Cerca de 600 indígenas do Território Indígena e Parque Nacional Isiboro
Sécure (Tipnis), departamento boliviano de Beni, dão continuidade à VIII Grande
Marcha Indígena em Defesa do Tipnis, pelos Territórios, a Vida, Dignidade e os
Direitos dos Povos Indígenas, iniciada no último dia 15, saindo da cidade de
Trinidad (Beni) em direção à capital, La Paz. Organizada pela Confederação dos
Povos Indígenas da Bolívia (Cidob, na sigla em espanhol), a marcha percorrerá
mais de 600 quilômetros, no período de um mês.
O objetivo da mobilização é modificar o projeto da segunda etapa da estrada Villa Tunari (Cochabamba) - San Ignacio de Moxos (Beni), com 177 quilômetros. A obra, que liga Bolívia e Brasil, atravessa o território onde vivem 64 comunidades indígenas e gerará impactos sócio-ambientais, por isso os indígenas exigem que seja elaborado um projeto alternativo.
Somente em La Paz os manifestantes aceitarão negociar com o Estado, cumprindo o que anunciaram antes mesmo do início da marcha. Ainda assim, o governo decidiu convidar os indígenas para mesas de negociação, o que foi rechaçado.
De acordo com matéria da TeleSur, o presidente da Cidob, Adolfo Chávez, solicitou ontem (17) a presença do presidente Evo Morales como único interlocutor válido.
Com relação à marcha, Morales acusou os manifestantes de estarem servindo a interesses políticos de ONGs e da Agência Estadunidense para a Cooperação Internacional (Usaid, por sua sigla em inglês).
A versão é ecoada pelos funcionários do governo, a exemplo do vice-ministro de Coordenação com os Movimentos Sociais, César Navarro. "Dizem-nos que queremos utilizar o conceito de desenvolvimentismo para desnaturalizar a biodiversidade e ignorar as comunidades indígenas, é completamente falso”, alega.
Segundo ele, os indígenas já haviam sido convidados para negociar. "Há que dizê-lo com muita estima que lamentamos que os convites que lhes fizemos, inicialmente o de julho, [onde] lhes dissemos que ‘definissem lugar e data para a reunião’, não foi aceito”, disse.
Contudo, os líderes indígenas reafirmam que não houve canal de negociação antes da marcha. Por sua vez, o subprefeito de Tipnis, Pedro Tamo, salienta que "o Tipnis nunca em sua vida solicitou uma estrada ao governo nacional, e é por isso que o Tipnis não tem uma proposta”.
Além disso, denunciam que não foram consultados sobre o projeto, o que descumpre a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), sobre consultas prévias, e o artigo 352 da Constituição da Bolívia, que prevê consultas livres, prévias e com informações claras em processos de exploração de recursos naturais e projetos de infraestrutura em territórios indígenas.
Alternativa
Ontem (17), a Confederação Sindical Única de Trabalhadores Camponeses da Bolívia (CSUTCB) pediu ao presidente Evo Morales que suspenda a construção da segunda etapa da estrada. A entidade apresentou proposta alternativa para a obra: construí-la partindo de Villa Tunari, mas passando por San Borja e culminando em Santa Rosa, ou seja, sem atingir San Ignacio de Moxos, onde está o Tipnis.
A proposta recebeu o apoio da Confederação de Comunidades Interculturais da Bolívia e da Federação de Mulheres Camponesas Bartolina Sisa. As organizações insistiram na necessidade de diálogo entre governo e indígenas.
O objetivo da mobilização é modificar o projeto da segunda etapa da estrada Villa Tunari (Cochabamba) - San Ignacio de Moxos (Beni), com 177 quilômetros. A obra, que liga Bolívia e Brasil, atravessa o território onde vivem 64 comunidades indígenas e gerará impactos sócio-ambientais, por isso os indígenas exigem que seja elaborado um projeto alternativo.
Somente em La Paz os manifestantes aceitarão negociar com o Estado, cumprindo o que anunciaram antes mesmo do início da marcha. Ainda assim, o governo decidiu convidar os indígenas para mesas de negociação, o que foi rechaçado.
De acordo com matéria da TeleSur, o presidente da Cidob, Adolfo Chávez, solicitou ontem (17) a presença do presidente Evo Morales como único interlocutor válido.
Com relação à marcha, Morales acusou os manifestantes de estarem servindo a interesses políticos de ONGs e da Agência Estadunidense para a Cooperação Internacional (Usaid, por sua sigla em inglês).
A versão é ecoada pelos funcionários do governo, a exemplo do vice-ministro de Coordenação com os Movimentos Sociais, César Navarro. "Dizem-nos que queremos utilizar o conceito de desenvolvimentismo para desnaturalizar a biodiversidade e ignorar as comunidades indígenas, é completamente falso”, alega.
Segundo ele, os indígenas já haviam sido convidados para negociar. "Há que dizê-lo com muita estima que lamentamos que os convites que lhes fizemos, inicialmente o de julho, [onde] lhes dissemos que ‘definissem lugar e data para a reunião’, não foi aceito”, disse.
Contudo, os líderes indígenas reafirmam que não houve canal de negociação antes da marcha. Por sua vez, o subprefeito de Tipnis, Pedro Tamo, salienta que "o Tipnis nunca em sua vida solicitou uma estrada ao governo nacional, e é por isso que o Tipnis não tem uma proposta”.
Além disso, denunciam que não foram consultados sobre o projeto, o que descumpre a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), sobre consultas prévias, e o artigo 352 da Constituição da Bolívia, que prevê consultas livres, prévias e com informações claras em processos de exploração de recursos naturais e projetos de infraestrutura em territórios indígenas.
Alternativa
Ontem (17), a Confederação Sindical Única de Trabalhadores Camponeses da Bolívia (CSUTCB) pediu ao presidente Evo Morales que suspenda a construção da segunda etapa da estrada. A entidade apresentou proposta alternativa para a obra: construí-la partindo de Villa Tunari, mas passando por San Borja e culminando em Santa Rosa, ou seja, sem atingir San Ignacio de Moxos, onde está o Tipnis.
A proposta recebeu o apoio da Confederação de Comunidades Interculturais da Bolívia e da Federação de Mulheres Camponesas Bartolina Sisa. As organizações insistiram na necessidade de diálogo entre governo e indígenas.
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