O seminário “Rumo à Rio+20: Por Uma Outra Economia”, reuniu diversas organizações para discutir estratégias de atuação até a conferência da ONU, quando também será realizada a Cúpula dos Povos. Presente na Rio-92, há 20 anos, Jean-Pierre Leroy revela uma preocupação: “O discurso da economia verde chega com uma força muito grande, como se fosse a única alternativa para o futuro. O problema é que aqueles que esmagaram os povos e estragaram os territórios são os mesmos que se apresentam como a solução do problema ambiental". A reportagem é de Maurício Thuswohl e publicada por Carta Maior, 25-01-2012.
Definida como principal eixo de discussão do Fórum Social Temático 2012, a questão ambiental será objeto de diversos embates políticos durante os seis dias de evento em Porto Alegre. Com a tarefa de elaborar propostas que serão levadas em junho à Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), os participantes do Fórum apresentam visões distintas a respeito dos mecanismos da chamada “Economia Verde” que crescem em todo o mundo sem alterar substancialmente os modos de consumo e produção da humanidade.
O debate sobre as mudanças propostas pelo Congresso Nacional ao Código Florestal também é motivo de mobilização, e algumas organizações da sociedade civil querem que a presidente Dilma Rousseff assuma em Porto Alegre o compromisso de vetar os pontos considerados pelos ambientalistas como mais nocivos à política ambiental brasileira.
Na terça-feira (24), o seminário “Rumo à Rio+20: Por Uma Outra Economia”, reuniu diversas organizações para discutir estratégias de atuação até a conferência da ONU, quando também será realizada a Cúpula dos Povos, evento paralelo organizado pela sociedade civil que até agora já tem confirmada a presença de cerca de 10 mil pessoas.
Segundo Lúcia Ortiz, da ONG Amigos da Terra Brasil, a Rio+20 será o momento ideal para reverter uma perigosa tendência: “Corremos o risco tanto de acontecer um acordo da ONU quanto de se consolidar uma aceitação social da maior parte da população ao capitalismo verde. A transformação dessa realidade está ligada à capacidade de resistência da sociedade organizada. Uma outra economia só será possível quando a resistência conseguir barrar esse processo de mercantilização da natureza”, diz.
Diretora da ONG Fase, Fátima Melo ressaltou a importância de aproveitar a Rio+20 para “compartilhar práticas de experiências contra-hegemônicas” que acontecem em todo o mundo e “mostrar que é possível ter soluções anticapitalistas e de acordo com um outro modelo”. Para isso, foi decidida a realização, durante a Cúpula dos Povos em junho, de uma assembleia onde as diversas experiências serão relatadas para a adoção de uma estratégia comum de lutas pelas populações que já estão sendo de alguma forma afetadas negativamente pelo capitalismo verde.
Veterano do movimento socioambientalista brasileiro, presente na Rio-92 há 20 anos, Jean-Pierre Leroy revela uma preocupação: “O discurso da economia verde chega com uma força muito grande, como se fosse a única alternativa para o futuro. O problema é que aqueles que esmagaram os povos e estragaram os territórios são os mesmos que se apresentam como a solução do problema ambiental. Mas, a gente pergunta o que eles fizeram desde a Rio-92, e a resposta é nada. Não resolveram nada nesses 20 anos e vão resolver agora para o futuro? Esse discurso foi adotado pelos economistas e pela tecnocracia, e não há um debate social sobre isso”.
O objetivo do seminário e da articulação que está sendo feita no Fórum Social Temático, segundo Leroy, é reunir vários atores para se chegar a um acordo mínimo de ação contra a economia verde: “Não devemos transigir com a economia verde ou dizer que ela tem algumas coisas boas. Ou se propõe um outro modelo econômico ou essa economia, mesmo esverdeada, não tem futuro”, diz. Ele aposta no poder de mobilização dos movimentos sociais: “Não há total acordo ideológico entre nós, mas nossa aliança é firmada sobre práticas e experiências que nos animam a fazer a Cúpula dos Povos”, diz.
Código Florestal
O debate sobre as mudanças propostas pelo Congresso Nacional ao Código Florestal também é motivo de mobilização, e algumas organizações da sociedade civil querem que a presidente Dilma Rousseff assuma em Porto Alegre o compromisso de vetar os pontos considerados pelos ambientalistas como mais nocivos à política ambiental brasileira.
Na terça-feira (24), o seminário “Rumo à Rio+20: Por Uma Outra Economia”, reuniu diversas organizações para discutir estratégias de atuação até a conferência da ONU, quando também será realizada a Cúpula dos Povos, evento paralelo organizado pela sociedade civil que até agora já tem confirmada a presença de cerca de 10 mil pessoas.
Segundo Lúcia Ortiz, da ONG Amigos da Terra Brasil, a Rio+20 será o momento ideal para reverter uma perigosa tendência: “Corremos o risco tanto de acontecer um acordo da ONU quanto de se consolidar uma aceitação social da maior parte da população ao capitalismo verde. A transformação dessa realidade está ligada à capacidade de resistência da sociedade organizada. Uma outra economia só será possível quando a resistência conseguir barrar esse processo de mercantilização da natureza”, diz.
Diretora da ONG Fase, Fátima Melo ressaltou a importância de aproveitar a Rio+20 para “compartilhar práticas de experiências contra-hegemônicas” que acontecem em todo o mundo e “mostrar que é possível ter soluções anticapitalistas e de acordo com um outro modelo”. Para isso, foi decidida a realização, durante a Cúpula dos Povos em junho, de uma assembleia onde as diversas experiências serão relatadas para a adoção de uma estratégia comum de lutas pelas populações que já estão sendo de alguma forma afetadas negativamente pelo capitalismo verde.
Veterano do movimento socioambientalista brasileiro, presente na Rio-92 há 20 anos, Jean-Pierre Leroy revela uma preocupação: “O discurso da economia verde chega com uma força muito grande, como se fosse a única alternativa para o futuro. O problema é que aqueles que esmagaram os povos e estragaram os territórios são os mesmos que se apresentam como a solução do problema ambiental. Mas, a gente pergunta o que eles fizeram desde a Rio-92, e a resposta é nada. Não resolveram nada nesses 20 anos e vão resolver agora para o futuro? Esse discurso foi adotado pelos economistas e pela tecnocracia, e não há um debate social sobre isso”.
O objetivo do seminário e da articulação que está sendo feita no Fórum Social Temático, segundo Leroy, é reunir vários atores para se chegar a um acordo mínimo de ação contra a economia verde: “Não devemos transigir com a economia verde ou dizer que ela tem algumas coisas boas. Ou se propõe um outro modelo econômico ou essa economia, mesmo esverdeada, não tem futuro”, diz. Ele aposta no poder de mobilização dos movimentos sociais: “Não há total acordo ideológico entre nós, mas nossa aliança é firmada sobre práticas e experiências que nos animam a fazer a Cúpula dos Povos”, diz.
Código Florestal
Outra discussão que promete esquentar durante o Fórum diz respeito às propostas de alteração no Código Florestal brasileiro. Diversas organizações socioambientalistas presentes a Porto Alegre estão coletando assinaturas para a campanha “Veta, Dilma!”, que pretende convencer a presidente a vetar algumas das mudanças propostas. O objetivo dos ambientalistas é entregar um documento em mãos à Dilma, que tem participação no Fórum Social Temático prevista para quinta-feira (26). Na terça-feira (24), dezenas de militantes da ONG SOS Mata Atlântica fizeram um ato no centro de Porto Alegre, quando carregaram caixões representando a morte da política ambiental brasileira.
Coordenador da SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani afirma que o momento político é decisivo: “Do ponto de vista dos ambientalistas e dos movimentos sociais - e aí, eu incluo a academia e entidades como a CNBB e a SBPC - a questão do Código Florestal é muito mais grave do que discutir Reserva Legal e APPs. Nós estamos falando de coisas como a função social da terra, uma das maiores conquistas da Constituição de 1988, que agora foi rasgada pelas oligarquias rurais que tomaram conta do país e que continuam fazendo a farra do crédito agrícola com dinheiro do governo para promover um modelo que está esgotado”.
Segundo Mantovani, “a discussão do Código Florestal não é mais uma coisa de ambientalista versus ruralista”, mas uma luta de toda a sociedade: “Aqui no Fórum Social Temático, que é um evento preparatório à Rio+20, não podemos permitir um dos maiores retrocessos ambientais da história do Brasil”.
Coordenador da SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani afirma que o momento político é decisivo: “Do ponto de vista dos ambientalistas e dos movimentos sociais - e aí, eu incluo a academia e entidades como a CNBB e a SBPC - a questão do Código Florestal é muito mais grave do que discutir Reserva Legal e APPs. Nós estamos falando de coisas como a função social da terra, uma das maiores conquistas da Constituição de 1988, que agora foi rasgada pelas oligarquias rurais que tomaram conta do país e que continuam fazendo a farra do crédito agrícola com dinheiro do governo para promover um modelo que está esgotado”.
Segundo Mantovani, “a discussão do Código Florestal não é mais uma coisa de ambientalista versus ruralista”, mas uma luta de toda a sociedade: “Aqui no Fórum Social Temático, que é um evento preparatório à Rio+20, não podemos permitir um dos maiores retrocessos ambientais da história do Brasil”.
Fonte: IHU
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