domingo, 2 de outubro de 2011

Evo Morales faz um apelo ao diálogo num novo dia de manifestações indígenas na Bolívia

Nationalia - [trad. do diário Liberdade] As relações entre o presidente e a comunidade indígena passa momentos baixos depois dos episódios de brutalidade policial com que se dissolveu uma manifestação contra a construção de uma estrada em território indígena. A investigação governamental sobre os fatos ocorridos poderia contar com o apoio das Nações Unidas.
Um impopular projecto urbanístico impulsionado pelo Governo da Bolívia e financiado pelo Brasil trouxe ao limite a tensão nas relações entre o governo de Evo Morales e uma parte importante do colectivo indígena e ecologista, encabeçado pela comunidade guaraní. Evo Morales, um cocalero aimara que o 2006 surpreendeu o mundo ascedendo à presidência do seu país -o primeiro indígena da história em o conseguir-, defendia a conveniência da construção de uma grande estrada que partiria pela metade o Território Indígena do Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS). Há cinco semanas, uns 1.500 membros das etnias afectadas começaram uma marcha entre Trinidad e La Paz para protestar contra o projecto, mas cedo foram parados por um grupo de defensores da estrada. Ante a tensão imperante entre os dois grupos, a polícia decidiu actuar com contundência, todo provocando centenas de detenções indiscriminadas, múltiplos feridos e um número não esclarecido de mortes.


Agora, Morales anunciou a suspensão do projecto e a celebração de um "debate nacional" para decidir que faz falta fazer. O seu executivo também tem aberto uma investigação sobre os factos e o mesmo presidente pediu disculpas aos afectados, todo assegurando que nunca autorizou um ónus policial. Mas muitas vozes assinalam que faz tempo que o abismo entre Morales e a maioria de comunidades indígenas do país se tem ampliado sem remédio. Muitos meios internacionais recolheram este episódio assegurando que se trata do final do idílio entre o presidente e a maioria de bases que o impulsionaram à presidência, e que com o tempo Morales acabou para beneficiar a comunidade sindicalista dos produtores de coca e também os "colonos", indígenas aos quais se lhes prometeu a posse de terras, em detrimento da maioria do indigenismo e a defesa do meio ambiente.
Em qualquer caso, Morales reuniu-se hoje mesmo com a Assembleia do Povo Guaraní (APG), uma das organizações impulsoras do protesto, e também hoje se soube que a Organização das Nações Unidas poderia acompanhar o executivo boliviano na investigação para determinar a responsabilidade dos factos.
Fonte: Diário Liberdade

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