Os indígenas afirmam que só sairão do local quando a presidenta do órgão, Marta Azevedo, recebê-los em audiência para entrega de reivindicações
Renato Santana,
de Brasília (DF)
Cerca de 40 lideranças de sete povos do Acre seguem acampados desde o fim desta segunda-feira, 7, na sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Brasília (DF). Os indígenas afirmam que só sairão do local quando a presidenta do órgão, Marta Azevedo, recebê-los em audiência para entrega de reivindicações.
“Estamos faz uma semana tentando uma agenda com ela e até o momento a presidenta não reservou agenda para nos atender. Vamos ficar aqui aguardando”, declara Ninawá Huni Kuĩ. Estão presentes representantes dos povos: Jaminawa, Apolima Arara, Huni Kuĩ, Ashaninka, Nawá, Madja e Manchineri.
A liderança indígena afirma que eles trazem “situações sérias” envolvendo os povos do Acre, inclusive com risco de derramamento de sangue entre os Jaminawá e invasores de terras, inclusive já demarcadas, que compõem frentes de expansão agropecuária na Floresta Amazônica.
“Fomos recebidos pelo MEC (Ministério da Educação), Secretaria de Direitos Humanos, Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) e a Funai não quer conversar”, lamenta. Os indígenas mantiveram ocupação na sede regional de Rio Branco da Funai, mas perceberam que precisavam intensificar os protestos e vieram para a Capital Federal com o intuito de serem ouvidos pelas autoridades máximas.
Os indígenas mostram-se insatisfeitos com o cronograma para criação de Grupos de Trabalho (GT) proposto pela Funai para a demarcação de terras no Acre: 2015. Para eles, as terras prioritárias devem ser para este ano e as demais até o final de 2013. As lideranças reivindicam a demarcação de 21 terras indígenas no Acre e sul do Amazonas.
Pedem ainda segurança para indígenas ameaçados, além da efetivação das coordenações regionais do Juruá (aprovada, mas não instalada) e do Purus, com sede em Rio Branco, mas inoperante. "Viemos de muito longe. Alguns tiveram que remar por dias e mais dias antes de chegar a Rio Branco. É uma falta de respeito nãos ermos atendidos", explica Ninawá. E segue: “Vamos permanecer acampados na Funai. Vamos retomar a ocupação da sede regional se a presidenta não nos receber”.
O indígena explica que Marta Azevedo, conforme informação da secretaria da Funai, estava em reunião no Ministério do Planejamento para tratar da reforma do prédio do órgão. Com isso, não poderia atendê-los e enviou representantes.
“É mais importante a estrutura de um prédio que caciques à beira da morte, que indígenas morrendo e sendo ameaçados por fazendeiros? Queremos falar com a presidenta”, questiona Ninawá. Na manhã desta terça-feira, 8, parte dos ocupantes estará no Congresso Nacional e à tarde no coro pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Trabalho Escravo.
Fonte: Adital
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