje</i>, analisa criticamente - do ponto de
vista dos oprimidos e explorados, e não do ponto de vista dos opressores e
exploradores - estas revoluções, destacando sua importância para os processos
de emancipação. Em <i>Guerra e revolução: o
mundo um século após outubro de 1917</i>, mostra como as classes dominantes e
seus ideólogos procuram desacreditar a revolução em geral, tratando-a como uma
espécie de patologia a ser evitada. Pés fincados no chão da história, Losurdo
desmascara o fundo apologético classista e imperialista disso tudo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Em
sua última obra publicada no Brasil pela Editora Boitempo (<i>O marxismo ocidental</i>), o autor empreende uma reflexão autocrítica
sobre o marxismo e os descaminhos deste em relação à revolução. Tudo isso prova
a inabalável crença no movimento comunista e na revolução, uma crença que
Losurdo nutriu até o fim de sua vida. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por isso é impossível ir
a suas páginas sem se sentir enriquecido com sua erudição e perspicácia.
Impossível ir a suas páginas sem se sentir revigorado, animado por suas coragem
e convicção revolucionárias. Intelectualmente sóbrio, politicamente apaixonado.
Conjugando sempre o pessimismo da razão e o otimismo da vontade. Assim foi o valoroso
camarada que acabamos de perder. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Foi sua estatura moral e
intelectual que me fez lembrar da obra de Suassuna, de onde extraí a epígrafe
do presente texto. Somente a morte mesmo, esta força inexorável e
imperturbável, para dobrar um gigante como Losurdo e levá-lo consigo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em que pese a perda,
entendamos que ele forjou ideias que já, agora, se transformaram em sementes.
Cuidemos delas. Espalhemo-las pelos mais diversos campos. A primavera que esperamos,
ele anteviu e preparou-lhe terreno. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">BOBBIO, Norberto. <i>O futuro da democracia</i>. São Paulo: Paz e
Terra, 2000. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">LOSURDO, Domenico.
<i>Democracia ou bonapartismo</i>: triunfo e
decadência do sufrágio universal. Rio de Janeiro: Editora UFRJ; São Paulo:
Editora Unesp, 2004.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">LOSURDO, Domenico.
<i>Fuga da história?</i> A Revolução Russa e
a Revolução Chinesa vistas de hoje. Rio de Janeiro: Revan, 2004.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">LOSURDO, Domenico.
<i>Contra-história do liberalismo</i>. São
Paulo: Ideias & Letras, 2006.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">LOSURDO, Domenico.
<i>Liberalismo</i>. Entre civilização e
barbárie. São Paulo: Anita Garibaldi, 2006.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">LOSURDO, Domenico.
<i>A linguagem do império</i>: léxico da
ideologia estadunidense. São Paulo: Boitempo, 2010. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">LOSURDO, Domenico.
<i>A luta de classes</i>: uma história
política e filosófica. São Paulo: Boitempo, 2015.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">LOSURDO, Domenico.
<i>Guerra e revolução</i>: o mundo um século
após outubro de 1917. São Paulo: Boitempo, 2017.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">MARX, Karl. <i>O 18 Brumário e Cartas a Kugelmann</i>. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 1997.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">SUASSUNA, Ariano. <i>Auto da Compadecida</i>. Rio de Janeiro: MEDIAfaschion, 2008. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/ISRAEL/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/Domenico%20Losurdo%20um%20cr%C3%ADtico%20impertinente%20do%20liberalismo,%20um%20defensor%20impenitente%20do%20socialismo.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Cientista Social com
habilitação em Ciência Política, mestre em Desenvolvimento Regional, professor
e pesquisador do Instituto Federal do Acre (IFAC), Campus Cruzeiro do Sul, onde
coordena os projetos de pesquisa <i>Miséria
Política no Brasil</i> e <i>Trabalho,
Território e Política na Amazônia</i>. É autor dos livros <i>Democracia no Acre: notícias de uma ausência</i> (PUBLIT: 2014) e <i>Desenvolvimentismo na Amazônia: a farsa
fascinante, a tragédia facínora </i>(EDIFAC: 2018). E-mail: israelpolitica@gmail.com<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/ISRAEL/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/Domenico%20Losurdo%20um%20cr%C3%ADtico%20impertinente%20do%20liberalismo,%20um%20defensor%20impenitente%20do%20socialismo.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a>
No que surpreendemos uma preciosa indicação metodológica de Marx, em <i>O 18 Brumário</i>: “E assim como na vida
privada se diferencia o que um homem pensa e diz de si mesmo do que ele é e
realmente faz, nas lutas históricas deve-se distinguir ainda mais as frases e
as fantasias dos partidos de sua formação real e de seus interesses reais, o
conceito que fazem de si do que são na realidade” (MARX, 1997, p. 52). <o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/ISRAEL/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/Domenico%20Losurdo%20um%20cr%C3%ADtico%20impertinente%20do%20liberalismo,%20um%20defensor%20impenitente%20do%20socialismo.docx#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a>
“(...) as revoluções proletárias, como as do século XIX, se criticam
constantemente a si próprias, interrompem continuamente seu curso, voltam ao
que parecia resolvido para recomeça-lo outra vez, escarnecem com impiedosa
consciência as deficiências, fraquezas e misérias de seus primeiros esforços,
parecem derrubar seus adversários apenas para que este possa retirar da terra
novas forças e erguer-se novamente, agigantado, diante delas, recuam
constantemente ante a magnitude infinita de seus próprios objetivos até que se
cria uma situação que trona impossível qualquer retrocesso e na qual as
próprias condições gritam: <o:p></o:p></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<i>Hic Rhoudus, hic salta</i>! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
Aqui está Rodes, salta
aqui!” (MARX, 1997, p. 25). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
Embora trate de revoluções
proletárias do século XIX, estas indicações de Marx valem para outros tempos e
revoluções, bem como para a produção teórica destinada a analisar o movimento
comunista. <o:p></o:p></div>
</div>
</div>
Coletivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-75644477350126222018-04-01T08:21:00.009-05:002018-04-01T08:21:52.053-05:00“Direita descomplexada”, “esquerda complexada” - o Brasil em tempos de reacionarismo<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Israel Souza</b><a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/Direita%20descomplexada.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O caráter conservador do
Brasil é ponto pacífico entre muitos autores, das diversas ciências sociais e dos
mais variados matizes ideológicos. Cada um a seu modo, tratam disso Gilberto
Freyre (<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Casa-grande & senzala</b>),
Sérgio Buarque de Holanda (<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Raízes do
Brasil</b>), Florestan Fernandes (<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">A
revolução burguesa no Brasil</b>), Caio Prado Jr. (<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Evolução política do Brasil</b>), Raymundo Faoro (<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Os donos do poder</b>), Darcy Ribeiro (<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">O povo brasileiro</b>), para citar apenas alguns.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Momentos há, porém, em
que atravessamos a fronteira do prosaico conservadorismo e avançamos em campos
outros. Por vezes, avançamos no campo do progressismo, coisa rara. Por vezes,
no do reacionarismo, coisa perigosíssima. A meu ver, é nesse campo que ora
estamos avançando. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ameaçando transformar a
“questão social” em “questão policial” novamente, certo candidato à presidência
segue em segundo lugar nas pesquisas de intenção de votos nestas eleições de
2018. Em que pesem as insanidades que fala, conta com o apoio de milhões e é
recebido como herói em alguns lugares. Michel Temer decretou intervenção
militar no Rio de Janeiro, reputando-a como “uma jogada de mestre”. Executaram
Marielle Franco, ativista social e vereadora da cidade do Rio pelo Psol, e uns
tantos comemoram o fato nas redes sociais. Enodaram seu nome com mentiras,
jogaram-no na lama. A caravana do ex-presidente Lula foi atacada com pedras e
balas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Resumidamente, eis a atmosfera
sob a qual vivemos ou tentamos viver. A olhos vistos, a disputa política vai
ganhando dinâmica explosiva. Indisfarçavelmente, a luta de classes vai cedendo
espaço à guerra de classes. Estatal e civil, a violência avulta, avança,
desnuda. Parece confirmar-se a hipótese que levantei em meu último artigo. Estamos
transitando da política da militarização para a militarização da política. <o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Pavoneando-se,
a direita se jacta de seus preconceitos, ódio e violência. Não se esconde.
Expõe-se descomplexadamente, orgulhosa de si. Para ficar apenas em dois
exemplos. Lembremos do “movimento” Escola sem Partido questionando
juridicamente o critério que prevê a anulação das redações do ENEM que
desrespeitem os direitos humanos, disseminando mensagens de ódio ou qualquer
tipo de preconceito. Lembremos ainda de ruralistas, recentemente, sacando armas
e dando de chicote em manifestantes pró-Lula no sul do país.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A situação da esquerda e de
todos os que lutam pelas dignidade e emancipação humana é bem outra. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Procuram se encontrar, afinar seus discursos e
estratégias de luta. Não raro, ativistas de direitos humanos têm que se
justificar, assegurando que não defendem bandido. Os que lutam por direitos
sociais se veem na obrigação, de quando em vez, de dizer que não são petistas.
Acuados em seus espaços de trabalho, afrontados em seus ofício e saber, professores
têm que provar que discutir temas sociais não é fazer doutrinação nem tampouco estar
a serviço de um dado partido. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Embora forçada pelas
circunstâncias, tanta justificativa não deixa de representar insegurança, uma
espécie de “complexo”. De externo, o constrangimento se vai internalizando,
atando, num só feixe, censura e autocensura. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Com efeito, o clima
ideológico-moral é tão adverso que até parece que a luta por justiça social
virou pecado, sinal de psicopatia, de “esquerdopatia”, como insinuam. Alguns
querem mesmo é transformá-la em crime, interditando a cidadania questionadora,
o exercício dos direitos políticos por outros meios além do voto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Impossível caracterizar
tal cenário como conservador. E quem assim o faz, além de incorrer em equívoco,
julga mal o tamanho do perigo. Um momento assim, em que o humanismo mais pueril
ofende, ameaça os dominantes e seus consortes, é melhor definido como reacionário.
Não é conservação. É retrocesso! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A mistura de violência,
moralismo e anti-intelectualismo mostra que o fascismo grassa em nosso meio. Ontem
como hoje, na Europa como no Brasil, ele exibe seu anti-Iluminismo, exala seu
obscurantismo, sua sanha assassina. E nosso país, que chegou mal e tardiamente
à modernidade, agora a vê sendo proscrita, interditada mesmo em seus valores
progressistas mínimos. Nossas luzes que nunca foram lá muito fortes começam a
eclipsar, sufocadas sob as sombras desse neo-obscurantismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Que não reste dúvidas
sobre o período que atravessamos. Não se trata de jargão ou mantra. Como a
revolução, a reação fascista não se faz a partir de decretos. Ambas, a
revolução e a reação, são resultado de um processo de acúmulo de forças e
contradições em cuja manifestação, porém, já estão presentes como potência.
Infelizmente, os sinais do fascismo são inequívocos. Não há como tergiversar
quanto isso. Resta saber apenas até onde iremos nessa trilha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nesse contexto, seria
desastroso centrar todos os esforços - ou a maioria deles - em eleições e
candidaturas. Como ensinou Gramsci, a luta política se dá tanto no nível da
“sociedade política” quanto no nível da “sociedade civil”. Não há motivos para
privilegiar uma em detrimento da outra. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ademais, depois do golpe
de 2016, a maneira de fazer política no Brasil não será mais a mesma. A
democracia já não é respeitada sequer em seus aspectos mais formais, mais
inofensivos. Ela continua sendo um espetáculo, mas um espetáculo que,
doravante, pode ser suspenso a qualquer momento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Urge travar a luta de
classes no âmbito da cultura, dos valores, da ideologia. Apenas os de baixo
podem trazer configuração e luz novas a este obscuro quadro. E para isso é
preciso des-anatematizar o ideal de justiça social e liberdade. É necessário
que os que lutam por justiça não se sintam envergonhados, complexados, nem
sejam envergonhados por isso. É preciso clareza e seguranças nessa luta. Em
resumidas contas, é preciso não dar razão à desrazão.<o:p></o:p></span></div>
<div style="mso-element: footnote-list;">
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/Direita%20descomplexada.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Cientista social, professor e pesquisador do Instituto Federal do Acre/Campus
Cruzeiro do Sul, onde coordena os projetos de pesquisa <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Trabalho, Território e Política na Amazônia</b> e <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Miséria Política no Brasil</b>. Autor dos livros <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Democracia no Acre: notícias de uma ausência</b> (PUBLIT: 2014) e <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Desenvolvimentismo na Amazônia: a farsa
fascinante, a tragédia facínora</b> (no prelo). E-mail:
israelpolitica@gmail.com</div>
</div>
</div>
Coletivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-71507889352637061492018-04-01T08:18:00.001-05:002018-04-01T08:18:15.722-05:00A política da militarização e a militarização da política: horizonte de inseguranças e incertezas<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Israel
Souza</span></b><a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/A%20pol%C3%ADtica%20da%20militariza%C3%A7%C3%A3o%20e%20a%20militariza%C3%A7%C3%A3o%20da%20pol%C3%ADtica.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>E
nós, que tanto falávamos de “judicialização da política”, agora assistimos,
absortos, a outro fenômeno, um fenômeno de dupla face: a política da
militarização e a militarização da política.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A bem da verdade, o
fenômeno não é novo. Com efeito, muitos são os autores, das mais diversas
orientações teóricas, que ressaltam a relação entre política e força. Para não
ir muito longe, pensemos em Nicolau Maquiavel, Thomas Hobbes, Karl Marx,
Friedrich Engels, Lenin, Max Weber, Carl Schmitt, Giorgio Agamben. E por aí vai.
A lista é enorme.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Apenas
para dar apenas dois exemplos. Refletindo conjuntamente sobre política, Estado
e força/violência, Weber argumenta que “somente se pode, afinal, definir
sociologicamente o Estado moderno por um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">meio</i>
específico que lhe é próprio como também a toda associação política: o da
coação física”. E continua: “o Estado é aquela comunidade humana que, dentro de
determinado território (...), reclama para si (com êxito) o monopólio da coação
física legítima (...)”. E para efeitos de sínteses, lembremos a célebre frase
de <span style="background: white;">Carl von Clausewitz: "<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">A guerra é a continuação da política por
outros meios</span>".</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Baseando-se nos
ensinamentos de Maquiavel e Marx, Gramsci forja uma teoria política mais
refinada. Sem descuidar do elemento da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">coação</i>,
indispensável em qualquer forma de domínio, o autor ressalta a importância do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">consenso</i>. Tratando do Estado moderno e
das relações políticas sob o capitalismo, ressalta que o domínio é exercido através
dessas duas estratégias (ou meios) que, numa relação dialética, formam um par a
um só tempo complementar e tenso: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">hegemonia</i>
e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ditadura</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A hegemonia diz respeito
à construção e à manutenção do domínio pela via do consenso, do convencimento,
das ideias, dos valores, da cultura e etc. Trata-se da dimensão ideológica do domínio
ou, para dizer com Bourdieu, da “dominação simbólica”. Através dela, a classe
dominante visa à “domesticação dos espíritos” da classe dominada. Assim,
condicionam-se as formas de a classe dominada perceber, interpretar e se
posicionar diante da realidade social e dos que nela prevalecem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Além de dar a aparência
de legitimidade ao domínio da classe dominante, a hegemonia é o meio ordinário
de seu domínio, isto é, o mais usado na maior parte do tempo. Por meio dele, a
classe dominante “engendra” na classe dominada a indiferença e a resignação.
Pode até conseguir o apoio ativo dela para seus projetos e interesses. Dessa
forma, o domínio a que está submetida a classe dominada é menos sentido ou
mesmo não é sentido como tal, pois a hegemonia tende a “naturalizá-lo”, dando a
ele a aparência de inexorável.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ocorre que, sozinha, a
hegemonia é insuficiente para garantir os interesses da classe dominante. Por
uma questão de garantia, então, esta pode recorrer à ditadura. Como aqui
entendida, esta diz respeito ao uso da coação, da força, da violência, e não
necessariamente a uma forma de governo. Sua base material (seu sujeito) é o
Estado, também conhecido como sociedade política ou governo. Este exerce poder
de força através de seus aparelhos como burocracia, judiciário, polícia,
exército, a fim de garantir a manutenção da ordem nos moldes mais favoráveis à
classe dominante. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O uso de tal recurso
serve tanto para reprimir como para desestimular atos de insubordinação e
insurgência por parte da classe dominada, dando certa solidez ao domínio “dos
de cima” sobre “os de baixo”. Por isso, a classe dominante recorre sempre a ele,
variando, segundo as circunstâncias, somente as formas e a intensidade de seu
uso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nisso assentamos a afirmação de que a
“política da militarização” é uma das formas que o uso da violência assume nas
relações de domínio e cuja intensidade varia segundo as circunstâncias. Importa
melhor explicar essa parte última.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A política da
militarização é uma constante nas relações de domínio. Como um dos recursos da
ditadura, ela coexiste com os elementos da hegemonia, pois, como dissemos
alhures, ditadura e hegemonia formam um par tenso e complementar. Mas, em
tempos ordinários, é usada em baixa intensidade, pontualmente, para reprimir
uma greve ou manifestação, para desestimular revoltosos ou coisa que o valha. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Apenas em tempos de
instabilidade ela é usada em grande intensidade, desabridamente. Em momentos
assim, dependendo da força que ameaça o domínio dos de cima, a política da
militarização pode ceder espaço à “militarização da política”. É quando a
ditadura pode deixar de ser um apenas um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">meio</i>
de domínio e se tornar uma forma de governo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por paradoxal que possa
parecer, nesse caso, o uso da força é sinal de fraqueza. Para dizer com o
grande poeta do Rock Rural, nessas circunstâncias, “Toda força bruta representa
nada mais do que um sintoma de fraqueza” (Zé Geraldo). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em condição assim, em que
os elementos hegemônicos (consenso, convencimento etc.) perdem espaço para os
elementos coativos (coerção, violência etc.), a classe dominante só consegue
manter a ordem - ou pelo menos se lança em tal empresa, pois não é certo que
ela o consiga - desprezando as aparências democráticas em que se oculta seu
domínio, agora desnudo por força das circunstâncias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Isto posto, voltemos à
realidade brasileira. Desde 2013, ficou clara a intenção de a classe dominante
tomar do PT a função de representar e efetivar seus interesses. Em 2016, deu um
golpe. Tomou a presidência de Dilma. Passou a implementar por si mesma, em
doses cavalares, aquilo que o PT administrava com relativa moderação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Todavia, por desgastadas
que estivessem as forças petistas, aquelas que as sucederam na condução da
política não conseguiram apoio popular, mesmo contando com o apoio massivo da
grande imprensa e do judiciário que, quando não as apoia ativamente, pelo
menos, não lhes cria obstáculo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ante a insuficiência dos
meios hegemônicos, resta-lhes recorrer aos ditatoriais. Eis que, assim,
chegamos ao decreto de intervenção militar no Rio de Janeiro. Eis que, assim,
uns personagens citados naquele célebre áudio de Jucá, enfim, aparecem na cena
do golpe (“grande acordo”, era como Jucá dizia no áudio). O congresso já havia
aparecido. O judiciário também. Agora foi a vez dos militares. E veio a
intervenção no Rio de Janeiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">É óbvio que para entender
a intervenção no Rio é preciso considerar outros fatores. Entre eles, destaco: o
desastre dos governos local e municipal dali (Rio); a criminalidade, a
violência e a insegurança reinantes, ali como noutras partes do país; a inabilidade
política e a irresponsabilidade de Temer e consortes; a tentativa de minar a
força eleitoral de Bolsonaro (que vem figurando em segundo lugar em diversas
pesquisas de intenção de voto para presidente), “roubando seu discurso”,
ocupando seu reduto eleitoral (Rio), jogando com o reacionarismo de seus
eleitores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mostrando os interesses
políticos por trás da intervenção, Temer disse que ela foi “uma jogada de
mestre”. Como era de esperar, ele não tem ideia do que faz. Em verdade, a
intervenção pode ter sido um passo bastante perigoso, marcando a transição da
política da militarização para a militarização da política. Não é fácil dar um
passo desses e voltar atrás depois, como se nada tivesse acontecido. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Os militares aceitarão
perder, sem mais nem menos, os espaços e a visibilidade que ganharam? Difícil.
Em caso de suspenderem a intervenção, aceitarão que coloquem em suas costas a
culpa pelo fracasso? Impossível.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ademais, cumpre
considerar os efeitos disso para a população. Um representante dos militares já
disse que precisam atuar sem medo de uma nova Comissão da verdade. Isso
explicita seus intentos. Pretendem - pelo menos, uns setores deles - atuar
livremente, sem medo de investigação. Isso coloca em risco bandidos e
não-bandidos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Agora, recentemente,
ocorreu a execução de Marielle Franco (vereadora do Psol) e de Anderson Gomes
seu motorista. Ela era uma voz forte e combativa na denúncia da desregrada
atuação policial no Rio. Não são poucos os que têm levantado a hipótese de que
há envolvimento da polícia em sua execução.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em protesto contra o
assassinato da vereadora e de seu motorista, manifestações ocorreram em
diversas partes do país. E imprensa internacional repercutiu de modo bastante
negativo a notícia. Como sempre, a direita e a bancada da bala - seu braço
político-parlamentar - reagiu, acusando e debochando dos que “defendem
bandidos”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Certamente,
o fato há de abalar a já pouca credibilidade de Temer e seu governo. Mas o
problema não é só esse. Isso aumentará ainda mais a instabilidade política do
país. Os conflitos tendem a se acirrar ainda mais, ganhando contornos e traços
mais explosivos, violentos. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Num país em que a
repressão a grevistas e manifestantes está se tornando comum, em que o
assassinato de ativistas políticos e defensores de direitos é rotina e é até
comemorado em redes sociais, isso não pode ser coisa boa. Carente de
legitimidade suficiente para fazer seus interesses prevalecerem
consensualmente, a classe dominante recorre destrambelhadamente à violência. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A cidadania ativa dos que
questionam é transformada em crime. A repressão - e até as execuções - deixa de
ser pontual e passa a ser ostensiva, desabrida. Já não há preocupação sequer
com os elementos formais da democracia. Da violência nas ruas à tomada da
presidência de Dilma é o que vemos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A “judicialização da
política”, que já representava, por si só, um golpe em nossa frágil democracia,
já não bastava. Era preciso mais. A simples política da militarização também já
não era suficiente. Era preciso mais. Insegura de seu domínio, a classe dominante,
atabalhoada, recorre ao uso da violência e o faz de modo cada vez mais
intensivo e extensivo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A nosso ver, os sinais de
que estamos transitando da política da militarização para a militarização da
política são mais que claros. Resta saber até onde iremos. Em cenário como esse,
aquilo que Temer chamou “jogada de mestre” pode se transformar num suicídio
político. O perigo de os<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>homens de farda
sucederem os homens de terno não é remoto.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span><o:p></o:p></span></div>
<div style="mso-element: footnote-list;">
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/A%20pol%C3%ADtica%20da%20militariza%C3%A7%C3%A3o%20e%20a%20militariza%C3%A7%C3%A3o%20da%20pol%C3%ADtica.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Cientista social, professor e pesquisador do Instituto Federal do Acre/Campus
Cruzeiro do Sul, onde coordena os projetos de pesquisa <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Trabalho, Território e Política na Amazônia</b> e <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Miséria Política no Brasil</b>. Autor dos livros <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Democracia no Acre: notícias de uma ausência</b> (PUBLIT: 2014) e <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Desenvolvimentismo na Amazônia: a farsa
fascinante, a tragédia facínora</b> (no prelo). E-mail:
israelpolitica@gmail.com</div>
</div>
</div>
Coletivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-39590965758446332792018-04-01T08:15:00.003-05:002018-04-01T08:15:30.149-05:00A política da antipolítica e seus perigos<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Israel
Souza</span></b><a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/A%20pol%C3%ADtica%20da%20antipol%C3%ADtica%20e%20seus%20perigos.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>As
escolas de samba Paraíso do Tuiuti, Beija-Flor e Mangueira fizeram história e
marcaram indelevelmente o carnaval de 2018. A primeira abordou as mais variadas
formas que a escravidão assumiu ao longo da história brasileira. Mostrando que
as classes dominantes estão em geral ligadas ao Estado e ao governo, mas não
são idênticas a eles, da escravidão dos negros à reforma trabalhista, a Paraíso
do Tuiuti denunciou, acida e poeticamente, a elite brasileira e Temer, o
“Vampirão Neoliberalista”. Aquela imagem ficará na minha retina por vários
anos...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A Beija-Flor centrou fogo
nas peripécias de Sérgio Cabral, ex-governador do estado do Rio de Janeiro,
responsável por uma crise monumental e hoje preso, condenado por corrupção. Por
sua vez, a Mangueira voltou sua artilharia contra o prefeito da cidade do Rio
de Janeiro, Marcelo Crivella. Justificando-se na crise por que passam as
finanças da cidade, mas incontendo seu preconceito religioso contra o carnaval,
este fez graúdos cortes nos repasses a serem destinados à festa popular.
Notícias falam de 50% de corte nos repasses. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ao trazerem a crítica
social para a avenida, essas escolas de samba mostraram que política se faz dos
mais diversos modos e nos mais variados tempos e lugares. Nem a imprensa
conservadora pôde contornar o fato. E assim o clamor dos “condenados desta
terra” subiu, chegando mesmo aos céus da indiferença. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Isso foi, a um só tempo,
um deleite e um delito. Um deleite para os de baixo que esperavam suas
angústias serem expressas e suas bandeiras, levantadas, sobretudo, num palco em
que se deita tanta luz. Num momento em que rareia o pão, o “circo” ganha ainda
mais importância. Desta vez, porém, o espetáculo que este apresentou não agradou
os de cima. Por isso, para estes e seus consortes, isso foi um delito. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Coisas assim, tão
distintas, não deveriam se misturar, dizem. O que estes manifestam dessa forma
é, conscientemente ou não, uma tentativa de interditar e conformar a política e
algo que faz parte essencial dela: o dissenso. Procuram reduzir a política e o
dissenso à sua dimensão mais pobre, formal, domesticável, a fim de evitar ações
constrangedoras e perigosas. E ali, na avenida, o dissenso apareceu, forte,
vibrante, encantador, livre, inesperado. Levou medo aos de cima.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">É a essa tática de
interdição e conformação da política e do dissenso que chamamos de política da
antipolítica. A fim de evitar equívoco, importa dizer que a política da
antipolítica não é a negação pura e simples da política. É, antes de tudo, a
afirmação de um tipo de política (a que convém aos de cima) em detrimento de
outras (as que não convêm aos de cima, mas convêm aos de baixo). Eis a razão de
falarmos de interdição e conformação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Olhando por este prisma, o
caráter autoritário dessa tática é inegável. Entretanto, nessa quadra histórica
de crise em que são maculados grandes partidos e figurões, ela tem sido
utilizada e sustentada, nos mais variados níveis, por figuras que já mostram
seus interesses nas eleições deste ano. Alguns exemplos para ilustrar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Apoiado por setores do
financismo e do empresariado, Henrique Meireles (atual ministro da fazenda) se
apresenta como alguém que representa a suposta virtude do mercado contra os
vícios do Estado e da política. Há alguns dias, em propaganda partidária, disse
que é preciso não ceder à tentação “populista” (mote com o qual desqualificam e
desprezam políticas sociais voltadas aos de baixo) e que é necessário continuar
com as reformas (mote com o qual defendem e sacralizam a reorientação das
políticas unicamente para favorecimento dos de cima), por mais amargas estas
que sejam. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Do mesmo modo como os de João
Doria (prefeito de São Paulo), o vocabulário e o perfil gerencial-mercadológico
de Meireles servem para desqualificar certo tipo de política e afirmar outro.
Interdição e conformação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Com poucas variações,
Luciano Huck segue o mesmo estilo. A mais, ele traz a figura de bom marido e
pai de família, do jovem apresentador carismático que ajuda pessoas sem muitas
condições a reformar suas casas e carros. É um sujeito que se apresenta como
alguém de “fora da política” que, por força de seus valores e visão de mundo,
negaria a política tal como ela se encontra (degenerada em corrupção) e daria a
ela outra forma (com virtudes, sem conflitos, sem corrupção).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Bolsonaro é outro a usar
desta tática. Apresentando-se como homem honesto e de pulso firme, o moralismo
é o ponto central de sua propaganda. Mesmo estando há quase três décadas na
função de parlamentar, agora se coloca como alguém que nada tem com a política
do jeito como ela está e que, com seus valores morais, há de negá-la e dar a
ela outra forma. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A política da
antipolítica também se faz presente em terras acreanas. Nesses dias, Rio Branco
foi duramente castigada por uma forte chuva. Em poucas horas, choveu 277,4
milímetros, quase o esperado para um mês (280 milímetros). Inúmeros pontos da
capital ficaram alagados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">As críticas a Marcus
Alexandre, prefeito da cidade e pré-candidato a governador do estado do Acre
pelo PT, não se fizeram esperar. Seus defensores tiveram que reagir. Como pode,
aproveitarem da dor dos outros para fazer politicagem?, argumentavam em forma
de pergunta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Obviamente que a culpa
pela drenagem precária não pode ser atribuída, sem mais nem menos, ao atual
prefeito. Mas as críticas têm sua razão de ser. Afinal, já faz quase duas
décadas seu grupo político dirige o Estado e fez inúmeros empréstimos para -
dizem - levar estruturas aonde falta estrutura e para reestruturar o que o tempo
e o desenvolvimento tornaram inadequado. No mesmo sentido, vale frisar que já
conta mais de uma década, ainda sob o governo Binho, que disseram que iam fazer
do Acre o “melhor lugar para se viver na Amazônia”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ora, o tempo que este
grupo já está à frente do governo e da prefeitura, os empréstimos que fez e o
que prometeu mais que justificam as críticas. É certo que há, por parte de
setores da oposição, o claro objetivo eleitoreiro - como há, igualmente,
naquelas fotos para que o prefeito fez pose<span style="color: red;"> </span>ajudando
os atingidos pela chuva. Daí a tratar toda crítica como “politicagem” é, no
mínimo, um despropósito. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Inegavelmente, há aí a
tentativa de interdição e conformação da política e do dissenso. Como nos casos
discutidos acima, neste caso específico há também um misto de moralismo e
personalismo. Explícito, o autoritarismo é corolário mais que necessário disso
tudo. Podem até conceber que as massas façam política. Mas não como
protagonistas. Não quando e como querem. Apenas nos termos que eles - os de
cima, os que se julgam seus senhores - possam referendar. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nesse momento de crise e de
apatia, o desserviço político desse tipo de comportamento é gigantesco. Por
isso, impõe-se continuar cantando e fazendo valer no dia-a-dia, nos mais
diversos tempos e lugares, das mais variadas formas, o samba enredo: “Não sou
escravo de nenhum senhor...”<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">NÃO ESQUECER DE TRATAR DE
MARINA NESSES TEXTO, FAZENDO REFERÊNCIA A SUA RELAÇÃO COM O AGORA, GRUPO
POLITICO DE HULK, E A SEU APELO A PACIFICAR/UNIR O PAÍS.<sub><o:p></o:p></sub></span></div>
<div style="mso-element: footnote-list;">
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/A%20pol%C3%ADtica%20da%20antipol%C3%ADtica%20e%20seus%20perigos.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Cientista político, professor e pesquisador do Instituto Federal do Acre/Campus
Cruzeiro do Sul, onde coordena os projetos de pesquisa <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Trabalho, Território e Política na Amazônia</b> e <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Miséria Política no Brasil</b>. Autor dos livros <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Democracia no Acre: notícias de uma ausência</b> (PUBLIT: 2014) e <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Desenvolvimentismo na Amazônia: a farsa
fascinante, a tragédia facínora</b> (no prelo). E-mail:
israelpolitica@gmail.com</div>
</div>
</div>
Coletivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-45222440467188856142018-04-01T08:14:00.003-05:002018-04-01T08:14:21.952-05:00Márcio Bittar e o parasitismo político no Acre<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Israel Souza</span></b><a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/M%C3%A1rcio%20Bittar%20e%20o%20parasitismo%20pol%C3%ADtico%20no%20Acre.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Faz uns dias, circula em grupos de
Whatsapp um áudio de Márcio Bittar. Seu conteúdo é tão interessante que findou
por ganhar as páginas dos jornais locais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>No geral, a divulgação e as análises
dedicadas ao áudio enfocaram o comentário sobre Gladson Cameli. Diz “Gladson
não é nem de perto o candidato que eu gostaria de ter”. De nossa parte,
consideramos compreensível, mas um tanto forçada a tentativa de criar abalo na
relação de ambos somente com base nesse comentário. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A nosso ver, as partes mais
eloquentes e contundentes do áudio dizem respeito ao próprio Márcio Bittar. São
as partes em que ele se refere a Temer e às contrarreformas que ele vem
defendendo e efetivando: a trabalhista e a previdenciária. Embora reconheça
Temer como “todo enrolado”, diz que as contrarreformas que ele vem
implementando são importantes para o Brasil e que está torcendo por elas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">De
modo simples. O homem do áudio, futuro candidato ao Senado pela oposição no
Acre, coloca-se como partidário de Temer e defensor de suas contrarreformas. E
assume tal posicionamento com uma franqueza e um entusiasmo dignos de nota. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por
isso, o áudio aqui referido pode ser considerado como uma espécie de
apresentação e de declaração de intenções. Por ele, podemos ter uma ideia do
que esperar de um possível futuro senador Márcio Bittar.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">No
áudio, Bittar afirma que “a reforma trabalhista foi fundamental, um marco no
Brasil”, “acabou com a legislação fascista”. Em suma, Temer, o “todo enrolado”,
teria, segundo ele, “modernizado as leis trabalhistas”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Que
ninguém se engane com tais palavras. Bittar não manifesta desprezo pela antiga
legislação trabalhista por ela ser “fascista” (como diz). E, sim, por ela
conceder direitos e garantias ao trabalhador. O problema seria, então, não seu
caráter supostamente fascista, mas sua dimensão popular, social. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por
isso, é que ele chama de “modernização das leis trabalhistas” o ato de
desamparar juridicamente os trabalhadores e desequilibrar, grandemente, em
favor dos patrões as relações trabalhistas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Com
efeito, o que ele chama de “modernização” colocou o trabalhador brasileiro numa
condição de semiescravidão. Da noite para o dia, trabalhadores tiveram seus
salários reduzidos a menos da metade. Demissão em massa ocorrendo em diversas
latitudes do país. Trabalhadores que, ao recorrerem à justiça do trabalho,
perderam causas e - pior! - tiveram que arcar com os custos do processo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Portanto,
do ponto de vista dos trabalhadores, não há progresso nessa “modernização”, e
sim retrocesso. E, se Bittar considera tudo isso positivo, é porque assume,
como seus, o ponto de vista e os interesses dos patrões. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ainda
no áudio, Bittar diz estar torcendo pela reforma da previdência. Neste ponto,
fala, com alguma razão, de uns privilegiados que ganham muito e se aposentam
cedo. Entretanto, diga-se de passagem, que nem Temer nem o Congresso mostra
disposição para enfrentar os verdadeiros privilegiados. No geral, esses são
usados discursivamente apenas para inflamar a população e arrancar dela a
aquiescência quanto à reforma.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ora,
como é consabido, a CPI do Senado já mostrou que o alegado déficit da
previdência é uma farsa e que a reforma, fundamentalmente, visa a 1) liberar
ainda mais o Estado de compromissos sociais com os de baixo; 2) fazer com que
uns trabalhadores sejam obrigados a recorrer aos bancos a fim de alimentá-los
com planos de previdência privada e que 3) outros trabalhadores morram de
trabalhar, sem nenhuma chance de aproveitar a aposentadoria com qual
contribuíram por toda uma vida. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">No
intuito de dar sustentação a seu posicionamento a respeito da reforma da
previdência, Bittar alega ter 54 anos, que não tem aposentadoria nem pensão e
que não está pensando em parar de trabalhar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por
vezes, achei essa parte bastante engraçada. Por vezes, achei despropositada. Ora,
o que sabemos do “trabalho” de Bittar é que, eleição após eleição, ele chega ao
Acre para disputar cargos eletivos. Depois some. Então, temos notícias de que
ele está atuando em outro estado, em cargos de confiança. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Como
professor (uma das categorias criticadas no áudio), lido diariamente com
centenas de alunos. Dias há em que saio de casa às 6 da manhã e só volto às 6
da tarde. Preparo aulas e provas e trabalhos aos sábados, domingos e feriados.
Como pesquisador, não raro, meu tempo de trabalho se confunde como meu tempo de
descanso. Nesse ritmo, o vigor e a saúde se desgastam com relativa rapidez.
Todavia, sou capaz de afirmar que, com um “trabalho” igual ao do Bittar,
provavelmente eu chegasse aos 100 anos dançando lambada e jogando capoeira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Para
ser ainda mais claro. O que sabemos do trabalho de Bittar é que ele disputa
eleições. E que, no geral, vem ao estado, de tempos em tempos, basicamente para
isso. Disputar eleições. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Quando
por aqui está, nesse “trabalho”, sempre encontra tempo para escantear
correligionários, forjando golpes dentro dos mais diversos partidos por onde
passa. Sintomáticas a esse respeito são suas relações com Bocalom e Major
Rocha. Não é por acaso que Bittar troca de partido como quem troca de
roupa.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Isso
mostra que, mais que um programa partidário, ele tem sempre em mente um
programa pessoal. A essa altura, fica claro que sua afinidade com Temer não se
restringe ao apoio que dão às reformas que atacam os trabalhadores e favorecem
os patrões. Ambos, Temer e Bittar, também gostam de golpear seus
correligionários.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Termino
fazendo um desafio a Bittar. Se ele está realmente certo de suas posições, que
ele, com a mesma franqueza do áudio, as assuma em sua campanha, em suas
propagandas eleitorais. Apoiar um presidente ilegítimo e impopular diz muito
sobre Bittar. Apoiar um candidato ao senado como Bittar diz muito sobre a
oposição.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">No
mais, fica aqui registrado todo meu respeito, solidariedade e apoio aos trabalhadores.
Igualmente fica aqui todo meu desprezo pelos parasitas políticos. Aos inimigos
do povo, guerra sem trégua.<o:p></o:p></span></div>
<div style="mso-element: footnote-list;">
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/M%C3%A1rcio%20Bittar%20e%20o%20parasitismo%20pol%C3%ADtico%20no%20Acre.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Cientista político, professor e pesquisador do Instituto Federal do Acre/Campus
Cruzeiro do Sul, onde coordena os projetos de pesquisa <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Trabalho, Território e Política na Amazônia</b> e <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Miséria Política no Brasil</b>. Autor dos livros <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Democracia no Acre: notícias de uma ausência</b> (PUBLIT: 2014) e <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Desenvolvimentismo na Amazônia: a farsa
fascinante, a tragédia facínora</b> (no prelo). E-mail:
israelpolitica@gmail.com</div>
</div>
</div>
Coletivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-61747299763069819142018-04-01T08:13:00.002-05:002018-04-01T08:13:22.229-05:00Aquém e além da lulolatria - para uma retomada consciente das lutas de classes no Brasil<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Israel Souza</b><a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/Aqu%C3%A9m%20e%20al%C3%A9m%20da%20lulolatria.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Como
fora previsto por muitos, a condenação do ex-presidente Lula foi mantida em
segunda instância. Não apenas isso. Arredondando a conta, sua pena foi
aumentada de 9 para 12 anos. A justiça determinou, ainda, a apreensão de seu
passaporte, impedindo-o de viajar ao exterior. Esse é um fato carregado de
grande constrangimento moral para o ex-presidente, além de limitar o eco de sua
voz fora do país. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Pelo ângulo das lutas de
classes, esse quadro sinaliza que a classe dominante - ora centrando fogo em
Lula, mas mirando muito mais - não há de parar por aí. Mantidas as coisas como
estão, tudo indica que a condenação será mantida em última instância e que,
como candidato, Lula estará fora da próxima disputa eleitoral, pelo menos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por outro lado, é mais que
razoável afirmar que dificilmente Lula conseguirá transferir, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">in totus</i>, seus votos e força política a
outro candidato de sua escolha. As eleições de Dilma e seus governos são
exemplares a este respeito. Alimentada ao longo de décadas com um misto de
desespero e empáfia, a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">lulolatria</i>,
agora sem Lula no páreo, de força, virou fraqueza. Neste panteão de um só deus,
não há outro a quem dirigir preces e em quem depositar esperanças. Por isso,
acredito eu, ao mostrar a possibilidade de outras tantas, a obstrução desta via
pode ser salutar. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mais até do que no momento do
impedimento de Dilma, agora o próprio Lula e o PT sentem os impactos negativos
de terem cooptado lideranças, domesticado movimentos sociais e deseducado as
massas para a luta política. Com efeito, mesmo neste momento em que retomam
certo radicalismo para garantir sua sobrevivência é possível constatar a
manipulação das massas e a concepção estreita de política com que lidam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">É o que se verifica em seus <i style="mso-bidi-font-style: normal;">slogans </i>(recuso-me a tratar tais como
palavras de ordem), como, por exemplo, “Eleições sem Lula é fraude”, “Em defesa
da democracia e de Lula”, “Com Lula e com o povo até a vitória em outubro”,
“Lula vale a luta” etc. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Vê-se que tudo se passa como a
se a democracia - e mesmo a política - fosse eleições e que estas só teriam
sentido e legitimidade se se pudesse votar em Lula, sol que põe tudo o mais a
orbitar em torno de si, deus, princípio e fim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ciente do petismo e do
antipetismo que grassam nesses dias, importa frisar que não se trata aqui de
engrossar o coro dos contentes com a condenação do ex-presidente, o coro da
direita tradicional e dos fascistas de plantão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Sem ignorar o mérito jurídico
da questão mas também sem me circunscrever a ele como a círculo mágico, é mais
que patente a dimensão política de seu processo e condenação - como patente
ficara, antes, a dimensão política do impedimento de Dilma. Num caso e noutro,
à luz das lutas de classes, direito e política se <i style="mso-bidi-font-style: normal;">con-fundem</i>, tornando impossível uma distinção clara e inequívoca
entre ambos. No âmbito desta <i style="mso-bidi-font-style: normal;">con-fusão</i>,
coube à força o peso decisório.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O que está em jogo é mais que
o Lula. É a esquerda. É a Constituição que, ainda que de maneira um tanto
simbólica, destaca a solidariedade como elemento indispensável da cidadania. É
o ideal de justiça social. É a existência e a legitimidade de políticas sociais,
substantivas, universais.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>É a cidadania
ativa como meio legítimo e eficaz de indicar e decidir os rumos do país. É tudo
isso e muito mais. Inegavelmente. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Neste sentido, é imperativo
denunciar e combater, por todos os meios necessários, as injustiças que Lula
sofreu e possa sofrer. E, exatamente por estar em jogo mais que o
ex-presidente, isso terá que ser com respeito e solidariedade. Jamais como
veneração. Idolatria, não! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Assim, é igualmente importante
que seja explicitado e criticado contundentemente o papel que Lula e seu grupo
desempenhou no processo que nos trouxe aqui. Suas opções, alianças e
concessões, sobretudo. Eles não são vítimas inocentes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em verdade, será impossível
valorizar seus acertos sem a capacidade de distingui-los dos erros. Afinal, como
ignorar que a busca da governabilidade e a crença na conciliação de classes contribuíram
enormemente para isso tudo? Como esquecer que Dilma, já sentindo o cerco se
fechar contra ela, optou por continuar propondo contrarreformas e fazendo
concessões perigosas aos golpistas, em vez de se aproximar das forças
populares?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em tal tarefa, é fundamental
romper com o maniqueísmo que lulistas e consortes ajudaram a consolidar. Falo
daquele diapasão que usam para tudo afinar segundo as diretivas petistas.
Aqueles que desafinam e manifestam críticas, por justas que sejam, são
classificados como direitistas, fascistas<a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/Aqu%C3%A9m%20e%20al%C3%A9m%20da%20lulolatria.docx#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Lamentavelmente, esse foi o
complemento petista ao maniqueísmo que a direita tradicional criou, tratando
pejorativamente como petistas todos aqueles que, pertencendo ou não ao PT,
lutam por justiça social e, no amplo horizonte histórico, pela emancipação
humana. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Um e outo grupo lançam desses
maniqueísmos a fim de se blindar das críticas e deslegitimar, com suas
respectivas críticas e bandeiras, os que a eles não se vergam. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Os desafios que se impõem à
classe trabalhadora são muitos e grandes. Para fazer referência a Gramsci, digo
que, para enfrentá-los adequadamente, é necessário pensar a partir da grande
política, das lutas de classes, das transformações econômico-político-sociais,
da revolução, e não apenas da pequena política, das lutas partidárias, dos
messias, das eleições, das reformas...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em todo o mundo, os
desdobramentos da crise estrutural do capital mostram quão pernicioso é o
fetichismo em torno da democracia e dos partidos. Os tempos são outros. Até as
liberdades formais estão sendo suprimidas, sistematicamente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O Brasil não foge à regra
neste cenário de exceção. Aqui, os ataques às formalidades e
procedimentalidades da democracia e do direito denunciam a falência das
alternativas messiânicas, partidárias e eleitoreiras. O Estado democrático de
direito mostra, explicitamente, sua natureza classista. E, como tal, ela é antidemocrática
e de direita!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Aos que nunca idolatraram Lula
- símbolo da luta social, concordemos ou não -, sugiro, que aí se detenham, que
fiquem aquém disso. Busquem outros caminhos e práticas. Aos que o idolatram,
recomendo, é hora de ver, por trás do ídolo/mito, o homem e, mais que o homem,
as classes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div style="mso-element: footnote-list;">
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/Aqu%C3%A9m%20e%20al%C3%A9m%20da%20lulolatria.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Cientista político, professor e pesquisador do Instituto Federal do Acre/Campus
Cruzeiro do Sul, onde coordena os projetos de pesquisa <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Trabalho, Território e Política na Amazônia</b> e <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Miséria Política no Brasil</b>. Autor dos livros <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Democracia no Acre: notícias de uma ausência</b> (PUBLIT: 2014) e <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Desenvolvimentismo na Amazônia: a farsa
fascinante, a tragédia facínora</b> (no prelo). E-mail: israelpolitica@gmail.com<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Dell/Desktop/Aqu%C3%A9m%20e%20al%C3%A9m%20da%20lulolatria.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Eu mesmo já fui chamado de fascista porque me recusei a participar de um evento
coordenado por forças petistas. Como de costume por essas bandas - creio que em
outras também -, embora tratasse de um tema relevante, o evento fora organizado
como palanque para um parlamentar que, sempre que requisitado pelo partido,
votava contra os trabalhadores.</div>
</div>
</div>
Coletivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-17002612462790342152017-10-06T16:08:00.003-05:002017-10-06T16:08:22.055-05:00Ser feliz e deixar ser feliz: a “homofobia” e os princípios da autoridade e da alteridade<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right;">
<b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Israel Souza</span></b><a href="file:///E:/ISRAEL/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/Ser%20feliz%20e%20deixar%20ser%20feliz.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Toda intolerância se nutre, principalmente,
da ignorância e da arrogância. O intolerante é aquele se fecha em suas opiniões
e valores. Age com a soberba daqueles que se creem donos da verdade, e
hostiliza quem é e pensa diferente. Antes de tudo, orienta-se pelo “princípio
da autoridade”, e não pelo princípio da alteridade”. Procura sempre se impor
aos outros, e nunca se colocar no lugar dos outros, olhar as coisas de outro
ponto de vista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Um tipo de intolerância que tem
crescida entre nós é a “homofobia”. A palavra não é muito acertada. Fobia diz
respeito e um medo. Mas o que vemos é um verdadeiro desprezo, ódio destilado
contra aqueles/as que têm uma condição (ou opção) sexual diferente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Já
ouvimos falar de hidrofobia e claustrofobia. Entretanto, nunca ouvimos falar de
alguém que, padecendo de tais males, tenha tentado exterminar a água ou o
ambiente fechado em que se encontra. Por isso, devemos ter clareza:
diferentemente do que sugere o nome, “homofobia” não é medo ou não apenas medo.
É, sobretudo, ódio, desprezo. Muitos são os que já foram agredidos ou assassinados
em razão deste mal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Como
professor de sociologia, vem em quando, trato dos temas de violência e
intolerância com meus alunos. Toda vez que a discussão se estende até “homofobia”,
uns mostram compreensão e aceitação; outros, porém, dizem não aceitar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mesmo
sendo professor, nessas ocasiões, não uso do “princípio da autoridade”, e sim
do belo e necessário “ princípio da alteridade”. Nada imponho, e em tudo me
esforço para que entendam que o amor e a felicidade só crescem à sombra da
liberdade. Ninguém pode ditar a alguém como amar, quem amar e como ser feliz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em
verdade, quem já encontrou seu amor e felicidade – ou está sinceramente empenhado
em nessa busca – não tem tempo a perder com a vida alheia. Quem é
verdadeiramente feliz não precisa da infelicidade dos outros. Ser feliz e
deixar ser feliz. Eis uma simples e poderosa fórmula de combate às intolerâncias.
</span></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/ISRAEL/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/Ser%20feliz%20e%20deixar%20ser%20feliz.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Autor dos livros <b>Democracia no Acre:
notícias de ausência</b> (Publit: 2014) e <b>Desenvolvimentismo
na Amazônia: a farsa fascinante, a tragédia facínora</b> (no prelo), também é professor
e pesquisador do IFAC/Campus Cruzeiro do Sul, onde está dos projetos de
pesquisa <b>Miséria política no Brasil</b>
e <b>Trabalho, Território e Política na
Amazônia</b>. Está à frente do Grupo de Pesquisa <b>Trabalho, Território e Política na Amazônia – TRATEPAM.</b> <o:p></o:p></div>
</div>
</div>
Coletivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-49005954740256812012017-04-02T14:23:00.000-05:002017-04-02T14:23:09.160-05:00Farsa e tragédia na política brasileira<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4UN9tqNQnvefHcI8dr9fJUgqcnpePQJhi842Es-dvBg124ubGpNm2iMUIozLWL23uALYe2phQNmebJFGmqkn5X_diP6RoUlBbmjMZEeZGvF9GghPhVqnfoZPmFj6OtNCHrHCU-Z7Su6G5/s1600/MINHA+FOTO.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4UN9tqNQnvefHcI8dr9fJUgqcnpePQJhi842Es-dvBg124ubGpNm2iMUIozLWL23uALYe2phQNmebJFGmqkn5X_diP6RoUlBbmjMZEeZGvF9GghPhVqnfoZPmFj6OtNCHrHCU-Z7Su6G5/s1600/MINHA+FOTO.jpg" /></a></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><b>Israel Souza</b><a href="file:///C:/Users/Israel-IMG/Desktop/Farsa%20e%20trag%C3%A9dia%20na%20pol%C3%ADtica%20brasileira.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a><b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Assegurar a aparência de
legitimidade ao golpe dado em Dilma/PT, com o fito de convencer que a ordem
constitucional fora mantida e evitar distúrbios sociais. Efetivar, célere e
eficazmente, contrarreformas há tempos acalentadas por vários setores da
burguesia nacional e internacional. Eis a dupla missão que alçou Temer (PMDB) à
presidência do Brasil e que hoje pesa sobre sua cabeça como uma espada de
Dâmocles, condicionando sua permanência no cargo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A primeira condição foi
conseguida com relativo êxito. A esta altura, não conta mais. O golpe já
completou seu primeiro aniversário. Ainda que bradando em contrário, muitos já
aceitaram a irreversibilidade do fato. Entre estes está o próprio PT, que,
mesmo denunciando o golpe, faz isso mais com o intuito de desgastar o
adversário e alavancar a candidatura de Lula para as eleições de 2018 do que
para reconduzir Dilma ao cargo usurpado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">É o ponto segundo que, no
momento, embaraça Temer, ameaçando-lhe seriamente a permanência no cargo de
presidente. Não bastasse a impopularidade sua e de suas medidas, agora enfrenta
outras, que, segundo consideramos, trazem consigo a possibilidade de que a
história se repita entre nós, como farsa e tragédia a um só tempo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Financiada pela Confederação
Nacional da Indústria (CNI), pesquisa recentemente realizada pelo Ibope aponta
que Temer tem 90% de rejeição. Segundo a mesma pesquisa, o número daqueles que
consideram o governo como ruim ou péssimo subiu de 46% (em dezembro/2016) para
55% (em março/2017). O número daqueles que não confiam em Temer chega a
consideráveis 79% (<<a href="http://www.correiodobrasil.com.br/pesquisa-temer-rejeicao-eleitores/"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">http://www.correiodobrasil.com.br/pesquisa-temer-rejeicao-eleitores/</span></a>>
Acessado em 02/04/17). 41% dos entrevistados o consideraram pior que Dilma (<<a href="https://www.cartacapital.com.br/politica/temer-e-pior-que-dilma-para-41-mostra-pesquisa"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">https://www.cartacapital.com.br/politica/temer-e-pior-que-dilma-para-41-mostra-pesquisa</span></a>>
Acessado em 02/04/17).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Como era de esperar pela
política econômica adotada, a economia vai mal. A taxa de desemprego chegou a
13,5 milhões, atingindo o maior patamar desde 2012 (<</span><a href="http://g1.globo.com/economia/noticia/desemprego-fica-em-132-no-trimestre-terminado-em-fevereiro.ghtml"><span style="color: windowtext; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; text-decoration: none; text-underline: none;">http://g1.globo.com/economia/noticia/desemprego-fica-em-132-no-trimestre-terminado-em-fevereiro.ghtml</span></a><span class="MsoHyperlink"><span style="color: windowtext; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">>
</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Acessado
em 02/04/17). Para ser honesto, é necessário que se diga que esse é um feito
que Temer comparte com governos anteriores ao seu, que adotaram o mesmo
receituário neoliberal. Sob Dilma, os números da economia já não eram
alentadores. Ela pagou alto preço por isso. Agora é a vez de seu sucessor. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> É
assim, através do desgaste político, que Temer vai pagando o preço por assumir,
de forma desabrida, uma agenda pró-capital, algo mais próximo do
ideário-prática do PSDB do que do PMDB<a href="file:///C:/Users/Israel-IMG/Desktop/Farsa%20e%20trag%C3%A9dia%20na%20pol%C3%ADtica%20brasileira.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Convém salientar, no
entanto, que, desde o início, Temer manifestou que não tinha pretensões
eleitorais para 2018. Talvez intuindo, em alguma medida, as dificuldades que
haveria de enfrentar. 2 nos de mandato. Era o máximo a que ele poderia aspirar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Diferentemente
do que uns tantos supunham, não havia o que comemorar com isso. Esta opção (ou
condição)<a href="file:///C:/Users/Israel-IMG/Desktop/Farsa%20e%20trag%C3%A9dia%20na%20pol%C3%ADtica%20brasileira.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a> o deixava livre, sem
hesitações diante da opinião pública em geral e dos de baixo em particular. Ou
seja, desde o princípio, ele estava livre de algumas amarras que prendiam o
governo Dilma, mesmo levando adiante e de modo mais agressivo ainda muitas das
contrarreformas que este propunha. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A demonização do governo
anterior, responsabilizado por todos os males que acometiam o país, reforçava a
margem de liberdade de que dispunha. Entretanto, politicamente, Temer
mostrou-se tão inábil quanto Dilma. Embora mais polida, sua oratória é tão - ou
mais - desastrosa quanto a de sua antecessora. Vide, dentre outros, seu
discurso em homenagem ao dia da mulher. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Numa coisa, porém, ele e seu
grupo foram mais espertos que os petistas, que, mesmo sabendo que o grosso de
seu apoio vinha das massas, optaram por encampar medidas antipopulares. O
resultado foi o que vimos: desagradaram sua base sem agradar seus inimigos, a
quem servilmente cortejavam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">De seu lado, Temer sabe
muito bem qual é sua base. Sabe muito bem a quem agradar. Ao limitar os gastos
sociais e liberar os gastos com juros, a “PEC do teto de gastos” deu-lhe fôlego
ante a fração financeira da burguesia. Além do enfraquecimento dos sindicatos,
a aprovação de terceirização irrestrita e tudo o que ela implica na perda de
direitos por parte do trabalhador deu-lhe gás ante as frações comercial e
industrial. A turma do agronegócio não foi esquecida. O governo desferiu,
recentemente, forte ataque à FUNAI e, através de Serraglio (PMDB)<a href="file:///C:/Users/Israel-IMG/Desktop/Farsa%20e%20trag%C3%A9dia%20na%20pol%C3%ADtica%20brasileira.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></a>, procura ainda limitar
homologações de Terras Indígenas e a criação de áreas de conservação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ora, sua impopularidade se
deve, largamente, a isso. É que para agradar seus apoiadores, ele tem que necessariamente
desagradar às massas, aos trabalhadores. É atacando a estes que ele defende os
seus. Não há meio termo. Ele sabe que não chegou à presidência para negociar ou
se sensibilizar com demandas populares e trabalhistas. O tempo de que dispõe e
a impopularidade e a ilegitimidade de que goza impõem a ele um ritmo ainda mais
rápido e uma forma ainda mais truculenta, tanto na condução das matérias quanto
no trato com os adversários.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Sua condição é tal que, se
estagnar ou recuar em sua missão acima aludida, se desgasta; e, se avançar, também.
Entretanto, uma facção do PMDB percebeu que, do jeito que as coisas andam, não
apenas Temer há de se desgastar neste turbulento processo, que isso respingaria
em todo o partido, criando obstáculos seríssimos para os que guardam pretensões
nas eleições de 2018. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Para os que compõem esta
facção, os interesses do partido não podem se restringir a tão curto e pouco
promissor mandato. Renan Calheiros (PMDB) expressou isso com muita clareza. Sua
frase “o PMDB não é o governo”, que circulou largamente pelas redes sociais num
vídeo seu, patenteia esta compreensão e manifesta sua insatisfação com o rumo
que as coisas estão tomando.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ao que parece, o grupo
político liderado pelo senador alagoano prefere sacrificar Temer, e não o
partido. Convém frisar isso: a insatisfação não é contra as medidas de Temer e
em favor dos trabalhadores. Trata-se simplesmente de uma manifestação em favor
de setores do partido que não se acham contemplados nos atuais planos do
governo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Tal pode criar embaraços
ainda maiores para Temer, já que sua permanência no cargo de presidente está
diretamente relacionada à sua capacidade de efetivar, eficaz e celeremente, as
contrarreformas ansiadas pelas classes dominantes. Isso agora está em xeque. E
isso é coisa inaceitável para alguém com o ego e a vaidade de Temer. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ás dificuldades vindas das
ruas, somam-se agora as dificuldade vindas do Congresso, instituição fundamental
para a implementação das medidas antipopulares e anti-trabalhistas que pretende
levar adiante. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nesse cenário, não podia ser
diferente, pois, quanto mais exitoso for em servir seus apoiadores, mais insuflará
as massas contra si e levantará insatisfação dos que, no PMDB, se veem
prejudicados por sua condução. Dessa forma, contribui, ele mesmo, diretamente
para abreviar o já breve mandato que ganhara por usurpação. Particularmente,
não desconsideramos a possibilidade de que, por força das atuais
circunstâncias, e não por conta de sua estatura politica abaixo da medíocre,
Temer prove, como Dilma, o amargo sabor do que é ser um presidente descartável.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por força da mesma lógica, a
oposição vem crescendo à medida que ele vai se apequenando. De acordo com
pesquisa de intenções de voto para eleições presidenciais 2018, realizada pelo
Instituto MDA, Lula (PT) lidera nos primeiro e segundo turnos (<<a href="http://www.jb.com.br/pais/noticias/2017/02/15/pesquisa-cnt-mostra-lula-liderando-intencoes-de-voto-para-2018-no-1o-e-no-2o-turnos/"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">http://www.jb.com.br/pais/noticias/2017/02/15/pesquisa-cnt-mostra-lula-liderando-intencoes-de-voto-para-2018-no-1o-e-no-2o-turnos/</span></a>>
Acessado em 02/04/17). A liderança de Lula é sentida, sobretudo, no Nordeste,
reduto eleitoral de Renan Calheiros. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Na imprensa, já circulam
inúmeras matérias assegurando que Renan não apenas rompeu com Temer, mas que
ensaia um alinhamento a Lula. Sem demora, já vários sites e blogs devotados à
causa do petismo insinuam possível aliança entre Renan e Lula, sugerindo a seu
modo a aliança PT-PMDB como segura saída para a atual crise. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Tal leitura, parece-nos, é
no mínimo preocupante. Por um lado, reforça a complicada crença de que a saída
é por “cima”, pela serena e pacífica via eleitoral. Assim sendo, as forças
oposicionistas encabeçadas pelo PT não resistirão à tentação de alimentar as
manifestações de rua que ora vão tomando conta do país, orientando-as segundo seus
interesses eleitorais, como tantas e tantas vezes fizeram. Por outro, alimenta
o messianismo em torno de Lula, um messias que, como vimos, costuma trazer entre
seus seguidores o próprio Judas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Há que se considerar
seriamente esta possibilidade. Até agora, justamente ou injustamente, não
conseguiram prender Lula ou torná-lo inelegível. As perversas medidas
encampadas por Temer que fizeram as conquistas sociais retrocederem bem mais de
um século, sua falta de carisma e habilidade política, no atual cenário,
realçam sobremaneira a grandeza de Lula. Inúmeras são as pesquisas que o
comprovam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Talvez os que estão
eufóricos com o cisma na base do governo e com a possível aliança
Lula/PT-Renan/PMDB não saibam, mas, seguindo este caminho, estarão trabalhando
para que a história se repita entre nós, como farsa e tragédia, cabendo à primeira
encobrir e alimentar a segunda.</span></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Israel-IMG/Desktop/Farsa%20e%20trag%C3%A9dia%20na%20pol%C3%ADtica%20brasileira.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a> Cientista Social, Mestre em Desenvolvimento
Regional, professor e pesquisador do Instituto Federal do Acre-<i>Campus</i> Cruzeiro do Sul. E-mail: <a href="mailto:israelpolitica@gmail.com">israelpolitica@gmail.com</a><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Israel-IMG/Desktop/Farsa%20e%20trag%C3%A9dia%20na%20pol%C3%ADtica%20brasileira.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">
Nas atuais circunstâncias, é bastante cômodo para o PSDB que outro desempenhe
esse papel e assuma todo o desgaste político que isso implica. Depois, poderá
lançar candidato próprio e fingir que não tem relação nenhuma com as
contrarreformas implementadas por outro governo. Por isso, na ação que corre no
TSE que pede cassação da chapa Dilma/PT-Temer/PMDB, o PSDB tentou salvar Temer
da perda do mandato (https://boainformacao.com.br/2017/04/por-que-o-psdb-quer-salvar-michel-temer-no-tse-99/).<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Israel-IMG/Desktop/Farsa%20e%20trag%C3%A9dia%20na%20pol%C3%ADtica%20brasileira.docx#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a>
No calor do processo de impedimento de Dilma, uma pesquisa do Instituto de
Pesquisa Dizgoo, realizada através do portal IG, apontava que 83% dos
entrevistados não queria Temer na presidência. <o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Israel-IMG/Desktop/Farsa%20e%20trag%C3%A9dia%20na%20pol%C3%ADtica%20brasileira.docx#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Ministro da Justiça no governo Temer e um dos mais destacados representantes da
bancada ruralista, braço político do agronegócio no Congresso brasileiro. <o:p></o:p></div>
</div>
</div>
Coletivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-49660900764429817182017-02-20T14:13:00.002-05:002017-02-20T14:13:29.546-05:00Petismo e antipetismo: miséria política de nossos dias<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhm11fKjJlgzoqAFCJIcok6_bEVDgZrlVg6tHqUD8cFHnF38EyI9HReguvOTl4tgjNJ1995AVhU-1_v6CMolZvx8M9THK8eUl3AUJKehAKtuDWtSzEOddfJFXR5hd8Q95ijZhelqAv146aD/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhm11fKjJlgzoqAFCJIcok6_bEVDgZrlVg6tHqUD8cFHnF38EyI9HReguvOTl4tgjNJ1995AVhU-1_v6CMolZvx8M9THK8eUl3AUJKehAKtuDWtSzEOddfJFXR5hd8Q95ijZhelqAv146aD/s1600/download.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;">
<b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Israel
Souza</span></b><a href="file:///E:/Petismo%20e%20antipetismo%20mis%C3%A9ria%20da%20pol%C3%ADtica%20no%20Brasil.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><b>Introdução <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O cenário de crise econômico-política
que atravessamos é marcado, sobremodo, pela disputa entre dois grandes grupos políticos
e suas respectivas concepções, a saber, o <i>petismo</i>
e o <i>antipetismo</i>. Cada um, a seu modo
e em contraposição ao outro, se apresenta como saída para a atual crise. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Na contramão do que alegam esses
grupos, o presente texto procura salientar alguns dos pontos com os quais cada
um deles contribui para o acirramento da crise. Sublinhando a <i>partidarização </i>do atual cenário, o texto
mostra alguns dos efeitos dessas disputas políticas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">1) De um lado, confere aos
grupos uma importância que, de fato, não têm, dando a impressão de que os
problemas econômico-políticos que atravessamos poderiam ser resolvidos
simplesmente optando por um ou outro, através do voto. 2) Ao mesmo tempo, as
disputas que travam entre si obscurecem o sólido consenso que há entre eles em
torno da política econômica pró-capital, deixando-o (o consenso) na sombra e
dando assim ainda mais solidez a ele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por fim, 3) a serviço das
classes dominantes e de seu projeto neoliberal, essas disputas fortalecem a
tendência de <i>fascistização</i> da
política, perigo que, em medida variável, vem de ambos os grupos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">4) Em cenário como esse,
política e democracia quedam-se enfraquecidas, empobrecidas, castradas em suas
formas, conteúdos e alcances. Por isso, aponta o texto, assistimos a um
processo em que política e democracia vão sendo, paulatinamente, reduzidas a
votos e eleições. E isso ocorre exatamente num momento em que votos e eleições
são afetados em seu já diminuto poder de influência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O conjunto de tudo o que aqui
é discutido obstrui os caminhos de superação da atual crise. A compreensão e a
superação desta conjuntura de miséria política que vivemos dependem de
superarmos o maniqueísmo, árido e perigoso, em que petismo e antipetismo nos
meteram, buscando superar o sistema que enseja e alimenta a crise.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Petismo
e antipetismo<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> O
termo petismo pode enganar, dando a impressão de que se trata de algo
exclusivamente vinculado ao PT. Mas não é isso. Encaixam-se aí também todos os
partidos que com ele se aliam. Além de partidos, o petismo envolve ainda sujeitos
simples, movimentos, organizações, sindicatos, blogs, sites e etc., que o
sustentam: intelectuais, artistas, Brasil247, UNE, CUT, MST, MTST etc. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O mesmo vale para o
antipetismo. Com efeito, petismo e antipetismo representam grupos e concepções
políticas. Nem todos os adeptos desses grupos tomam parte ativamente neles, de
forma militante e consciente. Por vezes, tomam parte passivamente,
inconscientemente<a href="file:///E:/Petismo%20e%20antipetismo%20mis%C3%A9ria%20da%20pol%C3%ADtica%20no%20Brasil.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a>,
compartilhando com eles apenas a concepção. E é desse modo que os compõem e fortalecem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Em
traços gerais, a marca mais relevante do petismo é a defesa acrítica do PT, de
seu governo, políticas e figuras, expressando uma espécie de <i>sacralização do partido</i> e de tudo o que
é vinculado a ele. Isto, por outro lado, leva a uma <i>demonização</i> de seus críticos e adversários, num corte
inelutavelmente maniqueísta. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em razão disso, há entre os adeptos
desse grupo a tendência a tratar toda crítica contundente - por mais justa e
fundamentada que seja - como se fora “apologia da direita”, “utopia” (em
sentido pejorativo), “romantismo”, “falta de realismo”, “esquerdismo
inconsequente”, “radical”, “fascista”, etc. Não é raro vermos adeptos do
petismo, quando reconhecem que seu crítico não se posta à direita, tratá-lo
como representante de uma “esquerda radical”, que, por não entender
adequadamente as circunstâncias, “divide a esquerda” e, assim, trabalha para o
triunfo da direita.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Tratado com desdém ou hostilidade
- e até com violência -, o crítico não é para ser ouvido, levado a sério, e sim
para ser combatido. Por força de tal compreensão, a possibilidade de
autocrítica foi praticamente anulada ou, no mínimo, teve sua força limitada,
figurando, em muitos casos, apenas como um jogo que tem tanto de cênico quanto
de cínico. A defesa, mesmo dos erros do petismo, e, sobretudo, nos momentos
difíceis, passou a ser prioridade e questão de vida ou morte<a href="file:///E:/Petismo%20e%20antipetismo%20mis%C3%A9ria%20da%20pol%C3%ADtica%20no%20Brasil.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Sintomático disso é que nem
mesmo o impedimento de Dilma abriu espaço para uma autocrítica sincera e
consequente, capaz de ocasionar uma reorientação, uma mudança de rumo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Com efeito, partidários do
petismo insistem em dizer que ela caiu por favorecer os pobres e por não querer
barrar as investigações da Lava jato. Nesta perspectiva, em que a autocrítica
não se faz notar senão por sua ausência, Dilma teria caído unicamente por suas
virtudes morais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Não se pode negar que haja uma
fração de verdade nisso. Os áudios de Romero Jucá que foram divulgados o
atestam. Não se pode desconsiderar, porém, que a ex-presidente (juntamente com
todos os que estavam junto dela) traiu seus eleitores, que fez ouvidos moucos
aos clamores vindos das ruas, preferindo, antes, fazer concessões vergonhosas e
perigosas ao Congresso, em geral, e ao PMDB, em particular. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Olhando as coisas com esse
distanciamento, fica patente que suas virtudes morais não são inatacáveis como
querem seus partidários, e que, ao longo de todo o processo que culminou em sua
queda, sua inabilidade política pesou decididamente. Confiou nos inconfiáveis.
Desprezou quem verdadeiramente poderia sustentá-la.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Neste exato sentido, a <i>virtú</i> do petismo (emblematizada na
figura e no governo de Dilma) não corresponde nem ao sentido tradicional de
virtude nem àquele postulado por Maquiavel. Ou seja, não é nem ilibada nem representa
a capacidade de distinguir como agir da maneira mais acertada conforme as
variadas circunstâncias, com o apoio do povo e em favor do povo<a href="file:///E:/Petismo%20e%20antipetismo%20mis%C3%A9ria%20da%20pol%C3%ADtica%20no%20Brasil.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Por
seu turno, marca do antipetismo é a hostilidade acrítica a tudo o que é
vinculado de forma justa ou injusta ao petismo, da corrupção às políticas
sociais. Como o petismo (em menor medida), seu “adversário” também é marcado por
certo ódio, desaguando, por vezes, no masoquismo. Consideráveis setores
subalternos que tomam parte no antipetismo aceitam e defendem ativamente
sacrifícios, da parte de outros e de si mesmos, desde que estes se lhes pareçam
necessários para combater o petismo e extirpar seu legado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nem o apoio ativo nem a
passividade diante das contrarreformas tocadas por Temer seriam compreensíveis sem
isso<a href="file:///E:/Petismo%20e%20antipetismo%20mis%C3%A9ria%20da%20pol%C3%ADtica%20no%20Brasil.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></a>. Vê-se, com clareza, que
não se trata de defender outro partido (PSDB ou PMDB) ou grupo partidário. Não
necessariamente. Tampouco é a defesa de um <i>cardosismo</i>,
<i>temerismo</i> ou coisa que o valha.
Trata-se, isto sim, de antipetismo cuja força ideológica, como denota seu nome,
não está em si, em sua afirmação. Está, antes, na negação de seu “adversário”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Daí, não raro, essa negação mostrar-se
cega e inconsequente, chegando, inclusive, à absurdidade da defesa do fim de
políticas sociais e da volta do regime militar. A irracionalidade se impõe,
cultivada como final flor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ora de forma exagerada, ora de
forma mentirosa, os partidários do petismo fizeram muita propaganda sobre
“suas” políticas sociais, vinculando-as a ele. Com o avanço do antipetismo, o
descrédito do petismo repercutiu também sobre as políticas sociais. Foi assim
que a propaganda de afirmação preparou o terreno para a propaganda de negação
das políticas sociais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">É nessa constelação que se
compreende como encontrou acolhida, entre setores subalternos, a justificativa
do antipetismo de que as políticas sociais formam parte decisiva da
irresponsabilidade do petismo que nos trouxe à crise econômica. E que,
portanto, algumas dessas políticas devem ser eliminadas e outras,
enfraquecidas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Embora as manifestações em
defesa da volta do regime militar ocorram de variadas maneiras, a maioria delas
não ocorre contra a corrupção e a política em geral. Seus alvos mais comuns são
a esquerda em geral e o petismo em particular. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por ignorância e/ou por
maldade, PT (partido símbolo do petismo) é associado à esquerda - coisa que de
fato ele não é<a href="file:///E:/Petismo%20e%20antipetismo%20mis%C3%A9ria%20da%20pol%C3%ADtica%20no%20Brasil.docx#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></a>.
Desse modo, o antipetismo assanha o secular <i>anti-esquerdismo</i>
brasileiro, alimentando-o e alimentando-se dele. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">É neste sentido que,
maiormente, a defesa da volta do regime militar aparece entre nós,
representando uma das muitas facetas do antipetismo. A nosso ver, a popularidade
de Bolsonaro corresponde largamente ao mesmo quadro explicativo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Dizemos assim, “largamente”,
porque somos cônscios de que a base de apoio de Bolsonaro não depende exclusivamente
do antipetismo. Ancora-se também num conservadorismo mais difuso, de caráter
moralista, religioso e militar. Não obstante, não resta dúvida de que, além
disso, o apoio que recebe é impulsionado pelo anti-esquerdismo e pelo antipetismo.
Basta ver como seus seguidores adoram contrapô-lo ao petismo e à esquerda. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">De resto, cabe registrar que
os conservadores - defensores da moral, da família e dos bons costumes, da
religião e do regime militar - compõem parte significava das correntes
anti-esquerdista e antipetista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Partidarização:
dissenso, consenso e propaganda<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Como é sobejamente sabido,
muitas das contrarreformas ora assumidas por Temer foram anunciadas e ensaiadas
por Dilma. Em seu tempo de presidente, considerando a crise econômica, tratou
tudo como se fosse algo inexorável. Ao estilo de Margaret Thatcher ou mesmo de
Fernando Henrique Cardoso, disse não haver saída a não ser a aprovação das “reformas”<a href="file:///E:/Petismo%20e%20antipetismo%20mis%C3%A9ria%20da%20pol%C3%ADtica%20no%20Brasil.docx#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Com alguma razão, podem dizer
que, mesmo dentro do PT, houve críticas. Sim. Certo. Todavia, verdade é que,
salvo raras e valorosas exceções, os “murmuradores” findaram por se render às
decisões do governo, endossando-as e adocicando-as, a fim de melhor defendê-las
e defender-se diante da opinião pública. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Essa opção impunha, a esse
grupo, apresentar uma agenda eminentemente antidemocrática, como a neoliberal,
como inelutável, virtuosa, democrática. Verniz, puro verniz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Quanto a este ponto nada
desimportante, petismo e antipetismo compartem o mesmo <i>modus operandi</i>. Aqui eles confluem, se alimentam mutuamente e
mostram que, apenas na superfície, são contrapostos, um o antípoda do outro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A ignorância de amplos setores
- de dentro e de fora dos grupos - quanto a essa confluência <i>partidariza</i> em demasia as coisas em
jogo, deixando o fundo de tudo isso indiscutido, indiscutível. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A briga desses grupos, na
superfície, encobre e robustece o consenso existente entre ambos, no fundo.
Quanto mais barulho fazem em torno dos pontos de dissenso, superficial, mais
silêncio fazem em torno dos pontos de consenso, profundo. Nisso reside a
necessidade de espetacularizarem suas diferenças. A bem da verdade, maximizar
os pontos de dissenso e minimizar os pontos de consenso é uma estratégia de
propaganda de ambos os grupos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A política econômica pró-capital
é a prova mais saliente do consenso existente entre eles. As expressões petismo
e antipetismo, tal como usadas aqui, pretende, dentre outras coisas, denotar essa
<i>partidarização exacerbada</i> da política
brasileira, que coloca, no plano propagandístico-eleitoral, os partidos e suas
figuras em primeiro plano e as macropolíticas, em segundo. E, no plano
substancial, o que mais importa, coloca as macropolíticas em primeiro plano e
os partidos e suas figuras, em segundo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A luz jogada sobre as disputas
partidárias (que não se restringem aos partidos, como dissemos) dá a aparência
de que elas têm uma importância que, verdadeiramente, não têm. Com isso, deixa
nas sombras o que mais importa. Tal interessa aos grupos aqui em tela e a quem
eles servem, mas não à democracia, não às classes subalternas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A <i>Carta ao povo brasileiro</i>, de Lula, serve como ilustração de um dos
efeitos dessa partidarização. Embora faça referência ao povo em seu título, ela
era mesmo endereçada às classes dominantes, com o fito de acalmá-las, como
notou Francisco de Oliveira (2007: 267). Depois de divulgada a <i>Carta</i>, o pleito eleitoral seguiu.
Entretanto, pouco ou nada incidiu sobre as políticas a serem adotadas,
largamente partilhadas ambos os grupos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Aquele dissenso eleitoral,
espetaculaizado, punha na luz os partidos e suas figuras; e, nas sombras, punha
o consenso em torno das políticas a serem efetivadas, fosse quem fosse o
vencedor, viesse do grupo que viesse. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ainda a este respeito, vale
lembrar que, no calor do processo de impedimento, Dilma disse que manteria a
equipe econômica de Temer (presidente interino, naquele momento), caso
permanecesse na presidência. Seus apoiadores diziam, então, que “apenas Dilma,
presidenta legitimamente eleita, teria condições de levar adiante as ‘reformas’
necessárias para o país”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Diga-se, para sintetizar, que,
entre essas forças, estão em disputa os cargos, não as políticas, que são
neoliberais e indistintamente abraçadas e colocadas em marcha por ambos os
grupos. Assim, o projeto das classes dominantes tem prevalecido nos dois grupos
e, desse modo, atravessado governos e angariado apoio social. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">É uma ilusão, necessária à manutenção
desse estado de coisas, crer que se pode alterar positivamente nossa realidade econômico-política
simplesmente optando por um ou outro grupo, como se um fosse o exato oposto do
outro e o voto e as eleições fossem o caminho, eficaz e seguro, da
transformação social. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Essa é uma ilusão alimentada
pela partidarização da política, pelo dissenso eleitoral-partidário tal como se
dá hoje no Brasil, pela ideia de que se trata da disputa entre direita e
esquerda, da luta de classes entre burguesia e proletariado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Tal leitura não é apenas
imprecisa. É estreita e perigosa, pois contribui para a manutenção, ampliação e
aprofundamento dos problemas que hoje nos assombram.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Eleitoralização:
uma democracia aquém do mínimo<span style="color: red;"> </span>e do reformismo<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ligado à partidarização, outro
grande problema trazido por esse cenário foi a <i>eleitoralização</i> da política e da democracia, confinadas que estão ficando
ao universo estreito e abjeto das eleições, onde voto e partido são
supervalorizados em detrimento de outros meios de mensuração e manifestação da
democracia e da atividade política.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">De modo particular, o petismo
contribuiu para isso através de uma concepção formal/procedimental da
democracia, esvaziando-a de seu conteúdo substancial/social. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">No momento em que o
impedimento de Dilma se mostrou uma possibilidade real, partidários do petismo repetiam
em sua defesa que ela havia sido “democraticamente eleita”. Pouco importando
para eles se o jogo eleitoral não é assim tão democrático e se a ex-presidente
traiu seus eleitores. Pelo visto, para eles, não é antidemocrático mentir para
ganhar as eleições e trair a confiança dos eleitores. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ainda sobre este ponto, lembremos
que adeptos do petismo já criticaram Temer argumentando que “apenas Dilma,
presidenta legitimamente eleita, teria condições de levar adiante as ‘reformas’
necessárias para o país”. Não lhes parecia embaraçoso o fato de estas
“reformas” serem antidemocráticas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Recentemente na Itália, Dilma
disse: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Eu acredito na democracia. O Brasil precisa hoje de
<i>um banho de democracia</i>. E isso, <i>você só tem pelo voto</i> (grifos nossos) (<</span><a href="http://dilma.com.br/na-italia-presidenta-dilma-diz-que-brasil-precisa-de-um-banho-de-democracia/"><span style="font-family: "Arial",sans-serif;">http://dilma.com.br/na-italia-presidenta-dilma-diz-que-brasil-precisa-de-um-banho-de-democracia/</span></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif;">> Acessado em 08/02/2017</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Mesmo manifestando uma visão formal da democracia,
reduzindo-a ao voto, Dilma é definida por Emir Sader, partidário assumido do
petismo, como “a maior líder contemporânea na defesa da democracia no Brasil”
(<</span><a href="http://dilma.com.br/emir-sader-dilma-e-maior-lider-contemporanea-na-defesa-da-democracia-brasileira/"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">http://dilma.com.br/emir-sader-dilma-e-maior-lider-contemporanea-na-defesa-da-democracia-brasileira/</span></a><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">>
Acessado em 08/02/2017</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">). Se “a maior líder contemporânea na defesa da
democracia no Brasil” a define assim, de modo tacanho, causa medo pensar em
como os de menor estatura a definem... </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Incautos, talvez fôssemos
levados a dizer que se trata da defesa das célebres “regras do jogo”, algo
basilar na definição liberal que Norberto Bobbio (2000: 22; 30-33) faz da
democracia. Não é bem isso. A concepção de democracia que grassa em nosso meio está
aquém mesmo da definição “mínima” definida por Bobbio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Dentre outras coisas, na
definição “mínima” da democracia, figura a necessidade de que os grupos
políticos que disputam as eleições apresentem alternativas reais aos eleitores,
respeitem as instituições e, através do livre debate, busquem a formação de uma
maioria (BOBBIO: 2000, 22-23; 32). Não é isso o que ocorre no Brasil, onde os
grupos em disputa apresentam dissensos superficiais e consensos profundos, estando
mais próximos do que distantes entre si. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por outro lado, ao tirar Dilma
da presidência, pelos meios com que tiraram e pelos motivos pelos quais tiraram,
os representantes do antipetismo no Congresso (com a anuência do judiciário)
mostraram que não estão dispostos nem mesmo a respeitar as “regras do jogo”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Parecendo não ter aprendido
nada do processo que culminou no impedimento de Dilma, o petismo continua
alimentando a crença nas eleições e no poder do voto. No momento, seus adeptos
a levam em frente ao defender o nome de Lula, seja para eleições antecipadas<a href="file:///E:/Petismo%20e%20antipetismo%20mis%C3%A9ria%20da%20pol%C3%ADtica%20no%20Brasil.docx#_ftn8" name="_ftnref8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></a> ou para as eleições de 2018.
Alimentam, assim, a crença no rito puro e simples das eleições e na figura de
Lula, seu herói. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Forçoso é dizer que,
doravante, o impedimento de Dilma cumprirá o funesto papel “pedagógico” de
lembrar aos próximos governantes o que pode acontecer a eles caso não queiram
ceder aos caprichos do Congresso, do judiciário, da grande imprensa e das
várias frações da classe dominante. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Neste sentido, o que temos no
Brasil não corresponde sequer à definição formal de democracia formulada por
Bobbio, já considerada “mínima”, “procedimental”, pelo próprio autor. Radica-se
aí nossa opção em tratar isso como eleitoralização da política e da democracia,
apontando que estas estão ficando cada vez mais reduzidas a votos e eleições,
pouco importando que estes tenham cada vez menos importância na formulação de
políticas ou mesmo que sejam desrespeitados. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Diante disso, é mister
concluir que, no campo mais eminentemente político, a democracia que temos está
aquém do “mínimo”; e, no campo mais eminentemente social, está aquém mesmo do
reformismo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Sendo assim, ainda é possível
falar em democracia?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Estado
de exceção e fascistização<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Como se pouco fosse, a disputa
entre petismo e antipetismo têm suscitado outros problemas para a democracia,
repercutindo negativamente sobre sujeitos e setores independentes em relação a
ambos os grupos aqui em tela. Hoje, movimentos como o dos estudantes
secundaristas são tratados como petistas, mesmo sem manter vínculos com o PT. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Lançando mão do secular
anti-esquerdismo brasileiro, nisso o antipetismo foi exitoso. Sua estratégia
consiste em depositar na conta do petismo as lutas por direitos sociais, para, em
razão disso, desqualificá-las, anatematizá-las. Aos que criticam e resistem às
políticas antidemocráticas desse grupo (antipetismo), desqualificam e enquadram,
por maldade ou ignorância, como “petistas”, “comunistas”, “esquerdistas”,
“esquerdopatas”, “doutrinados”... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Já aí, por irreal que seja o
motivo da adjetivação, a negação do direito de protesto e o uso da força contra
os manifestantes parecem legítimos aos olhos de uns tantos, que não são poucos.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">De outra banda, também por
maldade e/ou ignorância, os que combatem as políticas antidemocráticas dos
governos petistas são chamados direitistas, fascistas<a href="file:///E:/Petismo%20e%20antipetismo%20mis%C3%A9ria%20da%20pol%C3%ADtica%20no%20Brasil.docx#_ftn9" name="_ftnref9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></a>. Percebe-se, por este
prisma, que o perigo da <i>fascistização da
política</i> não vem apenas dos inimigos do petismo. Vem também desse grupo,
ainda que em menor proporção, à medida que trata os críticos como fascistas,
ensejando que o jargão (“fascista”), prescindindo de uma análise séria, seja
usado tanto para desqualificá-los quanto para enquadrá-los.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Vê-se, em ambos os lados, a
tendência de considerar legítima a negação de direitos, justificando-a na
“ilegitimidade” da luta por direitos dirigida contra as políticas adotadas por
um dos grupos ou por ambos. Nisso um grupo legitima a violência do outro, ambos
usando de violência contra os de baixo. Nisso eles estão irmanados. Nisso eles
se precisam. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A democracia, então, é usada
para negar a democracia; o direito, para negar o direito; a liberdade, para
negar a liberdade. É isso o que ocorre neste momento em que, por ignorância ou
maldade, (se) alimentam e <i>con-fundem</i>:
por um lado, antipetismo e anti-esquerdismo; luta por direitos sociais e
petismo; e, por outro lado, luta por direitos sociais e direitismo; luta por
direitos sociais e fascismo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O resultado disso é que, de
ambos os lados, (se) alimentam e <i>con-fundem</i>
proscrição e fascistização, sendo esta umas das feições que o estado de exceção
vem assumindo entre nós, deslegitimando o dissenso vindo de baixo e ferindo
fundamente a democracia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Tentando responder à última
grande crise do capital, suas “personificações”<a href="file:///E:/Petismo%20e%20antipetismo%20mis%C3%A9ria%20da%20pol%C3%ADtica%20no%20Brasil.docx#_ftn10" name="_ftnref10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></a> são obrigadas a reduzir
política e democracia ao mínimo, ao irrisório. Isto porque o novo padrão de
acumulação é incompatível mesmo com aspectos formais da democracia, mostrando quão
“irreformável e incontrolável” é o sistema<a href="file:///E:/Petismo%20e%20antipetismo%20mis%C3%A9ria%20da%20pol%C3%ADtica%20no%20Brasil.docx#_ftn11" name="_ftnref11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></a>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Tal lógica tem arrebentado
como uma onda em diversos quadrantes do globo, onde as políticas de exceção e
xenófobas têm figurado com mais frequência e amplitude. Nos EUA e na Europa, as
políticas anti-imigrantes são exemplos disso. Fronteiras e muros e políticas
segregacionistas de diversos lados. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">No Brasil, a aprovação da Lei
antiterrorismo, sob o governo de Dilma é exemplo disso. Acuados pelas manifestações
de junho de 2013 e sob a pressão dos protestos contra a Copa e as Olimpíadas, petismo
e antipetismo, irmanando-se, forjaram um instrumento jurídico-político para
criminalizar movimentos e manifestações sociais que ocorriam e ocorrem por fora
da via formalista da política, isto é, sem ser através do voto, das eleições e
dos partidos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ao não encararem manifestações
de ruas contundentes e evitarem a greve geral, durante o mais difícil momento
do processo de impedimento de Dilma e de votação da PEC 55, respectivamente, os
partidários do petismo mostram coerência com essa perspectiva de negar e
combater as lutas de rua, de criminalizar o direito de protesto e de empobrecer
política e democracia em suas formas, conteúdo e alcances. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Outrossim, mostram que se
assumiram mantenedores da ordem e que não mais perseguem a transformação social
através das lutas. Enrijeceram-se. Elitizaram-se. Sem pudor, aliaram-se e
aliam-se aos “golpistas”<a href="file:///E:/Petismo%20e%20antipetismo%20mis%C3%A9ria%20da%20pol%C3%ADtica%20no%20Brasil.docx#_ftn12" name="_ftnref12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></a>. Formaram coligações com
eles em milhares de cidades nas últimas eleições municipais (2016) e continuam
fazendo acordos no Congresso. Veja-se o apoio que deram ao Candidato do PMDB à
presidência do senado recentemente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Conclusão
<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por tudo isso, concluímos que
petismo e antipetismo não são solução para atual crise. São parte do mesmo problema
e configuram a miséria política de nossos dias. Procurando ir à raiz da atual
crise, que se encontra no chão do sistema do capital, é preciso ir além de
ambos e recobrar o sentido amplo e forte de política, para além dos partidos e
das vias formais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Infelizmente, o ensaio de
politização que vimos em junho de 2013 desembocou, pelo menos por enquanto e
maiormente, na partidarização que ora se configura como petismo e antipetismo,
num maniqueísmo tão estreito quanto perigoso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Sob a condução das classes
dominantes, petismo e antipetismo têm sido chamados para sustentar um ao outro.
E a esquerda e todos aqueles lutam pela emancipação da humanidade colhem todo
ônus dos governos petistas sem terem colhido nem um bônus. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Num momento em que, por um
lado, a lei antiterrorismo, a desmoralização do judiciário e a partidarização
aqui enfocada expressam o recrudescimento da fascistização da política, e, por
outro lado, a aprovação da PEC 55 e a possível aprovação das contrarreformas
trabalhista e da previdência apontam para o recrudescimento daquilo que
Boaventura de Souza Santos chama de “fascismo social”, somente nas lutas
sociais contra o capital é possível romper e superar a miséria política...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Referência
Bibliográfica</span></b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;">BOBBIO,
NORBERTO. <i>O futuro da democracia</i>. São
Paulo: Paz e Terra, 2000.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;">FROSINI,
Fábio. <i>Maquiavel, o revolucionário</i>.
São Paulo: Ideias & letras, 2016.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 18.0pt;">Na
Itália, Dilma afirma que Brasil precisa de um banho de democracia</span></i><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 18.0pt;">.
Disponível em <</span><a href="http://dilma.com.br/na-italia-presidenta-dilma-diz-que-brasil-precisa-de-um-banho-de-democracia/"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;">http://dilma.com.br/na-italia-presidenta-dilma-diz-que-brasil-precisa-de-um-banho-de-democracia/</span></a><span class="MsoHyperlink"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;">></span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;"> Acessado em 08/02/2017<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;">MÉSZÁROS,
István. <i>O desafio e o fardo do tempo
histórico</i>: o socialismo no século XXI. São Paulo: Boitempo Editorial, 2007.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;">OLIVEIRA,
Francisco de. O momento Lenin In OLIVEIRA, Francisco e RIZEK, Cibele Saliba
(orgs.). <i>A era da indeterminação</i>. São
Paulo: Boitempo Editorial, 2007.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-outline-level: 1; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 18.0pt;">Sader: Dilma é a maior líder contemporânea
na defesa da democracia brasileira</span></i><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 18.0pt;">. Disponível em <</span><a href="http://dilma.com.br/emir-sader-dilma-e-maior-lider-contemporanea-na-defesa-da-democracia-brasileira/"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;">http://dilma.com.br/emir-sader-dilma-e-maior-lider-contemporanea-na-defesa-da-democracia-brasileira/</span></a><span class="MsoHyperlink"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;">></span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;"> Acessado em 08/02/2017</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 18.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/Petismo%20e%20antipetismo%20mis%C3%A9ria%20da%20pol%C3%ADtica%20no%20Brasil.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Cientista social, professor e pesquisador do Instituto Federal do Acre (IFAC) -
<i>Campus</i> Cruzeiro do Sul.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/Petismo%20e%20antipetismo%20mis%C3%A9ria%20da%20pol%C3%ADtica%20no%20Brasil.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Pensemos naqueles que, mesmo sem ter saído às ruas, apoiaram o impedimento de
Dilma, crendo que assim estariam resolvendo os problemas da corrupção e do
desgoverno.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/Petismo%20e%20antipetismo%20mis%C3%A9ria%20da%20pol%C3%ADtica%20no%20Brasil.docx#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Consideremos a recente entrevista que Humberto Costa, ex-líder do governo Dilma
no Senado, deu à revista Veja, ícone do antipetismo. Entre outras coisas, diz
ele que é necessário reconhecer que houve corrupção nos governos petistas. No
entanto, a franqueza de que ele se vale na entrevista só aparece agora, que é
oposição e se esforça para angariar apoio, para o que contaria uma aparente “conversão”.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/Petismo%20e%20antipetismo%20mis%C3%A9ria%20da%20pol%C3%ADtica%20no%20Brasil.docx#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Em sua definição do conceito de <i>virtú</i>,
Fábio<span style="color: red;"> </span>Frosini dá grande ênfase ao elemento
popular. Fortemente influenciado por Gramsci, diz que “em <i>O príncipe</i> se acha de fato presente uma tensão entre duas acepções
diferentes de ‘<i>virtú</i>’, entendida
respectivamente como qualidade pessoal de um indivíduo excepcional e como
vínculo entre o príncipe e o povo em vista de uma regeneração política”
(FROSINI: 2016, 74). <o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn5">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/Petismo%20e%20antipetismo%20mis%C3%A9ria%20da%20pol%C3%ADtica%20no%20Brasil.docx#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Nesta reflexão, optamos por não tratar do papel que a grande imprensa desempenha
neste processo. Não porque seja desimportante. Mas por ser algo já bastante
analisado. <o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn6">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/Petismo%20e%20antipetismo%20mis%C3%A9ria%20da%20pol%C3%ADtica%20no%20Brasil.docx#_ftnref6" name="_ftn6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Concisamente, podemos definir a esquerda pela luta contra o capitalismo, no
sentido de superá-lo. Mesmo que suas estratégias de superação do capitalismo
sejam equivocadas, o que a define é que ela se coloca esse objetivo de
superação. Certa feita, Lula disse que o “PT nunca foi esquerda. Foi sempre um
partido de centro-esquerda”. Como sabemos, a centro-esquerda é fronteira
avançada da direita. Apenas não se assume como direita, por questões de
conveniência. Pensemos na “terceira via”, que dizia não ser nem
esquerda/socialista nem direita/capitalista. Entretanto, foi exatamente ela uma
das principais responsáveis pela implementação das políticas neoliberais que
acabam com direitos sociais e radicalizam os efeitos antidemocráticos do
capitalismo. Recentemente, Fernando Haddad afirmou que o “PT nunca foi um
partido anticapitalista”. Ora, os governos que o PT fez e faz corroboram estas
opiniões de Lula e Haddad. Não há dúvida. Nem na prática nem na teoria o PT é
esquerda. Quando, por vezes, alguns de seus líderes o tratam publicamente como
esquerda é porque o partido está em apuros, precisando do apoio das forças
verdadeiramente de esquerda. De resto, cabe dizer que a ilusão de que o PT é de
esquerda alimenta o espírito aguerrido de sua militância. Para os líderes,
pragmáticos, essa é uma ilusão que serve para a militância, não para eles. Os adversários
do PT (e do petismo) também o tratam como esquerda. As razões disso, sabemos, é
ignorância ou maldade. Nada mais.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn7">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/Petismo%20e%20antipetismo%20mis%C3%A9ria%20da%20pol%C3%ADtica%20no%20Brasil.docx#_ftnref7" name="_ftn7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Contrarreformas é o nome certo.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn8">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/Petismo%20e%20antipetismo%20mis%C3%A9ria%20da%20pol%C3%ADtica%20no%20Brasil.docx#_ftnref8" name="_ftn8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Há uma forte campanha para eleições antecipadas. Veja-se a defesa que fazem em
defesa de “Diretas já”, querendo fazer coincidir farsa e tragédia num mesmo
processo. Neste exato momento, o petismo exulta com o nome de Lula aparecendo
em primeiro lugar numa pesquisa de intenções de votos para presidente.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn9">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/Petismo%20e%20antipetismo%20mis%C3%A9ria%20da%20pol%C3%ADtica%20no%20Brasil.docx#_ftnref9" name="_ftn9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Para ilustrar, um relato pessoal. No Acre, onde moro, já fui chamado de petista
por criticar as contrarreformas de Temer; e de direitista e fascista, por
criticar contrarreformas dos governos petistas. As críticas que me foram
dirigidas por adeptos do petismo, às vezes, eram carregadas de desdém; e, às
vezes, de uma aspereza desproporcional. Vez por outra, vieram acompanhadas de
tentativas de intimidação. <o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn10">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/Petismo%20e%20antipetismo%20mis%C3%A9ria%20da%20pol%C3%ADtica%20no%20Brasil.docx#_ftnref10" name="_ftn10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></a>
As que
se postam no campo mais eminentemente econômico como as que se postam no campo
mais eminentemente político.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn11">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/Petismo%20e%20antipetismo%20mis%C3%A9ria%20da%20pol%C3%ADtica%20no%20Brasil.docx#_ftnref11" name="_ftn11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Como atesta Mészáros, “porque o antagonismo é <i>estrutural</i>, o sistema do capital é - e deve sempre permanecer - <i>irreformável</i> e <i>incontrolável</i>. O fracasso histórico da socialdemocracia reformista
fornece um testemunho eloquente da irreformalidade do sistema; e a crise
estrutural cada vez mais profunda, com seus perigos para a sobrevivência da
humanidade, coloca em acentuado relevo sua incontrolabilidade” (MÉSZÁROS: 2007,
58-59) (destaques do autor). <o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn12">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/Petismo%20e%20antipetismo%20mis%C3%A9ria%20da%20pol%C3%ADtica%20no%20Brasil.docx#_ftnref12" name="_ftn12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Antipetistas argumentam que a tese do golpe é um equívoco, que não se pode
fazer uso dessa expressão sem cair numa defesa inaceitável da ex-presidente e
seus consortes. De nossa parte, uma coisa não equivale à outra. Dilma não caiu,
necessariamente, por ter cometido crime. Caiu por não contar com força política
suficiente para blindá-la. Enfraqueceu-se ao trair seus eleitores e ignorar os
clamores das ruas, quedando, por fim, refém do Congresso e do STF, os
inconfiáveis. Tivesse força política, não teria caído. Sequer teria sido
denunciada. Por outro lado, o grupo político que moveu o processo do
impedimento não o fez por zelo para a com a lei ou por amor para com a justiça.
Seu objetivo era tirá-la da presidência, a fim de colocar outro em seu lugar.
Agiram segundo interesse próprio. Por isso foi golpe. Em suma, a questão é mais
política que jurídica, pouco importando culpa e inocência. Em todo o processo,
o direito (o meio) não foi senão um instrumento a serviço do poder político (o
princípio e fim).<o:p></o:p></div>
</div>
</div>
Coletivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-11013163006170520642016-12-13T08:55:00.000-05:002016-12-13T08:55:00.666-05:00Vamos ser francos<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Vamos ser francos. Temer já cumpriu, em grande parte, seu sujo trabalho. Em primeiro lugar, ao assumir no lugar de Dilma, manteve a aparência de que a democracia e a institucionalidade não foram quebradas. </span></div>
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;"><div style="text-align: justify;">
E, agora, resta tocar em frente suas contrarreformas. Se a Globo e outros setores estão lhe criando embaraços é porque ele só era alternativa em dadas condições. Mas fiquemos cientes. Não abrirão mão dele para perder as rédeas da situação, por força da crise política ou no<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"> jogo viciado das eleições. Não nos enganemos! </span></div>
</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;"><div style="text-align: justify;">
Claro que ainda interessa que ele aprove as contrarreformas. Assim o próximo presidente não precisará se queimar como ele.</div>
<div style="text-align: justify;">
O fora Temer é válido. Entretanto, não esqueçamos que, mais do que as figuras em si, combatemos um projeto social em razão de outro, justo, libertário. </div>
<div style="text-align: justify;">
E, para não perder a oportunidade, FORA TEMER!!!!!!</div>
</span>Coletivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-36525245854343772762016-10-26T12:33:00.000-05:002016-11-09T15:28:58.712-05:00“Espírito corporativo” e “espírito de classe”: apontamentos para uma reflexão sociológica sobre a polícia <div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Israel
Souza</span></b><a href="file:///E:/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/%E2%80%9CEsp%C3%ADrito%20corporativo%E2%80%9D%20e%20%E2%80%9Cesp%C3%ADrito%20de%20classe%E2%80%9D%20apontamentos%20para%20uma%20reflex%C3%A3o%20sociol%C3%B3gica%20sobre%20a%20pol%C3%ADcia.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Em
razão de uma onda de violência que tem vitimado alguns policiais em Rio Branco,
um amigo pede que comentemos, num grupo de <i>whatsapp</i>
que se posta à esquerda no espectro político, o assassinato de um policial. Em
oportunidade outra, disse que “uma dificuldade na esquerda é a nossa relação
com o policial, na sua perspectiva de cidadão e pai de família também”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Implicitamente, é feita
aí uma referência ao modo como a esquerda marxista define a polícia: “o braço
armado do Estado”, garantidor da ordem pela via da violência. Uma definição
nada simpática, diga-se. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> O
texto que segue procura responder a essas e outras colocações. Também procura
contribuir para a reflexão sobre o problema da violência que ora se impõe em
sentido teórico e prático, problematizando o papel da polícia e sua intersecção
com as classes sociais e o Estado. Para o que reputamos como uma reflexão
adequada sobre o tema, julgamos necessário assumir uma visão mais geral, a fim
de não ficarmos presos a um caso individual - por mais comovente e justo que
seja -, extrapolando-o indevida e perigosamente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Marxistamente, partimos
do Estado e do papel que este cumpre no sistema capitalista. No entanto, embora
consideremos a definição marxista da polícia como correta, em sua essência,
precisamos desdobrá-la, situá-la histórica e sociologicamente, a fim de não
ficarmos reféns dos jargões. Daí a importância de tratar da intersecção
existente entre a polícia e as classes sociais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mostrando seu caráter
classista e, ao mesmo tempo, revelando sua natureza violenta, o Estado (<i>estrito senso</i>) atua essencialmente como
mantenedor do sistema capitalista. Como sabemos, este é um sistema que,
inexoravelmente, gera riqueza concentrada numa ponta e miséria expandida na
outra. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A polícia militar encarna
e desvela a face mais crua e perversa desse Estado: a violência. Por uma
questão estrutural (o lugar que ela assume no Estado) e histórico-cultural
(como ela incorpora sua função), a polícia militar é treinada para lidar com
“bandidos” e manter a “ordem”. A palavra “bandidos” vem assim, entre aspas,
porque assim são tratados mesmo os cidadãos honestos que ousam lutar por seus
direitos, como trabalhadores e estudantes<a href="file:///E:/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/%E2%80%9CEsp%C3%ADrito%20corporativo%E2%80%9D%20e%20%E2%80%9Cesp%C3%ADrito%20de%20classe%E2%80%9D%20apontamentos%20para%20uma%20reflex%C3%A3o%20sociol%C3%B3gica%20sobre%20a%20pol%C3%ADcia.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Em
geral, para manter a ordem, a truculência e a letalidade são marcas da atuação
policial brasileira. Isso é sobejamente ilustrado em dados e pesquisas várias.</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Segundo </span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">dados
</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Anuário
Brasileiro de Segurança Pública de 2014, “em apenas cinco anos, as polícias
brasileiras - civil (!) e militar - mataram tanto quanto a americana em três
décadas”. (<</span><a href="https://noticias.terra.com.br/brasil/policia/policia-brasileira-mata-e-morre-mais-do-que-em-outros-paises,9828b860e660a410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">https://noticias.terra.com.br/brasil/policia/policia-brasileira-mata-e-morre-mais-do-que-em-outros-paises,9828b860e660a410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html</span></a><span class="MsoHyperlink"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">> Acessado em 15/09/2016</span></span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">)</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">.</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Já em 2015, o “<span style="letter-spacing: -.1pt;">Relatório da Anistia Internacional” destacou que a
“</span></span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -0.25pt; line-height: 150%;">força policial brasileira é a que mais mata no mundo”. Segundo o
Relatório, em 2012, “foram 56 mil homicídios (<</span><a href="http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2015/09/forca-policial-brasileira-e-que-mais-mata-no-mundo-diz-relatorio.html"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2015/09/forca-policial-brasileira-e-que-mais-mata-no-mundo-diz-relatorio.html</span></a><span class="MsoHyperlink"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">> Acessado em 15/09/2016)</span></span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -0.25pt; line-height: 150%;">. Ainda de acordo com o Relatório, em 2014, 15,6% dos homicídios tinham
um policial no gatilho”. </span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -0.25pt; line-height: 150%;"> Para a Anistia Internacional, os policiais “atiram em
pessoas que já se renderam, que já estão feridas e sem uma advertência que
permitisse que o suspeito se entregue”. Considerando o perigo, vê-se que, no mais
das vezes, a violência policial é desproporcional, desnecessária e, mesmo,
covarde. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -0.25pt; line-height: 150%;">Sem
exageros, pode-se afirmar que se trata de um <i>modus operandi</i> que se naturaliza ao se internalizar e se
internaliza ao se naturalizar. Com o tempo</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">, a hierarquia e a
disciplina se impõe, condicionando as consciências individuais. E, mesmo onde
estas se mostram avessas à truculência e às execuções, não exercem grande
força. Permanecem casos isolados, pontuais, sem grandes repercussões, incapazes
de modificar tal quadro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -0.25pt; line-height: 150%;">Assim,
penso estarmos diante de um <i>habitus</i> de
duplo caráter que responde tanto ao “espírito corporativo” como ao “espírito de
classe”. Para Bourdieu, <i>habitus</i> é um
“sistema de disposições socialmente constituídas que, enquanto estruturas
estruturadas e estruturantes, constituem o princípio gerador e unificador do
conjunto das práticas e das ideologias características de um grupo de agentes”<a href="file:///E:/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/%E2%80%9CEsp%C3%ADrito%20corporativo%E2%80%9D%20e%20%E2%80%9Cesp%C3%ADrito%20de%20classe%E2%80%9D%20apontamentos%20para%20uma%20reflex%C3%A3o%20sociol%C3%B3gica%20sobre%20a%20pol%C3%ADcia.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; letter-spacing: -0.25pt; line-height: 107%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a>. O autor
fala ainda do <i>habitus</i> como um
“sistema de disposições inconscientes que constitui o produto da interiorização
das estruturas objetivas” (BOURDIEU, 2007, p. 191; 201).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -0.25pt; line-height: 150%;">Por este
prisma, podemos entender o <i>modus operandi</i>
da polícia como expressão de um “sistema de disposições socialmente
constituídas”, um sistema estruturado e estruturante, isto é, que se impõe ao
se perpetuar e se perpetua ao se impor. Um tanto de tais disposições é inconsciente
e representa o quanto as estruturas foram interiorizadas, gerando,
condicionando e unificando práticas, valores e ideologias. Para usar as
célebres palavras de Marx e Engels de <i>A
ideologia alemã</i>, dizemos que é o “ser social determinando a consciência”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -0.25pt; line-height: 150%;">Dizíamos,
acima, que estamos diante de um <i>habitus</i>
de duplo caráter que responde tanto ao espírito corporativo como ao de classe. </span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
que aqui comparece como “espírito de classe” pode também ser tomado como
“posicionamento de classe”. Um posicionamento que pode ser consciente ou não.
No geral, é mais inconsciente que consciente. Daí uma classe minoritária/menor
subjugar uma classe majoritária/maior. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Eis aqui o que tratamos
por “intersecção da polícia com as classes sociais”. Essa intersecção se dá
tanto pela “condição de classe” como pelo “posicionamento de classe”.
Explicando melhor. Quando olhada a partir da sociedade e das classes
fundamentais que a constituem, a polícia é parte da classe dominada, através de
sua “condição de classe” (lugar de classe), elemento inelutavelmente objetivo.
Afinal, é desta que sai a quase totalidade de seus membros. Entretanto, quando
olhada a partir do Estado, a polícia é vinculada à classe dominante através da
defesa ativa da ordem, assumindo, assim, um posicionamento favorável a esta
classe. Este elemento último é de natureza subjetiva com implicações práticas,
portanto, concretas, reais.</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -0.25pt; line-height: 150%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -0.25pt; line-height: 150%;">Via de
regra, essa intersecção da polícia com as classes sociais é negligenciada e o
que é mais patente - e, em razão disso, o mais criticado - é o “espírito corporativo”.
Essa perspectiva atribui todos os problemas à corporação. Mas erra, pois, ao
assim fazer, separa a polícia do Estado e da sociedade, deixando de considerar
a função classista que a polícia desempenha e que a ela se impõe. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -0.25pt; line-height: 150%;">A função
classista que se impõe à polícia? Quer isto dizer que ela (a polícia) não a
desempenha (a função classista) em condições de plena consciência e liberdade,
como os que focam unicamente na corporação parecem entender. Misturam-se, no
desempenho da função, no posicionamento de classe, elementos conscientes e
elementos inconscientes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -0.25pt; line-height: 150%;">Diria mesmo
que, quanto mais consciente e forte for o “espírito corporativo”, menos
consciente e fortemente ativo é o “espírito classista” de sua atuação. Quanto
mais convicto está o policial de que serve à sua corporação, menos consciente é
de que serve, por esta via, a classe dominante, de que assume um posicionamento
favorável a esta. Toda dedicação à corporação é con-vertida, através da defesa
truculenta e letal da ordem, em dedicação à classe dominante. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -0.25pt; line-height: 150%;">Para dizer
sinteticamente: o “espírito classista” se abriga, fortalece e oculta no “espírito
corporativo”. Daí a convicção, forte entre policiais, de que atuam
indistintamente em nome de toda a sociedade. E, se usam de violência e
letalidade, pensam, é por necessidade e para o bem de todos. Os fins
justificariam os meios, também aqui. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -0.25pt; line-height: 150%;">Fosse
consciente o fundo classista de sua função assim exercida, faltaria convicção
aos policiais. Faltando convicção, a função não seria exercida com a mesma
presteza, sentido de honra e espírito de sacrifício<a href="file:///E:/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/%E2%80%9CEsp%C3%ADrito%20corporativo%E2%80%9D%20e%20%E2%80%9Cesp%C3%ADrito%20de%20classe%E2%80%9D%20apontamentos%20para%20uma%20reflex%C3%A3o%20sociol%C3%B3gica%20sobre%20a%20pol%C3%ADcia.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; letter-spacing: -0.25pt; line-height: 107%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></a>. O
soldado (militar) que vai à guerra precisa crer, sem reservas, na causa que
defende. Caso contrário, ou se acovarda ou se rebela. Portanto, a ilusão
alimenta e justifica o <i>modus operandi</i>.
E assim, nascendo de certas condições sociais e sobre elas retroagindo, fortalecendo-as,
a ideologia cumpre seu prático papel. Eis aqui o outro lado do caráter de seu <i>habitus</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -0.25pt; line-height: 150%;">Deixando o
campo da explicação teórica de lado, perguntemos: Onde é possível constatar o
caráter classista da atuação da polícia? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -0.25pt; line-height: 150%;">Em primeiro
lugar, basta olhar quem são suas principais vítimas. Segundo o citado Relatório
da Anistia Internacional, “entre as vítimas da violência policial no Rio, entre
2010 e 2013, 99,5% eram homens. Quase 80% das vítimas eram negras e três em
cada quatro, 75%, tinham idades entre 15 e 29 anos” (<</span><a href="http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2015/09/forca-policial-brasileira-e-que-mais-mata-no-mundo-diz-relatorio.html"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2015/09/forca-policial-brasileira-e-que-mais-mata-no-mundo-diz-relatorio.html</span></a><span class="MsoHyperlink"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">> Acessado em 15/09/2016)</span></span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -0.25pt; line-height: 150%;">. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -0.25pt; line-height: 150%;">A maioria
dos policiais envolvida nestes casos nunca foi punida. Os processos, quando
abertos, seguem lentos e incertos<a href="file:///E:/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/%E2%80%9CEsp%C3%ADrito%20corporativo%E2%80%9D%20e%20%E2%80%9Cesp%C3%ADrito%20de%20classe%E2%80%9D%20apontamentos%20para%20uma%20reflex%C3%A3o%20sociol%C3%B3gica%20sobre%20a%20pol%C3%ADcia.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; letter-spacing: -0.25pt; line-height: 107%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></a>. A
explicação para isso é relativamente simples. É o Estado sendo conivente com o
Estado. No Brasil, essa é uma das principais formas de que o Estado se vale
para garantir sua função de zelador da ordem. Por tanto, é impossível que em
tudo seja rigoroso consigo mesmo e com aqueles que cumprem seu sujo papel. Caso
contrário, seria inoperante e entraria em curto-circuito, em contradição
insolúvel consigo mesmo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -0.25pt; line-height: 150%;">Por outro
lado, abundam os casos em que policiais são penalizados ao simplesmente tentarem
exercer suas funções enquadrando pessoas ricas ou personalidades<a href="file:///E:/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/%E2%80%9CEsp%C3%ADrito%20corporativo%E2%80%9D%20e%20%E2%80%9Cesp%C3%ADrito%20de%20classe%E2%80%9D%20apontamentos%20para%20uma%20reflex%C3%A3o%20sociol%C3%B3gica%20sobre%20a%20pol%C3%ADcia.docx#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; letter-spacing: -0.25pt; line-height: 107%;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></a>. Aos de
baixo, truculência e execuções; aos de cima, nem mesmo autuações formais.
Obviamente, há exceções quanto a isto. Mas estas só confirmam a regra. A
polícia pode crescer e se impor somente aos de baixo. Passando disso, sua
atuação sofre restrições. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Em
segundo lugar, ainda quanto ao caráter classista da atuação da polícia, vale
perguntar: Por que a polícia não cultua os militares revolucionários que se
colocaram e se colocam ao lado do povo, como Che Guevara, Fidel Castro e Hugo
Chávez? Por que tantos policiais se colocam ao lado de Bolsonaro, apologeta da
repressão, do golpe de 1964 e da tortura? Fazem isso porque se identificam com
essa figura, antipopular, anti-trabalhista, déspota etc. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O que aqui é colocado
não é coisa de pouca monta. Diz respeito a uma questão de identidade, a como a
polícia se entende, em quem ela se espelha. Como disse um militar nas redes
sociais: “Feliz é a nação cujo Bolsonaro é o presidente”. Disse, certamente, guiado
por seu “espírito corporativo”. Todavia, como foi dito há pouco, </span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -0.25pt; line-height: 150%;">o “espírito classista” se abriga, fortalece e oculta no “espírito
corporativo”. Desse modo, ao elogiar Bolsonaro, elogiam um</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">a
figura antipopular, anti-trabalhista, déspota, antidemocrática, características
em tudo favoráveis à classe dominante. Considere-se a esse respeito a dúbia
posição de Bolsonaro na votação da PEC 241/2016, negando-a, num momento,
para defendê-la, noutro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> O
que sucederia se tivesse saído da boca de Fidel, Trotsky, Che, Chávez ou mesmo de
Lula o que saiu da boca de Bolsonaro sobre sonegação, estupro e tortura? Ouso
ainda perguntar: Por que os militares brasileiros não cultuam os militares que,
no Brasil, se colocaram contra o golpe de 1964? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Como
sabemos, havia uma </span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">corrente de militares que apoiava Jango e via nas
reformas de base que ele propunha um importante caminho para o Brasil<a href="file:///E:/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/%E2%80%9CEsp%C3%ADrito%20corporativo%E2%80%9D%20e%20%E2%80%9Cesp%C3%ADrito%20de%20classe%E2%80%9D%20apontamentos%20para%20uma%20reflex%C3%A3o%20sociol%C3%B3gica%20sobre%20a%20pol%C3%ADcia.docx#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></a>.
Embora tratada como “subversiva”, essa corrente que contava com bases em São
Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul mantinha uma posição nacionalista e
lutava por direitos para os militares, como os de patentes mais baixas poderem
votar. Entre outras, defendia reformas como a bancária, a fiscal, a urbana, a
administrativa, a agrária e a universitária. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O apoio
hipotecado ao então presidente se devia também ao fato de ele defender a
necessidade de estender o direito de voto aos analfabetos e às patentes
subalternas das Forças Armadas, além de uma maior intervenção do Estado na vida
econômica e do controle dos investimentos estrangeiros no País, acompanhado da
regulamentação das remessas de lucros para fora. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Durante o
período ditatorial, 7,5 mil membros das Forças Armadas e bombeiros foram
perseguidos, presos, torturados ou expulsos das corporações por se oporem à
ditadura. Embora essas medidas atingissem oficiais, a maioria dos vitimados
eram cabos e soldados<a href="file:///E:/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/%E2%80%9CEsp%C3%ADrito%20corporativo%E2%80%9D%20e%20%E2%80%9Cesp%C3%ADrito%20de%20classe%E2%80%9D%20apontamentos%20para%20uma%20reflex%C3%A3o%20sociol%C3%B3gica%20sobre%20a%20pol%C3%ADcia.docx#_ftn8" name="_ftnref8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></a>.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Vê-se,
pelo exposto, que as reivindicações assumidas pelos militares que se opuseram
ao golpe de 1964 são facilmente identificáveis como democráticas. Entretanto,
eles não são cultuados por seus pares, irmãos de farda. E, se o são, é de modo
um tanto tacanho. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ainda hoje, militares que ousam
discordar da corporação são constrangidos ou imediata e severamente punidos. Um
“</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">policial
conta que virou persona non grata em grupos no WhatsApp e tem suas postagens no
Facebook ridicularizadas. Num dos posts, ele reprova a ação de PMs acusados de
cometer uma chacina para vingar a morte de um amigo. “Todos disseram ‘como você
faz isso? O cara (assassinado) era pai de família’. E as famílias dos meninos
mortos não estão sofrendo, não? Sou visto como uma anomalia. Muitos dizem que
sou um lixo.” (<</span><a href="http://outraspalavras.net/outrasmidias/capa-outras-midias/policiais-pensadores/"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">http://outraspalavras.net/outrasmidias/capa-outras-midias/policiais-pensadores/</span></a><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">>
Acessado em 04/10/2016)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Veja-se,
também, o caso recente do soldado João Figueiredo da Silva, do Rio Grande do
Norte, que criticou a corporação nas redes sociais. Para ele, “Esse estado policialesco não serve nem ao
povo e muito menos aos policiais que também compõe uma parcela significativa de
vítimas do atual contrato social brasileiro. Temos uma polícia que se assemelha
a jagunços, reflexo de uma sociedade hipócrita, imbecil e desonesta”. E
ainda: “repito: o modelo de polícia
ostensiva baseado nos moldes militares é uma aberração para o estado
democrático e de direito, a começar pelo exercício da cidadania nesse ambiente
onde a importância do subordinado se resume apenas a um elemento de execução”.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em
entrevista, o soldado conclui: </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">“a nossa conduta tem reflexos diretos no
tratamento ao povo. Um pm que dorme em ambiente inóspito, que come mal, que é
mal tratado, isso é uma bomba prestes a estourar em cima do povo, e é uma bomba”.
(<</span><a href="http://www.esquerdadiario.com.br/Soldado-tem-prisao-decretada-apos-criticar-Policia-Militar-na-internet"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">http://www.esquerdadiario.com.br/Soldado-tem-prisao-decretada-apos-criticar-Policia-Militar-na-internet</span></a><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">> Acessado em 27/09/2016).</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Muito claramente,
a hierarquia cumpre aí o papel de disciplinamento físico e ideológico. Coisas
como essa evidenciam que militares projetam nos civis o regime de exceção a que
estão submetidos. Não obstante, pelo que vimos há pouco, é possível perceber
que o <i>habitus</i> dos militares não é
fechado, absoluto, a ponto de impedir manifestações e posturas verdadeiramente
democráticas. Muitos são os que se postaram e se postam neste sentido.
Entretanto, o que mais ganha vulto na cena política é uma atuação militar elitista,
antidemocrática, antipopular, antitrabalhista etc. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> As
raízes de tal postura são encontradas ao longo de nossa história. Lembremos que,
pelas mãos dos militares, o Brasil virou uma república, conservadora,
antipopular. Uma Res-pública que nasce sem público/povo e contra o
público/povo. Uma república “costurada” por cima, contra os de baixo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Passado
que se faz presente. Em nossos dias, como à época do regime ditatorial, os
militares continuam tratando manifestações e reivindicações democráticas como
“subversivas”. São inúmeros os casos de violência contra estudantes,
professores, trabalhadores, manifestantes em geral e jornalistas por todo o
país. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Isso é notório,
sobretudo, sob governos de orientação claramente despótica. Esse é outro
elemento que, pela mediação do Estado e da defesa da ordem, desnuda o “espírito
classista” da atuação da polícia. Quanto mais sujeito aos interesses da classe
dominante, mais déspota é o governo e mais truculenta a atuação que este exige
da polícia - São Paulo e Paraná são exemplos disso. O antipetismo e a
fascistização da política, que grassam em nosso meio e vêm alimentado o
antiesquerdismo de largas fileiras policiais, apenas dificultam ainda mais as
coisas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Esse fator mostra que a
explicação para atuação truculenta e letal por parte da polícia não se encontra
apenas na corporação. Para entender seu <i>modus
operandi</i> é necessário considerar a corporação, sua relação com o
Estado/governo e o papel que este opera no sistema (a favor de uma classe e contra
a outra). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Por
fim, um ponto nada desimportante. Quase paradoxalmente, embora cumpra uma das
mais importantes funções para o Estado e para os que dominam, a polícia é desassistida.
Quase tudo o que lhe oferecem é precário: treinamento, equipamento, valorização,
salário, condições de trabalho e etc. A frase “<i>Fardado, você também é explorado</i>”<a href="file:///E:/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/%E2%80%9CEsp%C3%ADrito%20corporativo%E2%80%9D%20e%20%E2%80%9Cesp%C3%ADrito%20de%20classe%E2%80%9D%20apontamentos%20para%20uma%20reflex%C3%A3o%20sociol%C3%B3gica%20sobre%20a%20pol%C3%ADcia.docx#_ftn9" name="_ftnref9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></a>,
ouvida em manifestações diversas, mostra aqui toda sua verdade e põe à luz
outra dimensão da intersecção da polícia com as classes sociais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O Anuário Brasileiro de Segurança
Pública de 2014 aponta que, entre as polícias do mundo, a brasileira é a que
mais morre vítima da criminalidade (<</span><a href="https://noticias.terra.com.br/brasil/policia/policia-brasileira-mata-e-morre-mais-do-que-em-outros-paises,9828b860e660a410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">https://noticias.terra.com.br/brasil/policia/policia-brasileira-mata-e-morre-mais-do-que-em-outros-paises,9828b860e660a410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html</span></a><span class="MsoHyperlink"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">> Acessado em 15/09/2016</span></span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">)</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">. </span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">É a que mais mata. É a que mais
morre. Assim a polícia brasileira. Como explicar isso? Ora, </span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">de
um lado e do outro, o que temos é pobre matando pobre. A classe dominante e os
governos querem que a polícia faça o papel sujo que lhes convém, mas dela não
cuidam. Afinal, quase a totalidade da polícia é formada por pobres e, neste
sentido, são tão descartáveis quanto os outros pobres. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A diferença a ser
ressaltada é que muitos dos pobres da polícia morrem defendo o Estado e os
dominantes, os inimigos de ambos os grupos de pobres. Os da polícia e os que
não são da polícia. Além do mais, aí como em nenhum outro lugar, os pobres
sobreviventes desta guerra (entre pobres) cumprem a função mais que explícita
de “exército de reserva”. A eles cabe manter os salários sempre baixos e, por
força de uma necessidade sempre renovada, ocupar o lugar dos que se “foram” e
matar e morrer em nome da “ordem”<a href="file:///E:/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/%E2%80%9CEsp%C3%ADrito%20corporativo%E2%80%9D%20e%20%E2%80%9Cesp%C3%ADrito%20de%20classe%E2%80%9D%20apontamentos%20para%20uma%20reflex%C3%A3o%20sociol%C3%B3gica%20sobre%20a%20pol%C3%ADcia.docx#_ftn10" name="_ftnref10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Chegados a este ponto,
é possível perceber que focar unicamente e comover-se com a morte de um
policial honesto 1) pode levar a homogeneizar a polícia como corporação
virtuosa<a href="file:///E:/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/%E2%80%9CEsp%C3%ADrito%20corporativo%E2%80%9D%20e%20%E2%80%9Cesp%C3%ADrito%20de%20classe%E2%80%9D%20apontamentos%20para%20uma%20reflex%C3%A3o%20sociol%C3%B3gica%20sobre%20a%20pol%C3%ADcia.docx#_ftn11" name="_ftnref11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></a>.
Coisa que ela não é. Outrossim, 2) pode levar a ignorar que o Estado local (Acre)
descuida da questão social. Importa lembrar que, segundo dados do Ipea, o
estado do Acre apresentou a maior desigualdade da região amazônica e a segunda
maior do país, perdendo, quanto a isso, apenas para o DF (SOUZA: 2014, 235-6). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">É fora de dúvida que
estas condições sociais têm relação direta com o fato de termos,
percentualmente, o maior número de detentos do país. Os “descobertos” pela
política social - que no capitalismo, em todo caso, pode ter apenas papel
cosmético, inglório - são “cobertos” pela “política policial”. E assim, como
entre o século XVII e inícios XX, a questão social volta a ser tratada como
questão policial, cabendo à polícia uma função nada honrosa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">3) Como se pouco fosse,
isso pode levar também a ignorar que o governo baixou a guarda para o crime
organizado que por aqui (Acre) vem se instalando em razão da precariedade da segurança
pública e da desassistência à própria polícia. Em conversas informais, os
próprios policiais afirmam que, por várias vezes, alertaram o governo quanto à
atuação de diversas facções no estado. O governo se fez de rogado, atuando
apenas quando e onde era impossível ignorar ou encobrir a atuação violenta e
criminosa de tais facções.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">4) Demais, pode levar a
uma homogeneização negativa dos desvalidos em geral, daqueles que se enquadram
em certo estereótipo de suspeitos. Os membros da polícia quando assassinados
viram heróis. E os desvalidos, quando assassinados, viram o quê?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> E,
por fim, 5) pode levar a legitimar a truculência e a letalidade por parte da
polícia, a sacralizar a violência do Estado e a considerá-la como o caminho
único ou o melhor para resolver os problemas da segurança. Tudo isso poderá
levar a considerar o fracasso das políticas sociais do Estado como seu sucesso.
Em síntese, o conjunto de tudo isso pode levar a considerar a truculência e a
letalidade do Estado como um graça descida dos céus, prova de inigualáveis
misericórdia, bondade e amor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Tenho
parentes e amigos na polícia. E eu os amo e respeito. E, da mesma maneira que
não os quero mortos só por serem da polícia, também não os quero truculentos e letais
só por serem da polícia. Não os quero assassinos. Não os quero assassinados. É
preciso saber quem é o verdadeiro inimigo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Bom saber que, em
pesquisa relativamente recente<a href="file:///E:/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/%E2%80%9CEsp%C3%ADrito%20corporativo%E2%80%9D%20e%20%E2%80%9Cesp%C3%ADrito%20de%20classe%E2%80%9D%20apontamentos%20para%20uma%20reflex%C3%A3o%20sociol%C3%B3gica%20sobre%20a%20pol%C3%ADcia.docx#_ftn12" name="_ftnref12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></a>,
77,2% dos policiais são a favor da desmilitarização da PM. Entretanto, nossa
quadra histórica não é das melhores. Em momentos assim, de retrocesso social
como o que atravessamos, crescem, num mesmo processo, a criminalidade e a
repressão policial. Mais pobres tombando, de ambos os lados, uns pelas mãos dos
outros. O medo e o sentimento de vingança - insuspeito sob o manto da defesa da
justiça - apenas servirão como combustível ao fogo da violência. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ademais, nesse tipo de
cenário, a desmilitarização deixaria a polícia ainda mais vulnerável,
imprestável para o papel que as classes dominantes e os governos querem que ela
desempenhe. Isso coloca sérios obstáculos a uma reorientação na atuação policial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Desse modo, seguimos tateando, entre sombras e
luz. Sofrendo porque a polícia mata, sofrendo porque a polícia morre. Mas
convictos de que, como dizia Marx em suas <i>Teses
sobre Feuerbach</i>, mais que compreender, é preciso mudar o mundo. É preciso encarar
e efetivar uma mudança epocal, isto é, uma mudança histórica e estrutural.
Apenas numa sociedade diferente e num Estado diferente é possível pensar numa
polícia diferente.</span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 0px;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Referências bibliográficas<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 0px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">BOURDIEU, Pierre. <i>A economia das trocas simbólicas</i>. São Paulo: Perspectiva, 2007.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">BOURDIEU, Pierre. <i>O poder simbólico</i>. Reio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">SOUZA, Israel Pereira Dias de. <i>Democracia no Acre</i>: notícias de uma ausência. Rio de Janeiro: Editora Publit, 2014.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 0px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 0px;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Sites e blogs visitados<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 0px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 0px;">
<i><span style="background: white; font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Agente de trânsito terá que indenizar magistrado em R$ 5 mil por dizer que “juiz não é Deus”</span></i><span style="background: white; font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">. Disponível em <</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><a href="http://extra.globo.com/noticias/economia/agente-de-transito-tera-que-indenizar-magistrado-em-5-mil-por-dizer-que-juiz-nao-deus-14446492.html"><span style="letter-spacing: -0.25pt;">http://extra.globo.com/noticias/economia/agente-de-transito-tera-que-indenizar-magistrado-em-5-mil-por-dizer-que-juiz-nao-deus-14446492.html</span></a></span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.25pt;">> Acessado em 24/09/2016<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.7pt;">FAGUNDES, </span><strong><span style="background: white; font-size: 12pt; font-weight: normal;">Ingrid.</span></strong><strong><span style="background: white; font-size: 12pt;"> </span></strong><i><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.75pt;"><a href="http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/policiais-pensadores/"><span style="color: windowtext; text-decoration: none;">A notável resistência dos Policiais Pensadores</span></a></span></i><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.75pt;">. Disponível em <</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><a href="http://outraspalavras.net/outrasmidias/capa-outras-midias/policiais-pensadores/"><span style="color: windowtext; text-decoration: none;">http://outraspalavras.net/outrasmidias/capa-outras-midias/policiais-pensadores/</span></a>> Acessado em 04/10/2016<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 0px;">
<i><span style="color: #333333; font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.7pt;">Força policial brasileira é a que mais mata no mundo</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.7pt;">, diz relatório. Disponível <</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><a href="http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2015/09/forca-policial-brasileira-e-que-mais-mata-no-mundo-diz-relatorio.html">http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2015/09/forca-policial-brasileira-e-que-mais-mata-no-mundo-diz-relatorio.html</a><span class="MsoHyperlink">> Acessado em 15/09/2016</span></span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.25pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">GEYGER, Rafael. <i><span style="color: #191917;">Polícia brasileira mata e morre mais do que em outros países</span></i><span style="color: #191917;">. Disponível em </span><<a href="https://noticias.terra.com.br/brasil/policia/policia-brasileira-mata-e-morre-mais-do-que-em-outros-paises,9828b860e660a410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html">https://noticias.terra.com.br/brasil/policia/policia-brasileira-mata-e-morre-mais-do-que-em-outros-paises,9828b860e660a410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html</a><span class="MsoHyperlink">> Acessado em 15/09/2016<o:p></o:p></span></span></div>
<h1 style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-indent: 0px;">
<span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">GOMBATA, Marsílea. <i><span style="color: #231f20; letter-spacing: -0.6pt;">A resistência militar contra o golpe de 1964</span></i><span style="color: #231f20; letter-spacing: -0.6pt;">. </span>Disponível em <<a href="http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-resistencia-militar-contra-o-golpe-de-1964-4212.html">http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-resistencia-militar-contra-o-golpe-de-1964-4212.html</a>> Acessado em 15/09/2016<o:p></o:p></span></h1>
<h1 style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-indent: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-size: 12pt; font-weight: normal;">MARANHÃO, Fabiana. </span><i><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal; letter-spacing: -0.85pt;">Pesquisa diz que 77,2% dos policiais são a favor da desmilitarização da PM</span></i><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal; letter-spacing: -0.85pt;">. Disponível em <</span><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;"><a href="http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2014/07/30/um-terco-dos-policiais-brasileiros-pensa-em-deixar-corporacao-diz-pesquisa.htm">http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2014/07/30/um-terco-dos-policiais-brasileiros-pensa-em-deixar-corporacao-diz-pesquisa.htm</a>> Acessado em 04/10/2016<o:p></o:p></span></h1>
<h1 style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-indent: 0px;">
<i><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">Soldado tem prisão decretada após criticar Polícia Militar na internet</span></i><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">. Disponível em</span><span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></h1>
<div style="line-height: normal; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10pt;"></span></div>
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><<a href="http://www.esquerdadiario.com.br/Soldado-tem-prisao-decretada-apos-criticar-Policia-Militar-na-internet"><span style="background: white;">http://www.esquerdadiario.com.br/Soldado-tem-prisao-decretada-apos-criticar-Policia-Militar-na-internet</span></a><span style="background: white;">> Acessado em 27/09/2016</span></span></div>
</div>
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/%E2%80%9CEsp%C3%ADrito%20corporativo%E2%80%9D%20e%20%E2%80%9Cesp%C3%ADrito%20de%20classe%E2%80%9D%20apontamentos%20para%20uma%20reflex%C3%A3o%20sociol%C3%B3gica%20sobre%20a%20pol%C3%ADcia.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Cientista Social com
habilitação em Ciência Política, mestre em Desenvolvimento Regional, professor
e pesquisador do Instituto Federal do Acre (IFAC), Campus Cruzeiro do Sul. E-mail:
israelpolitica@gmail.com<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/%E2%80%9CEsp%C3%ADrito%20corporativo%E2%80%9D%20e%20%E2%80%9Cesp%C3%ADrito%20de%20classe%E2%80%9D%20apontamentos%20para%20uma%20reflex%C3%A3o%20sociol%C3%B3gica%20sobre%20a%20pol%C3%ADcia.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a>
“Nossa formação é voltada para guerra -
existe nós e os inimigos. E às vezes são os cidadãos que juramos defender”, diz
um policial entrevistado (<<a href="http://outraspalavras.net/outrasmidias/capa-outras-midias/policiais-pensadores/">http://outraspalavras.net/outrasmidias/capa-outras-midias/policiais-pensadores/</a>> Acessado em 04/10/2016)<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/%E2%80%9CEsp%C3%ADrito%20corporativo%E2%80%9D%20e%20%E2%80%9Cesp%C3%ADrito%20de%20classe%E2%80%9D%20apontamentos%20para%20uma%20reflex%C3%A3o%20sociol%C3%B3gica%20sobre%20a%20pol%C3%ADcia.docx#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a>
O “grupo de agentes” aqui em tela é a polícia que, ao longo de todo o texto, é
tratada como “corporação”.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///E:/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/%E2%80%9CEsp%C3%ADrito%20corporativo%E2%80%9D%20e%20%E2%80%9Cesp%C3%ADrito%20de%20classe%E2%80%9D%20apontamentos%20para%20uma%20reflex%C3%A3o%20sociol%C3%B3gica%20sobre%20a%20pol%C3%ADcia.docx#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></a> De
sacrificar e sacrificar-se, para aclarar a questão.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn5">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/%E2%80%9CEsp%C3%ADrito%20corporativo%E2%80%9D%20e%20%E2%80%9Cesp%C3%ADrito%20de%20classe%E2%80%9D%20apontamentos%20para%20uma%20reflex%C3%A3o%20sociol%C3%B3gica%20sobre%20a%20pol%C3%ADcia.docx#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></a>
<span style="letter-spacing: -.25pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">“A Anistia
Internacional acompanhou 220 investigações sobre mortes causadas por policiais
desde 2011. Em quatro anos, em apenas um caso, o policial chegou a ser
formalmente acusado pela Justiça. Em 2015, desses 220 casos, 183 investigações
ainda não tinham sido concluídas” (<</span><a href="http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2015/09/forca-policial-brasileira-e-que-mais-mata-no-mundo-diz-relatorio.html">http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2015/09/forca-policial-brasileira-e-que-mais-mata-no-mundo-diz-relatorio.html</a><span class="MsoHyperlink">> Acessado em
15/09/2016)</span><span style="letter-spacing: -.25pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn6">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/%E2%80%9CEsp%C3%ADrito%20corporativo%E2%80%9D%20e%20%E2%80%9Cesp%C3%ADrito%20de%20classe%E2%80%9D%20apontamentos%20para%20uma%20reflex%C3%A3o%20sociol%C3%B3gica%20sobre%20a%20pol%C3%ADcia.docx#_ftnref6" name="_ftn6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></a>
<span style="letter-spacing: -.25pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Vide o caso da agente
de trânsito que foi obrigada a indenizar o juiz por dizer a ele, numa operação
da Lei Seca, que “juiz não é Deus”. O juiz dirigia um veículo sem placa
identificadora e sem Carteira Nacional de Habilitação (<</span><a href="http://extra.globo.com/noticias/economia/agente-de-transito-tera-que-indenizar-magistrado-em-5-mil-por-dizer-que-juiz-nao-deus-14446492.html"><span style="letter-spacing: -.25pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">http://extra.globo.com/noticias/economia/agente-de-transito-tera-que-indenizar-magistrado-em-5-mil-por-dizer-que-juiz-nao-deus-14446492.html</span></a><span style="letter-spacing: -.25pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">> Acessado em 24/09/2016).</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn7">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/%E2%80%9CEsp%C3%ADrito%20corporativo%E2%80%9D%20e%20%E2%80%9Cesp%C3%ADrito%20de%20classe%E2%80%9D%20apontamentos%20para%20uma%20reflex%C3%A3o%20sociol%C3%B3gica%20sobre%20a%20pol%C3%ADcia.docx#_ftnref7" name="_ftn7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></a>
As informações deste e dos dois parágrafos que a ele se seguem foram extraídas
do artigo A resistência militar ao golpe de 1964 (<<a href="http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-resistencia-militar-contra-o-golpe-de-1964-4212.html">http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-resistencia-militar-contra-o-golpe-de-1964-4212.html</a>>
Acessado em 15/09/2016).<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn8">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/%E2%80%9CEsp%C3%ADrito%20corporativo%E2%80%9D%20e%20%E2%80%9Cesp%C3%ADrito%20de%20classe%E2%80%9D%20apontamentos%20para%20uma%20reflex%C3%A3o%20sociol%C3%B3gica%20sobre%20a%20pol%C3%ADcia.docx#_ftnref8" name="_ftn8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></a><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[8]</span></span><!--[endif]--></span>
O número, que remete ao período da ditadura
cívico militar, não leva em conta repressão, tortura e mortes antes do golpe,
apesar de perseguições a militares datarem do ano de 1946. “Eles eram presos,
por exemplo, por participar de manifestações em relação a grandes causas
nacionais, como ‘O Petróleo é Nosso’ e contra a ida de tropas brasileiras para a
Guerra da Coreia” (<<a href="http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-resistencia-militar-contra-o-golpe-de-1964-4212.html">http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-resistencia-militar-contra-o-golpe-de-1964-4212.html</a>>
Acessado em 15/09/2016).<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn9">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///E:/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/%E2%80%9CEsp%C3%ADrito%20corporativo%E2%80%9D%20e%20%E2%80%9Cesp%C3%ADrito%20de%20classe%E2%80%9D%20apontamentos%20para%20uma%20reflex%C3%A3o%20sociol%C3%B3gica%20sobre%20a%20pol%C3%ADcia.docx#_ftnref9" name="_ftn9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></a> A
frase foi utilizada numa música pela banda Titãs.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn10">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/%E2%80%9CEsp%C3%ADrito%20corporativo%E2%80%9D%20e%20%E2%80%9Cesp%C3%ADrito%20de%20classe%E2%80%9D%20apontamentos%20para%20uma%20reflex%C3%A3o%20sociol%C3%B3gica%20sobre%20a%20pol%C3%ADcia.docx#_ftnref10" name="_ftn10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Entre outras coisas, isso é importante para que não romantizemos a profissão
policial, umas das mais ingratas. Nem todo indivíduo se torna policial por amor
à ordem e à justiça. Uns tantos abraçam a profissão por força das necessidades.
Feito isso, as obrigações, a hierarquia, a disciplina, a necessidade de lutar
pela própria vida, o hábito etc. moldam o espírito do policial padrão.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn11">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///E:/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/%E2%80%9CEsp%C3%ADrito%20corporativo%E2%80%9D%20e%20%E2%80%9Cesp%C3%ADrito%20de%20classe%E2%80%9D%20apontamentos%20para%20uma%20reflex%C3%A3o%20sociol%C3%B3gica%20sobre%20a%20pol%C3%ADcia.docx#_ftnref11" name="_ftn11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Daí fazermos uma abordagem social, e não pessoal. O policial - bom ou ruim -
deve ser analisado de acordo com suas práticas e valores, em conformidade com
sua corporação e de tudo o que vimos discutindo a esse respeito.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn12">
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///E:/Artigos%20meus/Vers%C3%B5es%20normais/%E2%80%9CEsp%C3%ADrito%20corporativo%E2%80%9D%20e%20%E2%80%9Cesp%C3%ADrito%20de%20classe%E2%80%9D%20apontamentos%20para%20uma%20reflex%C3%A3o%20sociol%C3%B3gica%20sobre%20a%20pol%C3%ADcia.docx#_ftnref12" name="_ftn12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 107%;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></a><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 10.0pt;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt;">A pesquisa
"Opinião dos Policiais Brasileiros sobre Reformas e Modernização da
Segurança Pública" foi promovida pelo Fórum Brasileiro de Segurança
Pública, pelo Centro de Pesquisas Jurídicas Aplicadas da Fundação Getúlio
Vargas e pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (</span><a href="http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2014/07/30/um-terco-dos-policiais-brasileiros-pensa-em-deixar-corporacao-diz-pesquisa.htm"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt;">http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2014/07/30/um-terco-dos-policiais-brasileiros-pensa-em-deixar-corporacao-diz-pesquisa.htm</span></a><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt;">> Acessado em
04/10/2016).</span></div>
</div>
</div>
Coletivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-48742557021892070562016-03-09T17:31:00.001-05:002016-03-09T17:39:00.251-05:00Democracia entre golpes<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6fCPX259DbHFYluxqw31-heZok15BWebPxORMGw3_-H4Q37ugrKSNGRAtbyw-vy8RcdnXFGaMyI-rL4a4cfA8nYkulIv7JnJ28isDLoxHu1-a1v8Xy3mNUh_1nhBPBaYQ-MNA8rG53wH0/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6fCPX259DbHFYluxqw31-heZok15BWebPxORMGw3_-H4Q37ugrKSNGRAtbyw-vy8RcdnXFGaMyI-rL4a4cfA8nYkulIv7JnJ28isDLoxHu1-a1v8Xy3mNUh_1nhBPBaYQ-MNA8rG53wH0/s1600/download.jpg" /></a></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Israel
Souza</span></b><a href="file:///F:/Democracia%20entre%20golpes.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Em
uma passagem de O capital, Marx fez referência a um provérbio inglês, segundo o
qual, “quando dois ladrões brigam, algo de útil acontece. Realmente, a luta
ruidosa e apaixonada entre as duas facções da classe dominante, para determinar
qual delas explorava mais cinicamente o trabalhador, serviu para revelar o que
havia de verdadeiro dos dois lados” (MARX, 2003: 782).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O autor se referia aí à
briga que se desenrolava entre a “aristocracia da terra” e a “burguesa
industrial”. Mas, particularmente hoje, essa passagem faz lembrar o atual
cenário político brasileiro e os conflitos entre as duas facções da direita que
ora se desenrolam. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Para a “facção azul”
(encabeçada pelo PSDB e consortes), o Brasil está entre a democracia e uma
ditadura comunista ou bolivariana. Por essa ótica, a democracia só poderia
prevalecer se o atual governo caísse e ela assumisse. Para a “facção vermelha” (encabeçada
pelo PT e consortes), o país está entre a democracia e uma ditadura fascista.
Neste sentido, a democracia depende da permanência do atual governo e da
derrota (ou contenção) de seus inimigos, os golpistas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ambas as facções
arrogam para si a tarefa de defender a democracia contra um golpe, contra uma
ditadura. Embora acostumadas a mentir à sociedade, ao se acusarem, “algo de
útil acontece”. Dizem a verdade uma da outra. Ambas são golpistas e
antidemocráticas. São as principais responsáveis pela involução democrática dos
últimos anos, fragilizando e/ou desmantelando as conquistas da Constituição de
1988. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Profundamente corrupta,
a facção azul acusa a corrupção nas forças governistas apenas para miná-las,
visando a ocupar o lugar que hoje elas ocupam. Pouco lhe importa a democracia.
Por seu tempo, enredadas até a medula em corrupção, as atuais forças
governistas repetem um roteiro já nosso conhecido. Toda vez que acuadas,
denunciam perseguição dos outros e invocam o apoio da esquerda contra o
golpismo e a favor da democracia. É sempre assim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nesses momentos, gritam
coisas como “O golpe é contra você”, “O golpe é contra milhões de brasileiros”,
“O golpe é contra a democracia”, “O golpe é contra os trabalhadores e os
pobres”, “O golpe é contra toda a esquerda” etc. E assim, invertendo por
completo a ordem das coisas, tratando uma disputa político-partidária como se
fora a própria luta de classes, tentam nos fazer crer que é a democracia e a
esquerda que dependem do PT e não o contrário. Com efeito, a democracia não estaria
tão fragilizada e a esquerda tão enlameada, não fosse a atuação dos governos
petistas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em verdade, o golpe que
a facção azul da direita brasileira pretende dar em nossa democracia a facção
vermelha está dando. A entrega do pré-sal (proposta por José Serra (PSDB) e
acolhida pelo governo), reforma da previdência, aprovação da lei
antiterrorismo, possível congelamento do salário mínimo (aventado por
representantes do governo) são alguns dos fatores que mostram o quanto estão irmanadas
em seus intentos antidemocráticos e golpistas. A democracia brasileira está
entre golpes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Dessa forma, o conflito
que se desenrola hoje no país não é entre um grupo democrático e outro
golpista. Ambos são golpistas. Ambos pretendem sangrar a democracia. Só
divergem em como sangrá-la. Agora que os conflitos se acirram e parece difícil
um recuo, não devemos desejar senão que se arruínem e se devorem entre si.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nesse momento em que
mais desabridamente favorece os de cima e encurrala os de baixo, o PT já não
merece nem apoio nem solidariedade dos trabalhadores. Teve todas as chances de
que precisou para reorientar o governo, as que mereceu e as que não mereceu; e,
ainda assim, não o fez. Não há desculpas. A classe trabalhadora e as forças democráticas
já não podem quedar-se reféns suas. Precisamos trilhar outro caminho,
independente, verdadeiramente alternativo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">É chegada a hora de o
PT colher abundantemente o que abundantemente plantou. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Referências
bibliográficas<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">MARX,
Karl. <b>O capital</b>: crítica da economia
política. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///F:/Democracia%20entre%20golpes.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Cientista Social, com habilitação em Ciência Política e membro do <i>Núcleo de Pesquisa Estado, Sociedade e
Desenvolvimento na Amazônia Ocidental</i> (NUPESDAO). Email:
israelpolitica@gmail.com<o:p></o:p></div>
</div>
</div>
Coletivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-78329748077475399422016-01-08T15:11:00.003-05:002016-01-08T15:11:59.253-05:00As palavras e as coisas: desafios da reforma agrária na Amazônia no 27º ano da morte de Chico Mendes[1]<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiSLSd7tzdawj0OcbMHDocHVkqCIcYkx4jeHcnzPG4HG_5XobuTXND-JyBWDGCTkix6hnBEeHZH9IuwVmprG8EkhMAdj6tnwmiRQWLuxaSr9ljPEpF1wPlrUKm-J_Vm1ojan7H1JI40d2u/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiSLSd7tzdawj0OcbMHDocHVkqCIcYkx4jeHcnzPG4HG_5XobuTXND-JyBWDGCTkix6hnBEeHZH9IuwVmprG8EkhMAdj6tnwmiRQWLuxaSr9ljPEpF1wPlrUKm-J_Vm1ojan7H1JI40d2u/s1600/download.jpg" /></a></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Israel
Souza</span></b><a href="file:///C:/Users/Israel-IMG/Desktop/As%20palavras%20e%20as%20coisas%20desafios%20da%20reforma%20agr%C3%A1ria%20na%20Amaz%C3%B4nia%20no%2027%C2%BA%20ano%20da%20morte%20de%20Chico%20Mendes.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ambientalismo, não; reforma
agrária: as palavras certas para nossa luta<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em levantamento recente
(início de dezembro), a ONG Global Witness apontou que 78 “ambientalistas”
foram mortos no mundo neste ano de 2015 (<b>Ao
menos 78 ambientalistas foram assassinados em 2015</b>: http://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/09/internacional/1449685932_807960.html).
Segundo um porta-voz da ONG britânica, essas pessoas foram assassinadas por “lutarem
por seu direito a um ambiente saudável”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ainda de acordo com o mesmo levantamento,
em todo mundo, entre 2008 e 2012, período de alta dos preços de <i>commodities</i>, o número de mortes passou
de 40 para 147 mortes por ano. Em 2015, portanto, tivemos uma diminuição no
número de mortes dos “ambientalistas”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em 2014, Brasil e Colômbia
foram responsáveis por quase 50% desse total de mortes, sendo, por isso,
considerados os “piores países para a atuação de ambientalistas”. O Brasil
ficou no topo da lista (<b>Brasil lidera mortes
de ambientalistas</b>: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/brasil-lidera-em-mortes-de-ambientalistas-9896.html.
40% dos mortos são indígenas, vítimas da exploração madeireira, da mineração e das
hidrelétricas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Não entrarei no mérito dos
números. Há muito, porém, o que refletir sobre a definição dos que foram
assassinados e sobre o motivo de suas mortes. Esse é um claro exemplo em que as
palavras não correspondem às coisas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em toda essa maneira de
falar e interpretar, há uma espécie de invisibilização, de acobertamento da
realidade pelas palavras. Para mim, esse é um dos grandes desafios da reforma
agrária na Amazônia nestes nossos dias. Precisamos nos valer das palavras
certas para falar de nossas lutas e de nossos objetivos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O levantamento aqui em
questão fala de assassinato de “ambientalistas”, de pessoas que morreram lutando
por um “ambiente saudável”. Uma expressão plástica como esta sugere que pessoas
foram assassinadas por varrerem suas casas e lavarem seus lençóis, pois isso é
também zelar por um “ambiente saudável”. Talvez por desinformação, mas não
conheço nem um caso de alguém que fora assassinado por isso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A verdade, porém, é que essas
pessoas (referidas naquele levantamento) foram assassinadas por se colocarem
contra os madeireiros, empreiteiros, mineradores e latifundiários. Foram
assassinadas por lutarem por suas terras, seus territórios. Numa palavra: estas
pessoas foram vítimas de conflitos agrários.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Não por acaso, a maioria dos
mortos era de indígenas e posseiros, pessoas que, mesmo quando têm seus
direitos reconhecidos pela lei, não os têm respeitados na prática.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Se tratamos tudo isso como
“luta ambientalista”: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">1) encobrimos a realidade, borramos
importantes diferenças entre práticas e lutas distintas, e findamos por
romantizar a tragédia; <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">2) não conseguimos verbalizar e mostrar para
os outros nossas dores, nossos sonhos e lutas. É como se lutássemos no escuro e
em silêncio. Ninguém nos vê ou entende. Isso não é coisa de pouca monta. Cabe lembrar
que os avanços que a luta dos seringueiros obteve, sob a liderança de Chico
Mendes, se deveu ao fato de ter rompido o cerco, de ter comunicado ao mundo sua
luta. Se sua luta tivesse se restringido ao Acre, aqui mesmo ela teria sido
silenciada e hoje, no mundo e mesmo na capital Rio Branco (AC), provavelmente
poucos saberiam quem foi Chico Mendes; <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">3) usamos a linguagem de nossos inimigos.
Assim sendo, é como se nossos inimigos falassem por nossas bocas. As palavras
que sairiam de nossas bocas não seriam nossas, e sim deles. Nossa língua
contaria, não nossa história, mas a história deles, do ponto de vista e dos
interesses deles. Ao fazer isso, usar a linguagem de nossos inimigos, estamos
nos rendendo e dando mais forças a eles, pois assumimos a visão que eles têm
das coisas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por isso é que, sob o manto
do “ambientalismo”, eles vêm sufocando o que realmente está em jogo: a luta por
terras e territórios com todas as riquezas (materiais e imateriais) que eles
encerram. Uma luta demasiado antiga e, não obstante, atualíssima. É o contínuo
avanço do capital para se interpor entre o homem e a natureza, buscando lucrar
sobre as duas fontes de riqueza: o trabalho e a natureza. De um lado, os que
precisam do território para sobreviver. De outro, aqueles que querem lançar mão
deles apenas aumentar suas fortunas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Os primeiros não lutam
apenas por quererem “um ambiente saudável”. Isso conta, obviamente. Mas lutam,
sobretudo, porque disso depende sua sobrevivência física e cultural. Os últimos
não afrontam os direitos desses a seus territórios por não quererem um ambiente
saudável, mas porque querem suas riquezas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
ambientalismo dos governos federal e local<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Para termos clareza quanto a
isso, vejamos a retórica e a prática dos governos federal e local. Comecemos
lembrando que o governo federal alardeava que seria liderança na COP21 (conferência
sobre o clima que ocorreu recentemente em Paris), uma espécie de guia para os
outros países a respeito do que fazer em tempos de “crise ambiental” e
“mudanças climáticas”. Ocorre que, dos anos de chumbo para cá, o governo Dilma
foi o que menos realizou assentamentos e reconheceu Terras Indígenas e
quilombolas. E ainda. Até meados de dezembro de 2015, o Centro de Documentação
Dom Tomás Balduíno, da CPT, registrou o maior número de assassinatos no campo
desde 2004 (NOTA PÚBLICA: <b>O momento político
atual e a surdez do governo Dilma</b>: http://www.cptnacional.org.br/index.php/publicacoes-2/destaque/3040-nota-publica-o-momento-politico-atual-e-a-surdez-do-governo-dilma).
Foram 46. Não por acaso, 44 destes foram na Amazônia, região com vastos e ricos
territórios.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Segundo o já citado levantamento
da Global Witness, tivemos, em todo o mundo, uma diminuição no número de mortes
de “ambientalistas” em 2015. No Brasil, porém, seguimos na contramão. Aqui,
aumentou o número daqueles que lutam por seus territórios e contra o avanço do
capital sobre a natureza. E a culpa por isso recai, maiormente, sobre as costas
do governo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">É consabido que, onde as
populações locais têm efetivamente seus direitos territoriais assegurados, a
depredação da natureza é barrada. No entanto, o governo federal segue numa
linha de favorecimento a atividades sabidamente danosas à natureza, como
construção de hidrelétricas, mineração e agronegócio. Kátia Abreu, rainha do
agronegócio e inimiga declarada de populações locais, é ministra e, segundo
dizem (as boas e as más línguas), uma das melhores amigas da presidente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por tudo isso, não causa
estranheza que, sob este governo, por sua ação e inação, campeie o genocídio de
indígenas no Mato Grosso do Sul e sejam forjados a PEC 215, o Novo Código de
Mineração, a modificação do conceito de trabalho escravo, fragilização e enquadramento
de órgãos fiscalizadores, aceleração e deturpação de licenciamentos ambientais,
bem como as CPIs da FUNAI e do INCRA (em Brasília) e do CIMI (em Mato Grosso do
Sul). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Seguindo a mesma lógica do
Novo Código Florestal, o conjunto de tudo isso procura assegurar o acesso do
capital aos mais diversos e ricos territórios, fragiliza os direitos
territoriais das populações locais e criminaliza todos aqueles que ousem se
levantar contra essa ordem de coisas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por seu turno, para
justificar sua política de “desenvolvimento sustentável”, o governo local se
apropriou da figura de Chico Mendes e se fortaleceu dividindo o movimento dos
trabalhadores rurais, cooptando uma parte e isolando a outra<a href="file:///C:/Users/Israel-IMG/Desktop/As%20palavras%20e%20as%20coisas%20desafios%20da%20reforma%20agr%C3%A1ria%20na%20Amaz%C3%B4nia%20no%2027%C2%BA%20ano%20da%20morte%20de%20Chico%20Mendes.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a>. Como sabemos esta é uma
política que, sob a justificativa de preservação ambiental, tem favorecido
grandes madeireiras (todas de fora), algumas ONGs e o próprio governo, através
de financiamento externo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O Estado vai se afundando num
“círculo vicioso da dívida pública”. Os empréstimos são vultosos. E nós nunca
vemos seus benefícios. Sequer sabemos onde foram investidos. Todavia, para
pagá-los, o governo usa a floresta e os tais manejos sustentáveis. Sob este
governo, que já vai contar 20 anos usando a abusando da figura de Chico Mendes,
os índios tiveram o processo de demarcação de suas terras paralisado. Muitos agentes
governamentais e ongueiros vão até eles, tentando convencê-los a aceitar políticas
de crédito de carbono. Prometem milhões para isso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por outro lado, quem aceita
o manejo pode derrubar centenas e até milhares de ha de florestas. Enquanto os
outros, a maioria, não pode nem cortar uma árvore para uso doméstico, como
construir casa, cercar o terreno e coisas assim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Sabemos que não apenas isso.
Caçar e colocar roçado para comer virou crime. Pode dar multas impagáveis e
cadeia. Para citar apenas um caso: sabemos daquele seringueiro que, por cortar
5 árvores para uso doméstico, recebeu um multa de mais de 300 mil reais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Sob a política do
“desenvolvimento sustentável”, os inimigos da floresta foram transformados em heróis;
e os amigos da floresta, aqueles que efetivamente cuidam dela, foram
transformados em bandidos, criminosos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Dizendo estar realizando o
sonho de Chico Mendes, que foi transformado em “ambientalista”, o governo local
diz que todos (madeireiros, índios, empresários, seringueiros, posseiros etc.)
estão unidos pela preservação da floresta. Segundo ele, já não há problemas com
a reforma agrária. Não há mais luta pela terra. Quanto a isso, ainda de acordo
com o governo, estão todos satisfeitos. A preocupação de todos é ambiental, e
não agrária. E assim, mais uma vez, o ambientalismo encobre nossa luta,
justifica a opressão e a exploração.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Como depende de propaganda
enganosa a respeito desse modelo de desenvolvimento para atrair investidores e
assegurar empréstimos, é imperativo para o governo silenciar qualquer
reivindicação pela terra, pois isso mostraria que os problemas agrários não
foram resolvidos. Ao contrário. Vêm até se agravando por força de sua política
de desenvolvimento sustentável. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">É necessário reafirmar nossa
luta e seu sentido. Ter claro que Chico Mendes não era ambientalista, e, se o
fosse, no sentido que o governo local propala, não teria sido assassinado. Chico
era seringueiro e socialista. Lutava pela reforma agrária e contra o capital, e
por isso foi morto. Foi sagaz ao perceber que, naquele momento, as pessoas não
se importavam com a dor dos seringueiros. Mas, se falassem em proteção da
floresta amazônica, iam se interessar. Isso já serviu. Não serve mais. É uma
armadilha. Devemos nos desvencilhar dela. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Pela visão ambiental, eles
falam em proteger a floresta. Mas proteger de quem? De nós, que sempre a
protegemos, e hoje somos tratados como criminosos. Pela visão ambiental, eles
falam em proteger a floresta. Mas proteger para quem? Para aqueles como os
madeireiros, que sempre destruíram (e destroem) a floresta, mas têm capital, e,
por isso, são amigos e patrões do governo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Por
isso há que se dizer que, mais que um país perigoso para a atuação de
ambientalistas, o Brasil é perigoso para quem defende a reforma agrária. Aqui,
no Acre, a maioria dos ambientalistas (e suas ONGs) está irmanada com o governo
no intuito de expropriar as comunidades locais e garantir que o capital tenha acesso
irrestrito a seus territórios e riquezas. Aqui, o maior risco que a maioria dos
ambientalistas corre é ser bem remunerada pelo governo e pelos capitalistas por
seus prestimosos serviços.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Saber
pelo quê e por quem lutar<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A polarização política que marca
a atual conjuntura torna nossos desafios ainda maiores. Muitos têm sucumbido a
ela. No último dia 16/12/15, indígenas tomaram o Congresso contra a PEC 215 e
contra Cunha, mas a favor da Dilma, por incrível que pareça. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Sim. Também eles, que vêm
sofrendo miseravelmente pelo abandono e pela violência, saíram em defesa da
presidenta, tratando o impeachment “como golpe”. Deixaram-se enredar na luta
entre governo e oposição, e tomaram as dores do governo, mesmo sem nada a
ganhar de ambas as partes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Quanto a isso, o caso do MST
é ainda mais curioso e trágico. Sistematicamente, tem saído em defesa de Dilma,
mesmo que ela venha conduzindo o pior governo para a reforma agrária,
considerando governos militares e mesmo os do PSDB. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Será que o movimento leva
isso em consideração quando sai pelas ruas em “defesa da democracia”? Será que
deixou de compreender que, num país em que a concentração de terra é colossal,
a reforma agrária é um componente indispensável da questão democrática? Não
sei. Mas, pelo que vemos, hoje, para o maior movimento de luta pela terra da
história brasileira, a manutenção do governo lhe parece mais importante que sua
causa (a reforma agrária). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Precisamos vencer este
desafio de entender que a causa do governo não é a nossa. PT e PSDB não são
esquerda e direita, um defendendo os explorados e o outro, os exploradores. Tais
partidos não são senão as “alas vermelha e azul da direita brasileira”. Ambos
são golpistas. A polarização que protagonizam apenas expressa a miséria
política por que ora passamos, bem como a confusão que se abateu sobre as
forças populares. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">É preciso abandonar, e de
vez, o medo de a “direita voltar ao poder central”. Ela nunca saiu de lá. E só
ganhou com os governos do PT. Ganhou mais partidos e defensores para suas
causas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Os desafios da Amazônia
neste 27° ano da morte de Chico Mendes são os desafios que ele enfrentou em
vida: os desafios da reforma agrária. Dentre outras coisas, para sermos
exitosos nesta luta devemos assumir com clareza nossos objetivos, abandonar a
linguagem e a visão de nossos inimigos; devemos evitar as ilusões para com o
Estado, governos e partidos. A luta pela Amazônia é a luta da reforma agrária.
A luta pela reforma agrária não pode deixar de ser contra o capital e todas as
suas personificações e serviçais. <b><o:p></o:p></b></span></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Israel-IMG/Desktop/As%20palavras%20e%20as%20coisas%20desafios%20da%20reforma%20agr%C3%A1ria%20na%20Amaz%C3%B4nia%20no%2027%C2%BA%20ano%20da%20morte%20de%20Chico%20Mendes.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>
O presente texto é uma síntese da palestra que proferi na sede do Sindicato dos
Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais na cidade natal de Chico Mendes (Xapuri),
em <st1:date day="22" ls="trans" month="12" w:st="on" year="15">22/12/15</st1:date>,
em razão do 27º ano de sua morte. Embora traga no título uma referência a um
conhecido livro de Foucault, a abordagem é bem outra. <o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Israel-IMG/Desktop/As%20palavras%20e%20as%20coisas%20desafios%20da%20reforma%20agr%C3%A1ria%20na%20Amaz%C3%B4nia%20no%2027%C2%BA%20ano%20da%20morte%20de%20Chico%20Mendes.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Cientista Social com habilitação em
Ciência Política, mestre em Desenvolvimento Regional e membro do <i>Núcleo de Pesquisa Estado, Sociedade e Desenvolvimento
na Amazônia Ocidental</i> - NUPESDAO. E-mail: <a href="mailto:israelpolitica@gmail.com">israelpolitica@gmail.com</a><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Israel-IMG/Desktop/As%20palavras%20e%20as%20coisas%20desafios%20da%20reforma%20agr%C3%A1ria%20na%20Amaz%C3%B4nia%20no%2027%C2%BA%20ano%20da%20morte%20de%20Chico%20Mendes.docx#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Dois eventos foram realizados em locais vizinhos, em Xapuri, em razão do 27°
ano da morte de Chico Mendes. Um deles, ocorrido na sede do sindicato, falava
de um Chico militante da reforma agrária, tratava dos desafios da reforma agrária,
da expulsão de posseiros que vem ocorrendo, dos desmatamentos, da repressão de órgãos
como Ibama e ICMbio etc. O outro, ocorrido no salão paroquial, bem ao lado,
falava de um Chico ambientalista cujos sonhos haviam se concretizado e exaltava
a política de desenvolvimento do governo local, calcada na exploração
madeireira. <o:p></o:p></div>
</div>
</div>
Coletivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-6493063861334498472015-12-15T15:49:00.002-05:002015-12-15T15:49:15.596-05:00Algumas reflexões sobre o Acordo de Paris<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right;">
Michael F. Schmidlehner<b><o:p></o:p></b></div>
<br /><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Enquanto os
governantes dos 196 países signatários comemoram o Acordo de Paris<a href="file:///C:/Users/SALA-PROF-01/Desktop/cop21text.doc#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="FootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="FootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Mangal; mso-bidi-language: HI; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: HI; mso-font-kerning: .5pt;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>,
organizações da sociedade civil que acompanharam a COP 21 veem o resultado
desta conferência como grande fracasso. O representante de Amigos da Terra
Internacional, Asad Rehman descreve a situação assim<a href="file:///C:/Users/SALA-PROF-01/Desktop/cop21text.doc#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="FootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="FootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Mangal; mso-bidi-language: HI; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: HI; mso-font-kerning: .5pt;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a>:
“<i>O navio colidiu com o iceberg e está afundando. A banda toca e ainda recebe
calorosos aplausos de nosso lideres políticos. Para os pobres, os lugares nos
botes salva-vida estão negados.</i>” <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Quais são
realmente os principais retrocessos neste novo acordo climático? Em primeiro
lugar, a ideia inicial para construção de um regime global de redução de emissões – de partir das
medidas necessárias para mitigar a crise climática para depois definir as
contribuições de cada país – foi descartada. Ao invés desta abordagem de cima
para baixo, foi adotado uma abordagem de baixo para cima: cada parte apresentou
suas Contribuições Nacionalmente Determinadas Pretendidas (INDCs, na sua sigla
em inglês) para fundamentar o acordo. Esta abordagem, originalmente proposta
pelos Estados Unidos facilitou a adesão de muitos países, uma vez que não
tinham que assumir compromissos fortes, mas apenas formular e assinar suas
próprias pretensões. Os países industrializadas consequentemente não se
comprometeram com cortes de emissões substanciais. A União Europeia por
exemplo, promete a redução de 20% até
2020 em comparação com os níveis de 1990. De fato a Europa hoje já atingiu esta
meta, ou seja, se comprometeu com nada até 2020 em termos de reduções. O acordo
fala em manter o aquecimento abaixo de 2°C ou possivelmente 1,5°C. Entretanto,
as medidas prometidas pelos 196 países – se cumpridas - conduzem a um aquecimento de 3°C até 2100. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Em termos de
financiamento, os países pretendem mobilizar 100 bilhões de dólares por ano a
partir de 2020 para mitigação e adaptação nos países em desenvolvimento. Este
montante, que em primeiro momento pode aparecer muito, certamente não será
suficiente para obter resultados significativos. Comparando estes 100 bilhões
com as 29 trilhões que foram mobilizados para o resgate da crise financeira em
2008 causada pelos bancos, fica evidente que os governos não possuem a real
ambição para confrontar a crise climática. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Os grandes
prejudicados da COP-21 são os povos do sul global. Estes povos não causaram a
crise, mas levarão a maior parte de seus impactos. Por isso os países do sul
haviam proposto nas últimas COPs um mecanismo para lidar com perdas e danos
causados pela mudança do clima, tais como eventos climáticos extremos ou subida
do nível do mar. Esta proposta, amplamente discutida desde 2013 foi
completamente retirado do texto, sob pressão dos Estados Unidos e da União
Europeia. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Os povos das
florestas ainda serão fortemente atingidos pelo mecanismo de Redução de
Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD), que será implementado
em conformidade com artigo quinto
do Acordo de Paris. O REDD, por ser
extremamente questionável, tanto em seus aspectos técnicos quanto éticos, não
havia sido adotado no anterior Protocolo de Kyoto. Mesmo assim, em nível
sub-nacional, o REDD já começou a ser implementado na Amazônia sem ter respaldo
legal e político do Governo Federal. O Governo do Acre destacou-se neste contexto,
após ter adotado em 2010 uma lei especifica (Lei 2.308 do SISA) para facilitar
REDD, e por ter assinado um acordo com o Governo da Califórnia, visando a
comercialização de créditos de carbono para indústrias californianas que
desejam compensar suas excessivas emissões, ao invés de reduzi-las. Poucos dias
antes da conferência em Paris, o Governo Federal publicou o Decrteto 8.576 que
praticamente veta a comercialização direta de créditos de carbono para fora do
país a partir de estados ou sub-regiões. Com isso, o Governo Brasileiro põe
limites à privatização da Amazônia através do comércio de carbono, e aos
interesses do Governo Estados Unidos sobre esta região. Não obstante, o REDD –
sendo agora uma estratégia nacional<a href="file:///C:/Users/SALA-PROF-01/Desktop/cop21text.doc#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Mangal; mso-bidi-language: HI; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: HI; mso-font-kerning: .5pt;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a>
e um mecanismo reconhecido pela convenção climática – causará severas
consequências para os povos da floresta. A tendencia de criminalização dos
povos da floresta pelos órgãos federais ambientais como ICMBio deve aumentar
neste novo contexto, e com isso insegurança alimentar e êxodo rural. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
O Brasil, tanto
quanto a maioria dos outros países continuarão extraindo combustíveis fosseis,
inclusive desenvolvendo e implementando tecnologias cada vez mais agressivas e
perigosas, como perfuração de petróleo em águas profundas, fracking (gas de xisto)
ou exploração de de petróleo a partir dos chamadas areias betuminosas. A queima
dos combustíveis poderá ser em grande parte “compensada” pelos países por meio
do REDD, transformando as florestas em vigiados sumidouros de carbono. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Enquanto alguns
poucos lucram com este grande faz de conta, as temperaturas em nosso planeta
continuarão subindo. Resta a questão: qual será o próximo roteiro da ONU,
quando – talvez daqui há alguns anos – o fracasso do Acordo de Paris se tornará
evidente para a população? A nova estratégia será provavelmente definida pelo
grande “vencedor” da conferência de Paris, os Estados Unidos. Apos terem
primeiramente boicotado a ONU-Convenção do Clima e em seguida esvaziado-a de
conteúdo, os EUA agora começam a
liderar o processo por dentro da
convenção. No seu discurso para o povo
americano após a COP 21, presidente Obama enfatiza<a href="file:///C:/Users/SALA-PROF-01/Desktop/cop21text.doc#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Mangal; mso-bidi-language: HI; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: HI; mso-font-kerning: .5pt;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></a>
o novo papel dos Estados unidos como líder global em combater a mudança
climática. Bem alinhado com os interesses corporativos do seu país, o Secretário
de Estado John Kerry, deixou claro durante a conferência sua posição, dizendo<a href="file:///C:/Users/SALA-PROF-01/Desktop/cop21text.doc#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="FootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="FootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Mangal; mso-bidi-language: HI; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: HI; mso-font-kerning: .5pt;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></a>
que a redução de emissões nos Estados Unidos não salvará o planeta, mas que a
maior responsabilidade em termos de redução seria dos países em
desenvolvimento. Mas o que ainda mais chama a atenção são suas considerações
finais após fechamento do Acordo de Paris. Nesta fala, Kerry diz<a href="file:///C:/Users/SALA-PROF-01/Desktop/cop21text.doc#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="FootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="FootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Mangal; mso-bidi-language: HI; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: HI; mso-font-kerning: .5pt;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></a>:
“E<i>stamos literalmente enviando uma mensagem crucial para o mercado mundial.
Muitos de nos aqui sabem que as decisões não serão dos governos, que não serão
eles que vão descobrir o produto, a graça salvadora para este desafio. Será o
gênio do espírito americano, serão negócios desencadeados , porque 196 países
dizem em única voz para o negocio mundial, que devemos ir nesta direção. E o
próximo grande produto virá ,que vai mudar nossas vidas. </i>“<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
O que vem nos
sendo anunciado aqui neste tom sinistro e profético? De que “próximo grande produto” Kerry está
falando? Sabemos, que desde alguns
décadas, uma serie de tecnologias denominados Geoengenharia vem sendo
desenvolvidos, principalmente nos EUA.
Geoengenharia significa intervenções intencionais em larga escala para
manipular o clima. As principais delas
se baseiam no Gerenciamento de Radiação Solar (SRM, na sigla em inglês) e na
Remoção de Dióxido de Carbono (CDR, na sigla em inglês). O SRM visa refletir
raios solares, por exemplo por inserção de grandes quantidades de aerossol ou
nanopartículas na atmosfera. Uma tecnologia CDR, por exemplo, arrasta carbono
para o fundo do oceano por meio de micro-algas. Estas intervenções são
extremamente perigosas tendo efeitos imprevisíveis e possivelmente
catastróficas, e é provavelmente por isso, que ainda não vem sendo discutidas
publicamente. Entretanto, sua
implementação se torna mais provável na medida em que a redução de
emissões por parte dos países industrializados não ocorre. A alusão de Kerry à uma solução da crise por
uma grande inovação tecnológica expressa o
tecno fundamentalismo como atitude característica do governo
estadunidense. Assim como terminaram a segunda guerra mundial com a bomba
atômica, agora a crise climática deve
encontrar sua solução numa outra grande invenção do “gênio do espirito
americano”. Além dos riscos para a vida
na terra, a implementação de algum tipo de geoengenharia significaria uma
concentração de poder sem precedentes na mão dos proprietários desta
tecnologia. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
O que ainda pode
nos salvar destes cenários horrorosos é unicamente a ampla mobilização da
sociedade, a resistência contra as falsas soluções do clima e a rejeição do
paradigma tecnocrático capitalista. Precisamos uma revolução, que não visa
mudar o clima, mas o sistema como todo. Em seu recente livro<a href="file:///C:/Users/SALA-PROF-01/Desktop/cop21text.doc#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="FootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="FootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Mangal; mso-bidi-language: HI; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: HI; mso-font-kerning: .5pt;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></a>
, a jornalista canadense Naomi Klein propõe que enxergamos a crise climática
como um toque de alerta, uma poderosa mensagem na linguagem de incêndios,
inundações, tempestades e secas. Confrontando esta crise já não significa
trocar as lâmpadas para economizar energia, diz ela. Trata-se de mudar o mundo,
antes que o mundo muda tão drasticamente que ninguém está a salvo. Ou damos
este salto, ou afundamos.<o:p></o:p></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/SALA-PROF-01/Desktop/cop21text.doc#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="Caracteresdenotaderodap"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="Caracteresdenotaderodap"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Mangal; mso-bidi-language: HI; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: HI; mso-font-kerning: .5pt;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a><a href="http://unfccc.int/resource/docs/2015/cop21/eng/l09r01.pdf"> http://unfccc.int/resource/docs/2015/cop21/eng/l09r01.pdf</a>
<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/SALA-PROF-01/Desktop/cop21text.doc#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="Caracteresdenotaderodap"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="Caracteresdenotaderodap"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Mangal; mso-bidi-language: HI; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: HI; mso-font-kerning: .5pt;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a><a href="http://unfccc6.meta-fusion.com/cop21/events/2015-12-12-14-30-friends-of-the-earth-international-friend-for-the-earth-international-where-we-stand-and-way-forward/friends-of-the-earth-international-friend-for-the-earth-international-where-we-stand-and-way-forward"> http://unfccc6.meta-fusion.com/cop21/events/2015-12-12-14-30-friends-of-the-earth-international-friend-for-the-earth-international-where-we-stand-and-way-forward/friends-of-the-earth-international-friend-for-the-earth-international-where-we-stand-and-way-forward</a>
<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/SALA-PROF-01/Desktop/cop21text.doc#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="Caracteresdenotaderodap"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="Caracteresdenotaderodap"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Mangal; mso-bidi-language: HI; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: HI; mso-font-kerning: .5pt;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a><a href="http://redd.mma.gov.br/index.php/pt/enredd/documento-da-enredd"> http://redd.mma.gov.br/index.php/pt/enredd/documento-da-enredd</a>
<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/SALA-PROF-01/Desktop/cop21text.doc#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="Caracteresdenotaderodap"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="Caracteresdenotaderodap"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Mangal; mso-bidi-language: HI; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: HI; mso-font-kerning: .5pt;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></a><a href="https://www.youtube.com/watch?v=zgj5MW3PsGM"> https://www.youtube.com/watch?v=zgj5MW3PsGM</a> <o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn5">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/SALA-PROF-01/Desktop/cop21text.doc#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><span class="Caracteresdenotaderodap"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="Caracteresdenotaderodap"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Mangal; mso-bidi-language: HI; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: HI; mso-font-kerning: .5pt;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></a><a href="https://www.youtube.com/watch?v=aAtiygrbTSg"> https://www.youtube.com/watch?v=aAtiygrbTSg</a> <o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn6">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/SALA-PROF-01/Desktop/cop21text.doc#_ftnref6" name="_ftn6" title=""><span class="Caracteresdenotaderodap"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="Caracteresdenotaderodap"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Mangal; mso-bidi-language: HI; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: HI; mso-font-kerning: .5pt;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></a><a href="https://www.youtube.com/watch?v=n7nrwhcRaxI"> https://www.youtube.com/watch?v=n7nrwhcRaxI</a> a partir de min
01:44, tradução nossa.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn7">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/SALA-PROF-01/Desktop/cop21text.doc#_ftnref7" name="_ftn7" title=""><span class="Caracteresdenotaderodap"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="Caracteresdenotaderodap"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Mangal; mso-bidi-language: HI; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: HI; mso-font-kerning: .5pt;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></a> KLEIN, Naomi, This Changes Everything
-capitalism vs. climate, New York: Simon & Schuster 2015<o:p></o:p></div>
</div>
</div>
Coletivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-23244124239928581422015-11-06T15:58:00.001-05:002015-11-06T15:58:22.376-05:00A “esquerda passível”<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4FDbMdbpgEbU-yNfkZdaS1hx1JeYpF3Ys9dCndhr298aBYSAq-SND87waOiWRrScF6MfCTFMhQcn-x5K-rcz5-afkRIq26qH4eRaz0Hdo6w0-xBEmSrTbn7Vj4piPt-f7KE5-3njHTVT8/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4FDbMdbpgEbU-yNfkZdaS1hx1JeYpF3Ys9dCndhr298aBYSAq-SND87waOiWRrScF6MfCTFMhQcn-x5K-rcz5-afkRIq26qH4eRaz0Hdo6w0-xBEmSrTbn7Vj4piPt-f7KE5-3njHTVT8/s1600/download.jpg" /></a></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Israel
Souza</span></b><a href="file:///F:/Lutas%20de%20classes,%20direita%20e%20esquerda.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nossos dias estão profundamente
marcados pelo avanço das forças direitistas, retrógradas. Dentre outras coisas,
tais forças têm avançado por certa confusão que grassa em nosso meio. Trata-se
daquela confusão que leva uns tantos a tomarem direita por esquerda e esquerda
por direita.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Sim. Depois já de tantos
anos de governos neoliberais do PT, sacrificando a classe trabalhadora para
alimentar bancos e empreiteiras, ainda há quem o defina como esquerda. Assentam
tal interpretação no fato de que o partido não vem das “fileiras da direita”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">E assim a história é
ignorada. Pois ela mostra, cabalmente, que a socialdemocracia europeia e o
trabalhismo inglês, que nasceram indubitavelmente de movimentos operários,
apoiaram e promoveram os interesses da classe dominante. Das guerras mundiais à
implementação do neoliberalismo, assim o fizeram. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Com efeito, se levarmos em
conta as lutas de classes, veremos que é um erro crasso reduzir a direita
apenas aos partidos tradicionalmente ligados à classe dominante. Esta não se
confunde com seus representantes tradicionais, e, em caso de necessidades que
de quando em vez se apresentam no cenário histórico, aceitam que partidos
vindos de outras fileiras façam seu trabalho sujo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por certo, o PSDB é, nos
últimos anos, direita e representante dos interesses da classe dominante no
Brasil. Isto, porém, não impediu que, na atual conjuntura, este papel tenha
ficado mais a cargo do PT. Pragmática, a classe dominante não se orienta de
modo maniqueísta como certos militantes. Sua fidelidade primeira é para com
seus interesses, e não para com aqueles que lhe servirão. Para ela, pouco
importa as fileiras de onde saíram, saem ou sairão seus servos, contanto que
sejam seus servos, dóceis, fiéis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Práxis. É esse o critério a
partir do qual se pode definir se o partido é direita ou de esquerda. Basta
verificar de que lado ele se posta na luta de classes. Neste sentido, voltar toda
atenção para as origens de Lula e de seu partido só contribui para alimentar a
confusão e para justificar capitulações. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Muitos há que acreditam que,
ao criticar o governo Dilma, estaríamos contribuindo para o avanço da direita. Mas
ela já não está avançando a passos largos e com apoio ativo deste governo? Dizem
que, saindo o PT do governo, os pobres e os trabalhadores perderiam. Mas já não
estão perdendo com o PT no governo? Como dissemos alhures, PT e PSDB não são mais
que as alas vermelha e azul da direita brasileira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Houve avanços com os governos
petistas. Quem poderá negá-lo? Todavia, hoje o próprio governo põe a perder tais
avanços, sacrificando-os sob a alegação da estabilidade econômica. Se somarmos
a isso a cooptação, a desmoralização e a desmobilização de sindicatos e movimentos
sociais levadas a cabo por esses governos, veremos que, muito provavelmente, no
fim das contas eles tragam mais malefícios que benefícios. Estamos perdendo não
apenas os objetivos da luta, mas também os instrumentos e os sentidos da luta. E
esse é o perigo maior. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Não sei se por cinismo,
ingenuidade ou ignorância, ainda há quem diga que, nas condições atuais, o PT é
a “esquerda possível”. Fazendo uma generosa concessão a esta fábula de mau
gosto, digo, porém, que o PT é a “esquerda passível”. Passível de arruinar a
verdadeira esquerda no Brasil e de alimentar ainda mais o ódio de classe, já de
si bastante robusto nestas terras. </span></div>
<div>
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///F:/Lutas%20de%20classes,%20direita%20e%20esquerda.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Cientista Social com habilitação em
Ciência Política, mestre em Desenvolvimento Regional e membro do <i>Núcleo de Pesquisa Estado, Sociedade e
Desenvolvimento na Amazônia Ocidental</i> - NUPESDAO. E-mail: <a href="mailto:israelpolitica@gmail.com">israelpolitica@gmail.com</a><o:p></o:p></div>
</div>
</div>
Coletivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-90172987296675498842015-09-28T17:57:00.000-05:002015-09-28T17:57:02.545-05:00Relatório que denuncia violações de direitos causadas pela economia verde no Acre será lançado em Rio Branco<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O Acre é propagandeado como uma
referência mundial na implementação de políticas vinculadas ao clima. A chamada
economia verde no Estado é vista nos meios oficiais como uma experiência que
harmoniza crescimento econômico e conservação ambiental, e é onde existe, desde
2010, o que é considerado como o programa jurisdicional do mecanismo de Redução
das Emissões por Desmatamento e Degradação (Redd), mais avançado do mundo: o
Sistema de Incentivos a Serviços Ambientais (Sisa).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No entanto, ao visitar projetos de
Manejo Florestal, territórios indígenas e dois projetos privados de Redd em
processo de registro no Sisa e ouvir as denúncias dos comunitários,
seringueiros e indígenas vinculados aos projetos de economia verde, a Missão
realizada pela Relatoria de Meio Ambiente constatou uma outra realidade,
marcada por impactos sociopolíticos, econômicos e ambientais negativos, em
especial sobre os territórios e as populações tradicionais. Dentre outras,
foram constatadas violações do direito à terra e ao território e violações dos
direitos das populações em territórios conquistados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Uma das lideranças exemplifica os
impactos destes projetos sobre a vida dos comunitários: “<i>é a perda de todos os direitos que os povos têm como cidadão. Perdem
todo o controle do território. Não podem mais roçar. Não podem mais fazer
nenhuma atividade do cotidiano. Apenas recebem uma Bolsa para ficar olhando
para a mata, sem poder mexer. Aí, tira o verdadeiro sentido da vida do ser
humano</i>”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O relatório Economia Verde, Povos das
Florestas e Territórios: violações de direitos no Estado do Acre foi produzido
pela Relatoria do Direito Humano ao Meio Ambiente, da Plataforma de Direitos
Humanos-Dhesca Brasil, e é resultado de uma Missão de investigação e incidência
realizada nos meses de setembro, novembro e dezembro de 2013.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O documento será oficialmente lançado no dia <b>29 de setembro 2015 (terça feira), as
08:30hs, no auditório da Assembléia Legislativa do Estado do Acre</b>. A
relatora da plataforma Dhesca estará presente para responder perguntas do
autitório e de jornalistas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">>> Confira
o relatório na íntegra, em português, aqui
http://www.plataformadh.org.br/files/2015/08/economia_verde_relatorio.pdf<o:p></o:p></span></div>
Coletivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-38980673539273526392015-09-25T17:04:00.001-05:002015-09-25T17:04:54.531-05:00Direitismo, doença senil do petismo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8JmpmAvVO5BLuqa8pHb42Z9uQMbUIg0nZXGkTs-10z6Mnc3RJMxKHjV4St0ElklgPEtKv-gbfB2vmLIFjk4QJj8Gd-ggdwvx4yp67EjdFWCyfSPRu_jaAZoQ6LGurMDkUjD41tNExRhS6/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8JmpmAvVO5BLuqa8pHb42Z9uQMbUIg0nZXGkTs-10z6Mnc3RJMxKHjV4St0ElklgPEtKv-gbfB2vmLIFjk4QJj8Gd-ggdwvx4yp67EjdFWCyfSPRu_jaAZoQ6LGurMDkUjD41tNExRhS6/s1600/download.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Israel
Souza</span></b><a href="file:///C:/Users/SALA-PROF-01/Desktop/Direitismo.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O governo do partido dos trabalhadores
anda levando ao extremo a opção por um governo de coalizão. Já faz um bom tempo
vem se aliando a adversários históricos. Entres eles, Sarney, Collor, Paulo
Maluf, apenas para citar alguns. Sua identidade, que já não era clara, ficou
ainda pior.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Neste momento de crise por
que vem passando o governo Dilma, nenhum partido vem ganhando tanto como o
PMDB. Com a popularidade da presidente em queda, inflação, aumento do
desemprego, alta do dólar etc., o governo vem barganhando de modo temerário,
pondo à disposição de seus “aliados” até mesmo o que não podia. É possível
mesmo dizer que eles mantém a presidência, mas já não governam faz um bom tempo.
São reféns do PMDB, o fiel da balança, o dono da bola.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Chama a atenção o fato de
isso se tornar mais claro quando o governo hipoteca sua sobrevivência na aprovação
de matérias antipopulares e antitrabalhistas. E assim, aquele que já foi
considerado o “maior partido de esquerda do mundo”, passou para a “centro-esquerda”,
e, agora, anda caindo pelas tabelas de tão direitista, sustentando e sendo
sustentado por ruralistas, banqueiros, agiotas, empreiteiros, corruptos etc.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Entretanto, ainda assim, há
aqueles que defendem as opções como as mais acertadas ou, dadas as condições
adversas, as possíveis. Aos que criticam, chama “utópicos”, “esquerdistas”, gente
incapaz de entender adequadamente a atual conjuntura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Lembrei do clássico de Lenin.
<i>Esquerdismo, doença infantil do
comunismo.</i> Mas, francamente, não creio que a crítica do líder da Revolução
Russa possa ser dirigida, com razão, contra os que criticamos os rumos do atual
(des)governo, denunciando o serviço que ele presta à burguesia e o desserviço que
presta aos trabalhadores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Inspirado em Lenin, creio mais
correto dizer que o direitismo é uma doença senil do petismo. Pois, desde o
primeiro mandato de Lula, o partido vem mostrando que entrou, definitivamente,
numa decadência política, intelectual e moral. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/SALA-PROF-01/Desktop/Direitismo.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Cientista Político e
Mestre <st1:personname productid="em Desenvolvimento Regional" w:st="on">em
Desenvolvimento Regional</st1:personname> pela Universidade Federal do Acre, e
pesquisador do Núcleo de Pesquisa Estado, Sociedade e Desenvolvimento na
Amazônia Ocidental (NUPESDAO). E-mail: <a href="mailto:israelpolitica@gmail.com">israelpolitica@gmail.com</a><o:p></o:p></div>
</div>
</div>
Coletivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-83143115914135211072015-09-22T17:02:00.002-05:002015-09-22T19:42:35.479-05:00Uma coisa é defender a democracia; outra, bem diferente, é defender o governo Dilma<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhZBuvOh8mQ9g3Uh8e3MGWE2Je9RBhpsM93ZQPfjH_SYJR4ISkk0JHUvvKtkXd-jegpEuNgzGJ998abYIpBdRw7-5-Yt1S7UVRpAqXZ39Akj6DpxAizzScCnLZc_CwhsjhJDL6AK_MKWZG/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhZBuvOh8mQ9g3Uh8e3MGWE2Je9RBhpsM93ZQPfjH_SYJR4ISkk0JHUvvKtkXd-jegpEuNgzGJ998abYIpBdRw7-5-Yt1S7UVRpAqXZ39Akj6DpxAizzScCnLZc_CwhsjhJDL6AK_MKWZG/s1600/download.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Israel Souza</span></b><a href="file:///F:/Artigos%20meus/Uma%20coisa%20%C3%A9%20defender%20a%20democracia;%20outra,%20bem%20diferente,%20%C3%A9%20defender%20o%20governo%20Dilma.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> As
reiteradas falas de Dilma (PT) a respeito do impeachment, classificando-o como
golpismo, são um claro sinal de que esta possibilidade lhe causa incômodo - ou
mesmo medo. Travando o combate, a presidente se coloca como defensora da
democracia, e pede à oposição que respeite o resultado das urnas.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Dessa
maneira, o que fazem as atuais forças governistas é apequenar a democracia,
reproduzindo dela uma concepção própria das classes dominantes, uma concepção ritualista
e funcional ao sistema. Mais uma prova cabal de que o PT já não educa as massas
para a luta de classes, e sim as estupidifica.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Vale
sublinhar que um impeachment só será possível, se Dilma, que ganhou nas urnas,
continuar perdendo no governo. Ela não pode pedir ou exigir que seus
adversários respeitem o resultado das urnas, se ela mesma não respeita. Os
eleitores não depositaram apenas votos naquelas urnas. Depositaram também
confiança. Não é possível, honestamente, defender aqueles e desprezar esta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> O
voto e a confiança não foram depositados apenas em Dilma, mas no projeto que
ela apresentou durante as campanhas e que, hoje, virou pelo avesso. Isso mostra
que defender o atual governo e defender a democracia são coisas bem diferentes.
<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por certo, o governo foi
eleito “democraticamente”. Todavia, como vem demonstrando, este só se efetiva
antidemocraticamente, colocando a perder até mesmo o que de positivo chegou a
construir. É uma lição já antiga, a de que a austeridade é a mais completa
negação da democracia. Bem o sabiam os pais do neoliberalismo (Hayek e M.
Friedman), que nunca hesitaram em atacar os direitos sociais. Foi emblemático
que a entrada do neoliberalismo no Chile tenha sido antecedida pelo golpe que
derrubou Salvador Allende. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por isso, um governo da
oposição não teria muito trabalho para desconstruir as políticas sociais que o
governo do PT construiu. Ele mesmo já está reduzindo tudo a pó! De outra banda,
a opção do governo pela austeridade tornou a oposição (direitista) supérflua. O
governo já é, por conta própria e convicção, elitista, neoliberal, golpista,
corrupto, antitrabalhista, déspota, parasita etc. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Diante
do avanço da proposta de impeachment, o governo segue buscando amparo no
Congresso, pagando alto preço por um apoio fraco, incerto e imoral. E assim,
pois, vai cavando a própria sepultura. As opções desastrosas podem até não
aumentar o número dos “golpistas” que saem às ruas pedindo seu impedimento, mas
certamente diminuem o número daqueles que sairiam às ruas em sua defesa. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Para os trabalhadores e
movimentos sociais, pouco importa se as mãos que impõem sacrifícios a eles são
da “direita azul” ou da “direita vermelha”. Não é preciso gastar saliva para
mostrá-los que um governo da oposição lhes traria malefícios. Mas falta ainda
ao governo convencê-los de que sua permanência traria benefícios. A sorte do
governo há de lhes interessar quando a sorte deles interessar ao governo. Não
se pode cobrar apoio dando desprezo em troca.</span></div>
</div>
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///F:/Artigos%20meus/Uma%20coisa%20%C3%A9%20defender%20a%20democracia;%20outra,%20bem%20diferente,%20%C3%A9%20defender%20o%20governo%20Dilma.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Cientista Social e Mestre em Desenvolvimento Regional pela Universidade Federal
do Acre (UFAC).<o:p></o:p></div>
</div>
</div>
Coletivo Insurgentehttp://www.blogger.com/profile/05883226458305364807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8587496456749587541.post-23462672114469604792015-09-22T16:59:00.003-05:002015-09-22T16:59:31.485-05:00"REDD tende a transferir a responsabilidade para a crise climática de sociedades industrializadas para as comunidades da floresta" - Entrevista com Michael Schmidlehner<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; page-break-before: always; text-align: justify;">
<b style="line-height: 150%;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Entrevista com Michael Schmidlehner,
fundador da Amazonlink. A entrevista foi conduzida por e-mail, em Agosto de
2015.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">(Tradução
livre da entrevista original em inglês, publicada em </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><a href="http://www.redd-monitor.org/2015/08/27/interview-with-michael-schmidlehner-amazonlink/">www.redd-monitor.org/2015/08/27/interview-with-michael-schmidlehner-amazonlink/</a> )<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">REDD-Monitor:
</span></b></span><span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Por
favor descreva seu trabalho e seu papel na organização Amazonlink.org.</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Michael
Schmidlehner:</span></b></span><span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Eu co-fundei a organização em 2001 e
a partir dai a presidi. O objetivo era apoiar e fortalecer as comunidades das
florestas na Amazônia por meio de acesso à informação e de comércio justo.
Estabelecemos contatos com lojas de um mundo na Alemanha para a venda de
artesanato indígena.</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Em 2003, quando os compradores alemães
estavam interessados em comercializar doces de cupuaçu, fomos confrontados com
o fato de uma empresa japonesa ter registado o nome da fruta como sua marca
registrada. Nós entendemos que este era um caso grave de biopirataria e
denunciamos os fatos através da web e da imprensa. Juntos com outras organizações
brasileiras abrimos um processo no Instituto Japonês de Patentes e, em 2005, a
marca foi cancelada. O caso cupuaçu chamou maior atenção pública no Brasil para
a questão dos direitos sobre os recursos genéticos e a proteção de
conhecimentos tradicionais. Nesta época, Marina Silva foi ministra do Meio
Ambiente. Ela estava preocupada com a implementação dos princípios
estabelecidos pela Convenção da Diversidade Biológica (CDB) e, neste contexto
executamos o protejo Aldeias Vigilantes no Acre, financiado pelo governo
brasileiro. O protejo visava empoderar
comunidades indígenas, informando-os sobre os seus direitos em relação à
protecção dos seus conhecimentos tradicionais.<span class="Fontepargpadro1"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Após a
execução de Aldeias Vigilantes, Amazonlink.org não realizou mais projetos. Em
2011, Amazonlink.org assinou a </span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><a href="http://terradedireitos.org.br/wp-content/uploads/2011/10/Carta-do-Acre.pdf">Carta
do Acre</a><span class="Fontepargpadro1">. Nesta declaração rejeitamos junto com
trinta outros grupos da sociedade civil a política do capitalismo verde no
Acre. A assinatura deste documento marcou uma cisão entre nossa organização e o
Governo do Acre e as ONG a ele ligados e
provocou a retracção de uma parte dos nossos associados. Desde então, um
pequeno grupo dos membros originais continua fazendo campanha por justiça
climática e pelos direitos dos Povos das Florestas, principalmente em
cooperação com o CIMI (Conselho Indigenista Missionário).</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">REDD-Monitor:</span></b></span><span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Qual é a
sua posição sobre REDD? Por favor, descreva os seus pontos de vista sobre o
desenvolvimento de um mecanismo de REDD internacionalmente e no Brasil.</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Michael
Schmidlehner:</span></b></span><span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Em grande parte, a minha posição
sobre REDD deriva da experiência com Aldeias Vigilantes. Por um lado, fomos
confrontados com a realidade de comunidades dependentes da floresta no Acre.
Por outro lado, tivemos de considerar as políticas e discursos promovidos por
grandes ONGs, empresas, governos, agências de desenvolvimento e as Nações
Unidas. Eu podia ver como irrealista e enganadora a ideia de "repartição
justa e equitativa dos benefícios" – como prevista pela CBD – é.</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">A ideia de que uma comunidade
dependente da floresta poderia ser beneficiada em longo prazo por um projeto de
bioprospecção é da mesma maneira utópica, como por um projeto REDD. Estes
projetos não resultam das demandas da comunidade, mas são impostas de cima para
baixo. Baseados nas ideias de comercialização e financeirização dos recursos
biológicos, eles não são apenas incompatíveis com a relação que estas
comunidades possuem com a natureza, mas de fato corroem esta relação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">No contexto internacional, REDD visa
transferir a responsabilidade para a crise climática de sociedades
industrializadas para as comunidades florestais, do norte para o sul. REDD (bem
como os pagamentos para os chamados serviços ambientais), na verdade reproduz
relações coloniais de poder. Sendo apresentado como se fosse uma solução para a
crise, REDD tende a mascarar o problema real (que é basicamente a queima de
combustíveis fósseis), bem como impedir que as sociedades reconheçam a urgência
e a necessidade de abordar as causas principais (produção e consumo excessivos
por parte das sociedades ricas).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O Brasil ocupa uma posição especial
nas negociações da CBD e UNFCCC. Ambas as convenções foram criadas na Eco-92 em
Rio de Janeiro, e sempre houve uma expectativa de que a enorme diversidade
biológica do Brasil poderia impulsionar seu desenvolvimento, e que este país
poderia, de alguma forma ser pioneiro numa transição global para
sustentabilidade e justiça ambiental e
climática. Hoje, no entanto, o curso dos acontecimentos no país aponta na
direcção oposta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">No Brasil, a implementação de REDD faz
parte de um amplo processo de transferência do controle sobre os recursos
naturais, retirando-o de pequenos agricultores e comunidades tradicionais, e concentrando-o
nas mãos de oligarquias locais e corporações multinacionais. Este processo
apoia-se em antigas estruturas de poder, decorrentes do período colonial,
reforçadas durante o período da ditadura e paradoxalmente reiteradas no atual
governo do Partido dos Trabalhadores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Uma série de novos regulamentos
legais, estaduais e nacionais, tais como SISA (a lei do estado Acre 2308 de
2010), o Novo Código Florestal (Lei nº 12.651 de 2012), a nova lei da
Biodiversidade (Lei nº 13,123 de 2015) e PEC 215 (emenda constitucional) criam
um novo quadro legislativo que acelera esse processo de concentração.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Para a elite financeira brasileira,
REDD oferece mais uma oportunidade de acumulação de capital. Grandes áreas de
floresta com posse de terra insegura – agora elegíveis para projetos de REDD –
estão sob crescente ameaça de grilagem. Enquanto desempoderando comunidades
dependentes da floresta, REDD está se tornando um negócio lucrativo para os
latifundiários, especuladores e ONGs intermediárias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">REDD-Monitor</span></b></span><span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">: Apesar
de ainda não existir uma decisão na UNFCCC sobre se REDD será um mecanismo de
mercado de carbono, várias organizações internacionais e ONGs estão promovendo
uma versão de REDD como mercado de carbono (por exemplo, o Banco Mundial,
UN-REDD, The Nature Conservancy, Fundo
de Defesa Ambiental dos EUA, Conservation Internacional e WWF). Qual é a sua
posição sobre REDD como um mecanismo de mercado de carbono?</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Michael
Schmidlehner</span></b></span><span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">: O pressuposto fundamental dessas
organizações, como exposto no estudo TEEB (programa dos países G8 para
viabilizar a Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade) é que humanos
seriam incapazes de preservar recursos naturais, enquanto não houver um valor
monetário atribuído a estes. Além de uma concepção infeliz da humanidade (como
meramente impulsionada por uma lógica de ganância e incapaz de mudar), este
argumento apoia-se no mito malfadado da auto-regulação do mercado.</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">A história das finanças globais nos
mostra que mercados sem restrições tendem a produzir situações distorcidas e
instáveis. Assim como a especulação com empréstimos habitacionais nos EUA levou
ao desastre financeiro em 2008, o comércio de carbono, serviços ambientais e
derivados dos mesmos pode causar uma bolha financeira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Na vida real, mais e mais projetos
REDD estão se revelando como ineficazes, socialmente injustos e em muitos casos
fraudulentos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">É importante entender que essas falhas
não são algo que poderia ser corrigido por medidas adicionais, como os chamados
salvaguardas socioambientais. Estas falhas, na verdade, são consequencias de uma contradição fundamental que é
intrínseca a projetos ambientalistas com financiamento pelo mercado. Por um
lado, estes projetos são baseados em dados facilmente maleáveis, suposições e hipóteses.
Por outro lado, eles são movidos por uma intenção de lucro muito concreta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Deixe-me dar um exemplo. Os projetos
Purus, Valparaiso e Russas no Acre são projetos REDD-plus privados promovidos
pela empresa estadunidense CarbonCO LLC. O Projeto Purus foi certificado por
duas certificadoras internacionais VCS (Verified Carbon Standard) e CCBS (Climate Community and Biodiversity
Standards), neste último caso, até com “Distinção Ouro”. O projeto já emitiu e
vendeu certificados de carbono para eventos, como a Copa do Mundo de 2014, no
Rio de Janeiro, supostamente contribuindo para a neutralidade de carbono do
evento.<span class="Fontepargpadro1"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Em 2013, a
Plataforma Brasileira de Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Culturais e
Ambientais (DhESCA) empreendeu uma missão nas três áreas de projeto. A missão
revelou graves violações dos direitos básicos das comunidades residentes (</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><a href="http://www.plataformadh.org.br/files/2015/08/economia_verde_relatorio.pdf">ver
relatório aqui</a><span class="Fontepargpadro1">). Alguns dos moradores disseram
que os promotores do projecto tinham dado um incentivo “segredo” para
desmatamento: “Ele disse assim, em 2014, “o desmatamento é para ser zero. […] quem precisa desmatar um hectare por ano,
este ano desmate dois hectares, quem desmata dois, desmate quatro.”</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O incentivo para desmatamento, vindo
de um promotor de um projecto de proteção ambiental, à primeira vista parece
paradoxal, mas é facilmente explicado pelo princípio de “adicionalidade”, que
geralmente subjacente a todos os projetos do tipo REDD: A prova de que as
emissões foram evitadas é possível apenas pela comparação entre o cenário
"positivo" do projeto e um cenário hipotético "negativo"
que teria acontecido nesta área sem o projeto. Neste cenário
"negativo" mais emissões teriam ocorrido. Mostrando a diferença entre
os dois cenários – a chamada adicionalidade do projeto – os promotores do
projeto procuram provar que o projecto teria de fato evitado emissões.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Quer se trate da adicionalidade, da
contagem de carbono, do consentimento de uma comunidade: informações serão
sempre suscetíveis de serem distorcidas, manipuladas ou falsificadas em
projetos de REDD financiados pelo mercado. A arquitetura complexa dos projetos
de REDD faz uma abordagem participativa e um efetivo controle impossível. Em um
contexto comercial esta obscuridade facilita comportamentos calculistas,
manobras escondidas ou práticas fraudulentas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">REDD-Monitor</span></b></span><span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">: REDD, é
claro, faz parte de desenvolvimentos recentes muito maiores, tais como o
capitalismo verde e a financeirização da natureza. Diante deste contexto, você
acha que seria possível ter uma versão "bem sucedida" de REDD que não
envolve o comércio de carbono?</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Michael
Schmidlehner:</span></b></span><span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> REDD, sendo financiado através de um
fundo (e não através da venda dos certificados dos próprios projetos)
provavelmente seria um mal menor. Os projetos seriam independentes dos
instáveis mercados de carbono e a interferência direta de corporações em
comunidades dependentes da floresta poderia ser evitada.</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Ao mesmo tempo, enquanto pagamentos
são baseados em resultados (pagamento de acordo com a quantidade de emissões de
CO2 reduzidas), REDD – mesmo não financiado pelo mercado – sempre terá sérios impactos sobre comunidades
dependentes da floresta. Esta chamada abordagem baseada nos resultados obriga
as comunidades indígenas para alterar sua forma tradicional de interação com a
floresta (na verdade, a forma com qual eles preservaram as florestas desde
tempos imemoriais) e cumprir com as normas estabelecidas pela atual ciência
ocidental do clima.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Ainda está em aberto, se a UNFCCC vai
adotar um mecanismo de mercado para o financiamento de REDD ou não. Muitas
outras questões relativas a REDD terão que ser resolvidos antes da constituição
de um novo regime climático (como esperado para a COP 21, em dezembro deste
ano). Por exemplo: Qual escala será usada para o financiamento? Financiamento
em nível de projeto, sub-nacional ou nacional?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Em todos os casos possíveis, REDD não
pode contribuir de forma eficaz para combater a crise climática. Devemos
lembrar que apenas 11% das emissões de dióxido de carbono causadas pelo homem
vêm do desmatamento, ao passo que cerca de 65% são provenientes de indústrias e
da queima de combustíveis fósseis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Acima de tudo, devemos ter em mente
que o REDD não aborda as verdadeiras causas do desmatamento. Os principais
fatores no Brasil são pecuária extensiva, plantações de monoculturas como soja,
cana-de-açúcar ou de óleo de palma, bem como a atividade madeireira industrial.
Essas atividades são geralmente realizadas por oligarquias locais e corporações
multinacionais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Em muitos países como também no
Brasil, esses grupos têm forte influência sobre o governo. Seja regulamentado
pelo mercado ou pelos governos, REDD sempre acabará transferindo o controle
sobre áreas de floresta para estes grupos. Reduzir o desmatamento, em última
análise, é em primeiro lugar um desfio
político, e muito menos um problema técnico. REDD – cada vez mais promovido
como se fosse uma solução tanto para as florestas quanto o clima – ofusca esse
fato.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">REDD-Monitor:
</span></b></span><span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">REDD
trouxe muita atenção para as florestas do Acre, com a WWF, IUCN, a Universidade
Federal do Acre, IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), o Centro
de Pesquisa Woods Hole, Embrapa e GTZ (Cooperação Técnica Alemã, agora
renomeada GIZ) e KfW (banco de desenvolvimento da Alemanha), todos trabalhando em
aspectos de REDD no Acre. Toda essa atenção – e financiamento – não são coisas
boas?</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Michael
Schmidlehner:</span></b></span><span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> O Acre está sendo projetado como
vitrine para a economia verde por essas organizações. Internamente, no Acre,
isso favorece apenas um pequeno grupo de pessoas, enquanto em geral tem efeitos
de autoritarismo estatal e censura. O pequeno grupo de pessoas que se beneficia
do financiamento é composto por funcionários do governo, consultores de ONGs
relacionadas ao governo, e algumas selecionadas líderanças de sindicatos e de
organizações indígenas. A grande maioria dos povos da floresta não recebe
quaisquer benefícios do financiamento internacional. Privados de muitos de seus
direitos fundamentais, eles vivem em uma situação de escassez e insegurança e –
o que o torna a situação pior – sua condição é sistematicamente mascarada.</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Externamente uma falsa imagem do Acre
é propagada. EDF, bem como GIZ e WWF buscam exibir as políticas de economia
verde do Acre como se fossem baseadas na demanda dos povos da floresta e como
se fossem alinhadas com a luta histórica destes povos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Depois de receber o Prêmio Chico
Mendes de Florestania do Governo do Acre em 2008, Steve Schwarzmann do EDF
escreveu: “É, de fato, em parte, devido ao legado de Chico que os negociadores
internacionais sobre o clima na convenção do clima das Nações Unidas passaram a
maior parte da primeira metade do mês de Dezembro em Poznan, Polónia debatendo
se e como países com florestas tropicais e povos da floresta que reduzem o
desmatamento da floresta poderiam ser compensados através de um novo acordo
sobre o clima para entrar em vigor em 2013.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Um artigo sobre programa de
financiamento “REDD Early Movers” (REM)
do KfW no Acre – após informar-nos que o
coordenador deste programa recebeu o Prêmio Chico Mendes do Governo do Acre –
afirma: “O governo federal alemão gostaria, no futuro, ampliar o bem-sucedido
Programa REM para o Equador, Colômbia e países asiáticos. Algo que Chico Mendes
também teria aprovado.” Nada poderia estar mais longe da verdade! Chico Mendes
era um auto-declarado socialista. Retratando-o como se fosse o patrono do
capitalismo verde e distorcendo a história do movimento de povos da floresta,
estas organizações propagam a falsa solução de REDD fora do Brasil e em nível
das Nações Unidas.<span class="Fontepargpadro1"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Em 2012,
na conferência Rio+20, um grupo de ativistas do Acre, incluindo eu, lançou o </span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><a href="http://www.cimi.org.br/pub/Rio20/Dossie-ACRE.pdf">Dossier Acre</a><span class="Fontepargpadro1">. Neste documento, argumentamos que as políticas de
economia verde no Acre, ao invés de representarem um exemplo bem-sucedido,
exemplificam justamente a falência deste modelo, revelando-o como
ambientalmente destrutivo e socialmente excludente.</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Até agora nossas muitas críticas à
política de economia verde do estado, apresentadas no Dossiê Acre e várias
outras publicações, têm sido sistematicamente ignoradas pelo Governo do Estado
e os patrocinadores de REDD como KfW.<span class="Fontepargpadro1"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Agora, um
número crescente de pessoas na Alemanha também está questionando o
financiamento REM no Acre. Recentemente, um pedido de informações foi
protocolado no Bundestag (parlamento alemão.) (Veja a consulta em alemão </span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><a href="http://dip21.bundestag.de/dip21/btd/18/057/1805706.pdf">aqui</a><span class="Fontepargpadro1">) Esperamos que este inquérito pode instigar um debate
mais amplo entre a sociedade civil alemã e levar a uma reavaliação das metas de
financiamento da Alemanha no Acre. Há uma necessidade urgente de apoiar do
povos indígenas neste estado na luta por seus direitos. O dinheiro alemão
poderia ser aplicado bem mais efficiente, atendendo as reais necessidades dos
povos da floresta, como demarcação de terras indígenas e serviços de saúde e
educação para as comunidades abandonadas.</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">REDD-Monitor:</span></b></span><span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> os
defensores de REDD muitas vezes alegam que REDD é uma forma de garantir o
respeito pelos direitos dos povos indignas, em particular os direitos à terra.
Qual é a sua experiência de REDD e os direitos dos povos indígenas no Acre?</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Michael Schmidlehner</span></b></span><span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">: REDD
ameaça tanto o direito dos povos indígenas às suas terras tradicionalmente
ocupadas, quanto seu direito ao uso auto-determinado dos recursos em suas
terras. Em 2012, o presidente da Federação do Povo Huni Kui do Acre (FEPHAC)
Ninawa Huni Kui </span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><a href="http://port.pravda.ru/sociedade/incidentes/24-10-2012/33872-povos_indigenas-0/">denunciou</a><span class="Fontepargpadro1">: “No Acre, a demarcação de territórios indígenas está
paralisada porque eles querem tomar a nossa terra para fazer lucros com
serviços ambientais, através de programas como REDD.”<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">De fato
existem 21 terras indígenas ainda a serem demarcadas no Acre. Todos os
processos de demarcação estão paralisadas desde 1999. Esses territórios estão
freqüentemente sendo invadidos por não indígenas, e sob constante pressão,
exercida por latifundiários e empresas. REDD é uma oportunidade de compensação
e um lucrativo investimento para estes atores e aumenta esta pressão. Dentro
dos territórios, restrições ambientais ameaçam a segurança alimentar das
comunidades. Um membro de uma das comunidades, entrevistado pela relatora da </span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><a href="http://www.plataformadh.org.br/files/2015/08/economia_verde_relatorio.pdf">Missão
DHESCA</a><span class="Fontepargpadro1"> afirmou: “</span> <span class="Fontepargpadro1">São tantos anos que a gente vêm sofrendo. Este ano
ficamos mais prejudicados porque não podemos roçar. Os fazendeiros podem, e a
gente não pode? Somos 24 famílias, como vamos sobreviver?”</span><b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">REDD-Monitor</span></b></span><span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">: Ao mesmo
tempo que o REDD está sendo implementado no Acre, o Congresso do Brasil está
considerando uma mudança constitucional (PEC 215) que iria transferir o poder
para demarcar terras dos povos indígenas da FUNAI para o Congresso. Quais são
as implicações da PEC 215 para os direitos indígenas e para o futuro de REDD no
Acre?</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Michael Schmidlehner</span></b></span><span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">:
Atualmente, quase todos os processos de demarcação estão paralisadas no Brasil
porque o governo atrasa o trabalho da FUNAI na medida em que não passa os
recursos necessários para este. A PEC 215 é agressivamente promovida pela
chamada Bancada Ruralista que detém uma posição de poder sem precedentes no
Congresso Brasileiro e, em muitos aspectos domina o governo federal. Se a PEC
215 for aprovada, provavelmente não uma única terra indígena será mais
demarcada futuramente no Brasil.</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Existem massiços interesses em cima
das terras indígenas: mineração, petróleo (em Acre, possivelmente, até mesmo
fracking), criação de gado ou monoculturas, construção de rodovias e ferrovias
(no Acre provavelmente atravessando os territórios de povos indígenas sem
contato). Os mesmos grupos de interesse que promovem essas atividades querem se
apropriar das remanescentes florestas em pé (e de preferência despovoadas) para
lucrativos esquemas de compensação. O novo Código Florestal, assim como SISA
viabilizam estes esquemas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Enquanto SISA facilita compensação de
emissões, os novo Código Florestal cria a Cota Rural Ambiental CRA que serve
para compensar desmatamento. O mercado com os CRA oferece sinergias com o
mercado de carbono, permitindo múltiplas possibilidades de compensação. Uma
área de floresta única no Acre agora pode ser usado duas vezes para a
compensação: para compensação de emissões (SISA) e para a compensação de
desmatamento (novo Código Florestal).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Através da PEC 215 e através de REDD,
corporações multinacionais aliadas com oligarquias locais, procuram adquirir
direitos sobre territórios indígenas, ou por meio da expulsão dos povos de seus
territórios, ou tutelando-os dentro dos territórios.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">REDD-Monitor</span></b></span><span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">: Um
direito importante para os povos indígenas é o princípio de consentimento
livre, prévio e informado (CLPI). Por favor, descreva a sua experiência do
processo de CLPI na criação de REDD no Acre, incluindo a consulta pública para
a Lei Estadual 2.308 que instituiu o Sistema Estadual de Incentivos para
Serviços Ambientais (SISA) em 2010.</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Michael Schmidlehner</span></b></span><span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">: A lei
SISA passou em apenas dois dias pela Assembléia Legislativa do Acre em
"caráter de urgência". Ela foi sancionada em 22 de outubro de 2010,
tarde da noite após uma apresentação power point por um representante da Forest
Trends.</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">A "urgência" encontrou sua
explicação quando apenas quatro dias depois, em 26 de outubro, o Fundo Amazônia
(dinheiro do governo norueguês, KFW e Petrobras, administrado pelo Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico BNDES) concedeu 66,7 milhões de reais ao
Governo do Acre para o <a href="http://www.fundoamazonia.gov.br/FundoAmazonia/fam/site_pt/Esquerdo/Projetos_Apoiados/Lista_Projetos/Estado_do_Acre">projeto
de Valorização do Ativo Ambiental Florestal do Acre</a> . Até hoje temos muito
pouca transparência sobre a aplicação destes recursos.<span class="Fontepargpadro1"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">A
implementação de REDD no Acre é impulsionada pelo dinheiro que é injetado no
estado, com a finalidade de criar uma vitrine para políticas de economia verde.
Não obstante, o governo do Acre alega que SISA é o resultado de amplas
consultas com as partes interessadas. Ao mesmo tempo este governo </span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><a href="http://www.ac.gov.br/wps/wcm/connect/fc02fb0047d011498a7bdb9c939a56dd/publica%C3%A7%C3%A3o_lei_2308_ling_PT.pdf?MOD=AJPERES%20">informa</a><span class="Fontepargpadro1"> que apenas 174 pessoas foram diretamente consultadas: 85
técnicos de organizações não-governamentais (provavelmente aquelas mencionadas
na quinta questão); 50 trabalhadores extrativistas, 30 indígenas e nove
representantes de organizações de classe. Dada uma população de quase 800 mil
pessoas no Acre, isto é quase nada.</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Desde 2010, foram organizadas várias
reuniões e oficinas sobre REDD e SISA. Nós não sabemos, o que realmente
aconteceu nesses eventos (relatórios não são publicados). Ainda assim, é claro
que estes eventos suscitam grandes expectativas de retornos financeiros entre
os povos indígenas.<span class="Fontepargpadro1"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Em uma das
oficinas, Almir Surui do povo Paiter Suruí foi convidado para falar sobre um
projeto de REDD que ele promove em Rondônia (RO). O evento foi noticiado com as
palavras “A palestra de Almir Narayamoga Suruí, chefe dos Paiter (RO), no
último dia da Oficina de Informação sobre o Sistema de Incentivos a Serviços
Ambientais (Sisa), acabou com as dúvidas das lideranças indígenas do Acre e
encheu todos – índios e não-índios -, de esperança: a proteção da floresta e da
biodiversidade tem valor, é em dólar e aos milhões”. Ao mesmo tempo,
obviamente, muitas dúvidas permaneceram após o evento, como expressou um dos
participantes: “ainda não está claro o que vai ser vendido, como vai ser
vendido, quem vai acompanhar, quem vai negociar, o que é mesmo essa venda, como
vai ser feita”<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">A
ininteligibilidade do REDD, juntamente com a expectativa financeira causa
profundas divisões entre os indígenas. Os promotores de REDD escondem
sistematicamente tais problemas e depois conjuram aquilo que chamam
consentimento livre, prévio e informado.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Tais
divisões e distorções encontram-se perfeitamente exemplificadas no supracitado
projeto Suruí, cujo implementação foi baseada em um </span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><a href="http://www.forest-trends.org/documents/files/doc_2693.pdf">CLPI promovido
pela organização Forest Trends</a><span class="Fontepargpadro1"> e que causou
graves problemas e </span><a href="http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&action=read&id=7900">aprofundou
conflitos entre este povo</a><span class="Fontepargpadro1">. Durante anos, este
projeto foi apresentado para os povos indígenas no Acre como exemplo a seguir,
e hoje as mesmas divisões e distorções estão ocorrendo aqui.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Neste
ponto devemos também questionar a viabilidade de um consentimento livre, prévio
e informado (CLPI) no dado contexto. Como o consentimento de uma comunidade
pode ser livre, enquanto esta carece dos recursos básicos para satisfazer as
necessidades mínimas, e enquanto tem seus direitos fundamentais ameaçados? Até
que ponto o consentimento pode ser chamado prévio? Prévio à quê? Antes de a
proposta de um projeto REDD geralmente há nessas comunidades numerosas
intervenções por parte do governo ou de ONGs do ambientalismo de mercado. Estas
intervenções, tais como implementação de manejo florestal, programas de
etno-mapeamento ou formação de agentes agro-florestais indígenas, fomentam a
predisposição das comunidades para aceitar este tipo de projeto. E acima de
tudo, o que significa "informado"? Quanta informação e que tipo de
informação se considera necessários para que uma uma comunidade possa decidir
sobre um projeto REDD? Quem poderia fornecer informação imparcial? Quais são os
impactos deste processo de informação sobre o equilíbrio social e cultural de
uma comunidade indígena?</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">REDD-Monitor:</span></b></span><span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Nos cinco
anos depois de 2003, o desmatamento no Acre caiu em 70%. Isto foi em parte
resultado dos preços das commodities agrícolas, mas também foi o resultado de
uma série de políticas, monitoramento do governo e aplicação da lei. Isso
aconteceu antes de REDD. A taxa de desmatamento está aumentando (a área
desmatada em 2014 foi a maior desde 2006). Você vê REDD como potencialmente
apoiando estas medidas anteriores para reduzir o desmatamento, ou, na
realidade, minando os sucessos anteriores?</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Michael
Schmidlehner:</span></b></span><span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Em primeiro lugar, a taxa de
desmatamento – com base em dados de satélite – só leva em conta a quantidade de
corte raso. A maciça extração de madeira através do chamado manejo florestal
madeireiro já causou degradação das florestas no Acre antes de 2003. A
dimensões desse desmatamento oculto até hoje estão desconhecidas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O aumento
da taxa de desmatamento na Amazônia brasileira certamente tem a ver com a
subida do dólar e das exportações de soja e
carne. Ao mesmo tempo, este aumento deve ser entendido no contexto novo
Código Florestal de 2012. Essa lei concedeu generosas anistias para crimes de
desmatamento. Muitos proprietários rurais estão agora livres de multas
relacionadas a desmatamentos que ocorreram antes de Julho de 2008. Isto é
largamente interpretado por eles como uma licença para desmatar.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Acima de
tudo, o novo Código Florestal marca a transição de uma política de recuperação
ambiental para uma política de compensação ambiental e assim cria fortes
sinergias entre o agronegócio e projetos
do tipo REDD (como descrito na resposta à
sétima questão).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">A
expectativa de amnistias futuras e as novas possibilidades de compensação são
provavelmente as principais causas do aumento do desmatamento desde 2013. REDD
faz parte dessa dinâmica. As áreas florestais a partir das quais as
supracitadas Cotas Rurais Ambientais (CRAs) são emitidas também podem ser usado
simultaneamente para a geração de créditos de carbono. Em vez de penalizar os
grandes desmatadores, o novo Código Florestal em combinação com REDD cria novas
oportunidades de negócio para eles.</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">REDD-Monitor</span></b></span><span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">: Acre é
um dos membros fundadores da Força Tarefa de Governadores para o Clima e
Florestas (GCF), criado sob o então governador da Califórnia Arnold
Schwarzenegger em 2009. Qual é a sua visão do GCF? Ele ajudou em reduzir o
desmatamento e apoiar os direitos das comunidades locais e povos indígenas no
Acre?</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Michael
Schmidlehner</span></b></span><span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">: A Força Tarefa de Governadores para
o Clima e Florestas (GCF) promove o REDD subnacional. A ideia é que estados ou
províncias membros do GCF adotam normas jurídicas que lhes permitem estabelecer
um mercado de carbono florestal regulamentado entre eles. Há vários problemas
com esta abordagem. Muitas questões técnicas como a medição de carbono,
adicionalidade (como descrito na resposta à terceira questão), o “vazamento” (o
fato de que a proteção de uma área florestal muitas vezes leva ao aumento do
desmatamento no entorno) e “permanência” (o fato de que uma floresta pode ser
destruída por causas imprevistas) são muito difíceis (na verdade, impossível)
de enfrentar a nível subnacional.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Em nível
nacional, REDD seria tecnicamente mais viável. As leis estaduais que facilitam
o mercado de carbono subnacional ainda tendem a estar em conflito com as
constituições dos países. No Brasil, por exemplo, a constituição define o
ambiente natural como "bem de uso comum". A lei SISA é visto por seus
críticos como inconstitucional, por permitir a comercialização dos chamados
serviços ambientais, tal como seqüestro de carbono florestal.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Durante as
duas últimas COPs podíamos perceber que o governo brasileiro não aprova
iniciativas de REDD em nível estadual, mas quer negociações bilaterais ocorram
apenas em nível federal. Na visão do governo federal, REDD subnacional tende a
comprometer a soberania do país sobre seus recursos naturais. Ao adotar um
mecanismo nacional de REDD, o Governo Federal pode, no futuro, até mesmo
proibir acordos subnacionais. Para evitar isso, os promotores do REDD
subnacional propõem a chamada Abordagem Aninhada com o propósito de harmonizar
REDD em diferentes escalas. Entretanto, esta abordagem, na realidade, torna os
complexos mecanismos REDD ainda mais complicados. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Ainda
assim, o governo do Acre insiste em sua estratégia subnacional.
Internacionalmente apresentado como pioneiro em REDD, o Acre é um dos
principais intervenientes no GCF. Atualmente, o Governador do Acre também é o
presidente do GCF. O principal parceiro do Acre no grupo é a Califórnia. Em
2010, os governadores da Califórnia, Chiapas, Acre e assinaram um Memorando de
Entendimento que prevê a compensação de emissões de indústrias da Califórnia
através de REDD+ no Acre e Chiapas. Enquanto a maioria das pessoas no Acre tem conhecimento
nem deste acordo, nem do GCF, um pequeno, mas crescente número de organizações,
líderes comunitários e ativistas se opõe a estas iniciativas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Em 2013,
25 organizações e 40 indivíduos rejeitaram o negócio planejado com a Califórnia
em uma </span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><a href="http://www.onortao.com.br/noticias/carta-denuncia-aberta-ao-governo-da-california,934.php">carta
aberta</a><span class="Fontepargpadro1">. Os principais argumentos são que as
partes que seriam afetadas pelos projetos REDD+ não foram ouvidos, que o REDD+
não vai efetivamente reduzir emissões de carbono ou desmatamento e que este
mecanismo de fato agrava o quadro de injustiça socio-ambiental.</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">REDD-Monitor:</span></b></span><span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> O que
você vê como as maiores ameaças para os povos e florestas do Acre? E o que você
vê como a melhor maneira de lidar com essas ameaças? REDD pode desempenhar um
papel para no enfrentamento destas ameaças?</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Michael
Schmidlehner</span></b></span><span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">: A maioria dos cientistas do clima
concordam que, se as alterações climáticas continuarem no ritmo atual, as
florestas tropicais podem deixar de existir ainda neste século. Se levarmos
isso a sério, e se levarmos em conta o fracasso global dos governos e das
Nações Unidas, que não tiram as consequências certas, vamos chegar à conclusão
de que a mudança climática seria a maior ameaça para todos nós, e particularmente
para comunidades dependentes da floresta como os do Acre. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">A reação
correta a esta crise seria de deter a queima de combustíveis fósseis e de mudar
os padrões de produção e consumo das sociedades industrializadas. Estas medidas
urgentes serão atrasadas enquanto soluções falsas como REDD estão sendo
propagadas por uma pequena elite que persegue seus interesses particulares.
Especialmente aqui no Acre, sendo este estado usado como uma vitrine para REDD,
devemos denunciar esta falsa solução.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">A mudança
climática é o sintoma mais tangível de uma crise muito mais ampla que
compreende toda a nossa organização socio-económica e nossa relação com a
natureza, e esta crise exige uma mudança global radical. Se acreditamos na
possibilidade desta mudança, e se acreditamos que um “outro mundo” é possível
em escala global, antes de tudo, temos de nos opor à destruição dos poucos
"outros mundos" que ainda existem a nível local em nosso planeta. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Fontepargpadro1"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Em outras
palavras, precisamos respeitar os povos indígenas na sua diferença cultural,
deter os crescentes interesses industriais e comerciais que incessantemente
invadem seus territórios, e apoiar a luta política dos povos indígenas pelos
seus direitos e por sua autonomia.</span></span></div>
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