domingo, 16 de outubro de 2011

Censura na Floresta: Eco FM tira Osmarino Amâncio do ar

Quem ver a equipe de governo de Tião Viana e o próprio governador falar que o Estado está pronto para o crescimento e que vivemos em uma federação com suas finanças ajustadas do ponto de vista econômico-financeiro, nem imagina que a democracia ainda é uma ficção. Para se ter uma ideia, o programa Resistência, estreado neste sábado das 7h às 9h da manhã, na ECO FM, no município de fronteira, em Epitaciolândia, foi retirado do ar logo após a sua exibição. O programa tinha como âncora o sindicalista e ambientalista, Osmarino Amancio. O sonho de levar informação ao seringueiro durou apenas 120 minutos.
- Eu estava preparando a segunda edição do programa que ia ao neste domingo, às 7 horas da manhã quando o sonoplasta John Black  me ligou e disse que não tinha uma boa notícia para me dar. E falou que eu não fosse à rádio pela manhã por que o programa foi retirado da grade de programação – confirmou Osmarino.

Osmarino disse que não foi dada nenhuma justificativa plausível para o que ele classifica como censura, uma vez que o programa em sua primeira edição teve audiência recorde. Para o ambientalista, o governo se assustou com a roupagem da programação e a proposta levada ao ar neste final de semana.
- O governo se assustou, o ICMBio se assustou. A nossa proposta é de informar aos seringueiros o que vem acontecendo com os planos de manejo e o programa seria uma das ferramentas desse empate, por isso tinha o nome de Resistencia – acrescentou Osmarino.
Ao ar na manhã de ontem (15), Osmarino recebeu ligações de sindicalistas dos municípios de Xapuri e Assis Brasil e teve participação ao vivo do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Epitaciolândia, Sebastião Oliveira e do deputado Major Rocha [PSDB].
- Disse por várias vezes que o programa não tinha bandeira política, que nossa principal bandeira é a floresta, a defesa do seringueiro – comentou Osmarino.
Osmarino não poupou criticas ao ICMbio que segundo ele foi com policiais militares à porta de sua casa responsabilizando-o pela ampliação dos serviços de abertura de ramal dentro da reserva Chico Mendes. Osmarino também criticou a empresa Laminados Triunfo pelo modelo de Manejo praticado no Antimary e no Ramal do Riozinho do Rola. Em ping-pong com o deputado estadual Major Rocha[convidado para ir ao programa], a situação dos produtores que vivem da sustentabilidade foi analisada. Depois de saber da notícia de que o programa já foi retirado do ar, o deputado tucano disse que a ação da direção da rádio é vergonhosa para o estado de direito.
- Querem calar a voz dos seringueiros, isso é a escalada do terror, algo parecido com o período entre a edição do AI-5 e a posse de Garrastazu Médici, bem como os anos de seu governo, um mais repressivos da história política recente do Brasil. Viver isso no Acre, em plena era de democracia é angustiante – declarou Rocha.
A reportagem tentou entrar em contato com o diretor da rádio, identificado como Magela, mas o seu telefone celular de número 995* *912 estava desligado. A última ligação feita foi às 19h26 de sábado. O espaço do programa teria contrato firmado na próxima quarta-feira e seria pago.
Jairo Carioca – da redação de ac24horas
jscarioca@globo.com

Fonte: ac24horas

2 comentários:

Andreson disse...

Cultura moralista, que quer acabar nossa cultura... cadê a liberdade de expressão, culto... tão cara aos povos...
o protagonismo desses seguimentos sociais, seringueiros, indígenas,... propagado pela atual conjuntura. A qual em tese seria, ou melhor, é a expressão dessas "vozes", culturas, de suas lutas?
Pelo exposto essa música envolvendo esses atores apresenta suntuosas dissonâncias. Visão de mundo, de território, do que seja bem viver

acsilva disse...

Foi fata. Em 1988 o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Sena Madureira teve o seu programa de rádio retirado do ar.
Era um programa denominado RELÂMPAGO inspirado na força que o relâmpago tem de iluminar. O conteúdo do programa informava a população rural sobre os seus direitos e deveres previstos na Constituição Federal.
Além disso, o programa tocava músicas de conteúdo reflexivo, coisa que a rádio não tocava, respondia cartas vindas das populações rurais.
Assim, chego a conclusão que no Acre, o discurso é um e a prática é bem outra! Até quando? É preciso passar a Floresta a Limpo!