quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Governo mobiliza 64 instituições para defender exploradores de madeira e repudiar denúncia de trabalhadores da floresta

Os questionamentos que surgiram nos últimos meses sobre supostas irregularidades em projetos de manejo florestal na Floresta Pública do Antimary e na Fazenda Ranchão II, têm mobilizado a equipe do governador Tião Viana (PT), em defesa do projeto que é apontado pelos partidários da Frente Popular do Acre, como a essência dos projetos sustentáveis desenvolvidos pelas três últimas administrações da FPA, frente ao Governo do Acre.
Nesta quarta-feira, 19, além dos gestores de Tião Viana, o Imaflora, instituição que faz certificação socioambiental através da certificação agrícola, que auxiliam na adequação socioambiental de empreendimentos florestais e agrícolas se pronunciou em defesa do projeto de extração de madeira certificada das florestas do Estado. A Imaflora divulgou nota explicativa da abordagem da revista ISTOÉ, na reportagem “O golpe verde”.
Ao todo, 63 instituições assinaram a nota de repúdio do Governo do Estado. Sindicatos, secretarias, órgãos federais, centrais de trabalhadores e ONGs defenderam a madeireira Laminados Triunfo, [que explora e vende a madeira para o mercado externo], o Governo do Estado [que entregou a fábrica de tacos construída com dinheiro público e a exploração do manejo] e repudiaram os trabalhadores da floresta que supostamente teriam sido atingidos por crimes ambientais, além dos políticos que tornaram as denúncias públicas.
O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola esclarece que existem diversas entidades habilitadas a realizar auditorias de certificação FSC no Brasil e o IMAFLORA é uma delas. Sobre a afirmação de que o Imaflora “distribui às empresas o selo verde”, o instituto afirma que a certificação só é concedida a empresas que comprovem o cumprimento às rigorosas normas estabelecidas pelo FSC e reconhecidas internacionalmente.
Com relação a Laminados Triunfo, o Imaflora informa que a empresa possui um certificado FSC (código SW-FM/COC-001586) ativo para 7.497,00 hectares, onde cumpre com os critérios de certificação, constatado nas últimas auditorias de campo. O Imaflora não esclarece sobre os supostos crimes ambientais cometidos pela madeireira, na obstrução do canal de passagem das águas do Riozinho do Rola e demais córregos denunciados pela feito pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), e famílias do seringal São Bernardo.
Em relação à Floresta Estadual do Antimary (FEA),  o Imaflora enfatiza que a certificação FSC da FEA foi concedida em 2005. “E, desde então, auditorias independentes são realizadas anualmente pelo Imaflora. Sobre a suposta devastação da “mata do Limoeiro”, mencionada na matéria, de ISTROÉ, apesar de estar situada nas proximidades da mesma, não faz parte da certificação da Floresta Estadual do Antimary”, dizem os representantes do instituto.
O Imaflora afirma ainda que encoraja partes interessadas a enviarem comentários sobre estas áreas diretamente para imaflora@imaflora.org, sempre que possível, apoiados em evidências concretas. Segundo o instituto, todos os comentários recebidos serão devidamente avaliados e respondidos publicamente pela equipe de auditores do Imaflora.

REPÚDIO AS DENUNCIAS

Os Presidentes dos Conselhos Estadual de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia – CEMACT apresentaram moção repúdio às denúncias e os denunciantes, e defenderam o manejo floresta, como mola propulsora da economia do estado . Segundo os gestores, o manejo florestal é hoje uma das atividades econômicas mais importantes do Estado do Acre, representando mais de 20 % do valor bruto da produção do Estado.
Segundo os secretários do governo, dados de órgãos oficiais indicam que no Acre existem mais de 500 empresas, entre grandes e médias e pequenas empresas, relacionadas ao setor florestal, que produzem mais de 700 mil metros cúbicos de madeira por ano, gerando em torno de 4.600 empregos diretos, movimentando uma economia de mais de R$ 500 milhões por ano.
Os gestores de Tião Viana reconhecem os problemas existentes na exploração dos projetos de manejo, e fazem o chamamento das instituições e políticos para trabalhar nos ajustes necessários, no anejo florestal empreendido na Floresta Estadual do Antimary. Os problemas, segundo o comunicado oficial dos gestores da administração estadual,  “são problemas pontuais, que exigem solução pontual e não o retrocesso ao modelo de produção anterior”.
A equipe de governo afirma ainda, que “a criação de Unidades de Conservação e demarcação de Terras Indígenas associado às atividades de manejo florestal, contribuem para o êxito na conservação de  87 % das florestas acreanas, diminuição significativa das taxas de desmatamento, ao mesmo tempo em que promove um expressivo crescimento econômico”.
As denúncias apresentadas pelo deputado Major Rocha (PSDB), Comissão Pastoral da Terra (CPT), famílias residentes no seringal São Bernardo, além das 40 famílias da Floresta Pública no Antimary, foram repudiadas com veemência pelas 63 instituições que apóiam a administração estadual, que classificaram como “ações de indivíduos ou grupos interessados em sobrepor seus interesses em detrimento aos interesses maiores da sociedade acreana”.
Ray Melo, da redação de ac24horas – raymelo.ac@gmail.com

Fonte: ac24horas

Um comentário:

lindomarpadilha.blogspot disse...

Caro editor,

Nos últimos 13 anos nenhuma terra indígena foi demarcada. Em 2003 o então governador Jorge viana conseguiu junto a Funai de Brasília, quando para lá mandou o Sr. Terri Aquino, a suspensão de todos os processos de demarcação de terras indígenas no Acre.

A partir daí iniciou-se uma perseguição às entidades e pessoas que defendiam o direito dos povos indigenas a seus territórios. Paralelo a isso, montou-se um esforço descomunal para desqualificar a luta dos povos da floresta e avançar com projetos capitalistas travestidos de "esquerda". Rapidamente, sob a batuta do PT e tendo o PC do B como "bacheiro", a Assembléia Estadual criou a inconstitucional lei estadual da Secretaria Indígena (inconstitucional porque a CF art. 231 diz que questões indígenas são de responsabilidade da União). O golpe foi certeiro: param as demarcações; o Estado passa a mandar nas comunidades indígenas e desmantela o movimento indígena; "inventa" novas lideranças indígenas; corrompe e coopta algumas lideranças e criminaliza as que oferecem resistênci (isso se aplica também às entidades de apoi às lutas indígenas); e, por fim e recentemente, aprova a lei do carbono (REDD) sem consultar e nem esclarecer às comunidades.
O lider do Governo, presidente da Assembléia Legislativa é hoje Secretário Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia, tudo a ver com o apoio a área rural e principal foco de atuação comunista historicamente.

E ainda falam em possibilidade de volta ao passado! qundo o passado esteve ausente, sem ser o principal e mais presente, na história de traição que vivemos nesses últimos anos?

Bom trabalho.

Lindomar Padilha