sexta-feira, 8 de maio de 2015

Duas solidões

Israel Souza

Nos olhos, expostos,
A pele e o porão das almas,
A transparência e o segredo.
Mas o insabido não trazia medo,
Apenas encanto.

No fundo...
No fundo e no espelho dos olhos,
Encontraram-se duas solidões, que,
Se bem nunca se haviam procurado,
Sempre se haviam querido.

Pelos olhos, as almas se tocaram,
Se trocaram.
Embeberam-se uma da outra,
Até se con-fundirem, formando umoutra.

Então repousaram, uma na outra,
As duas solidões,
Já cansadas de um ermo vagar.
As duas solidões que, por juntas serem mais,
Foram menos dali por diante.

E assim, no jardim dos acasos,
Como que por mãos meninas,
O absurdo mistério de existir
Fora colhido flor,

Pleno de sabor, e de sentido.

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