Movimento Anticapitalista Amazônico (MACA)
A hora oficial do Acre voltou ao debate com força renovada. A Frente Popular do Acre (FPA), através de Aníbal Diniz, propôs novo referendo para decidir se a hora oficial do estado volta ao que era ou se fica como está.
O tema é delicado. Quando o então senador Tião Viana mudou a hora sem consultar a população, a coisa fedeu. Quando veio o referendo proposto pela oposição, a população desfez o que o senador fez. Então, como sabemos, o referendo foi jogado na lata do lixo. A coisa fedeu um pouco mais. Agora essa. Novo referendo... A coisa vai feder ainda mais.
Para nós, o tema é emblemático sobre a situação da democracia no Acre. Ficou claro que democracia, para a FPA, é o resultado de um pleito que lhe é favorável. Consideremos, hipoteticamente, que a proposta de outro referendo seja aprovada e que o resultado desse outro referendo seja igual ao primeiro. Quem garante que também este não será desrespeitado? Talvez fique a FPA a propor referendos sem fim, até conseguir o resultado que ela acha “democrático”, isto é, que lhe favoreça.
Há, contudo, a possibilidade de que a FPA saia vitoriosa em outro referendo. Certamente, dessa vez, ela dispensaria muito mais tempo e esforços para isso. Além do mais, a força do hábito que, no primeiro momento, foi-lhe desfavorável, agora, já passado bom tempo desde a mudança da hora, poderia pesar a seu favor.
Mas também pode ser que não. Pode ser que o eleitor bem guarde a proporção do desrespeito à sua vontade que isso representa e opte, mais uma vez, pela hora como era. De qualquer forma, independentemente do resultado, a proposta de outro referendo representa, já, uma derrota para a democracia no Acre.
A FPA parece obstinada a acumular trapalhada sobre trapalhada. Em que outro momento mostrou-se ela mais antipopular como agora? Em que outro momento ela jogou tanto contra si mesma? Quando, nesses últimos doze anos, fomos tão tentados a pensar que a única saída para a democracia seria tirar o poder estatal da coalizão? E mais: se não respeitaram o resultado das urnas sobre o referendo, aceitarão perder a prefeitura de Rio Branco ou o governo do Estado que, politicamente, pesam bem mais?
Mais do que por virtude própria, a oposição tem crescido em cima disso. Sim. Infelizmente, muitos são os que passaram a ver nela uma alternativa. Alegra-nos, porém, que a população volta outra vez a se organizar, a protestar e reivindicar seus direitos por fora de partidos e sindicatos. Parece buscar nas ruas a força que lhe falta nas urnas.
Nosso tempo é, assim, um misto de sombra e luz. O momento é de desconstrução e construção. Parece ideal para um acerto de conta com a história. Acertemos nossos ponteiros. É hora da democracia no Acre...
Um comentário:
De fato, "acertemos nossos ponteiros e busquemos na rua o que nas urnas já não nos satisfaz". É, no mínimo, ridículo chamar o cenário político partidário que temos no Acre de POSIÇÃO versus OPOSIÇÃO. Uma posição que já foi oposição de fato e de direito, mas agora o que é? Uma oposição que nunca leu esse papel e que patina no gelo sem técnica alguma. É lamentável. O que nos garante democracia se já ganhamos o direito da NOSSA HORA CERTA que ganhou outros rumos no Congresso... é essa a democracia que nos resta, e é essa também as das urnas. O direito da NÃO ESCOLHA!
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