terça-feira, 18 de junho de 2013

A democracia de Jorge Viana

Israel Souza[1]

           Em razão das manifestações que tomam conta de várias capitais brasileiras, no início desta semana, Jorge Viana (PT) foi à tribuna do Senado e dali falou, altissonante: “Nossa população não pode ser tratada como bandida”. Para ele, as manifestações dos jovens são legítimas.

            Engraçado. Nem parece aquele que aqui conhecemos. Quem não se lembra daquele 7 de setembro em que, sob suas ordens, a polícia reprimiu e deteve vários manifestantes? Onde estava ele quando seu irmão deu ordens para que o COE jogasse bombas de efeitos moral nos manifestantes da 6 de Agosto e atirasse balas de borracha neles?

            Convém lembrar que na ocasião não eram apenas os jovens que se manifestavam, mas famílias inteiras: crianças, menores, idosos etc. Até onde acompanhamos, o senador não pronunciou nenhuma palavra crítica sobre o acontecido.

            Muito ao contrário, tentou desqualificar ambas as manifestações. Além disso, tentou creditar esta última à oposição.

            Coisas como essas deixam claro que a democracia que Jorge Viana defende para o Brasil não é a mesma que ele quer para o Acre. Aqui, ele prefere fazer valer a lei do porrete, desrespeitando manifestações das ruas e das urnas, como o comprova o caso do referendo em que a população decidiu pela volta da hora do Acre como era. Em Brasília, ele, Aníbal Diniz (PT) e Sibá Machado (PT) se desdobram, fazendo de tudo para sepultar o resultado do pleito que lhes foi desfavorável.

            Democracia para os brasileiros, diz Jorge Viana. Mas não para os acrianos... Que venha logo o dia do basta e que chegue para ficar. A democracia é pedra preciosa e delicada demais para ficar nas mãos dos coronéis, dos velhos como dos novos... Que o povo tome posse do que de fato lhe pertence... Estaremos nas ruas... 


[1] Cientista Social, com habilitação em Ciência Política e membro do Núcleo de Pesquisa Estado, Sociedade e Desenvolvimento na Amazônia Ocidental (NUPESDAO).

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