quinta-feira, 18 de setembro de 2014

“O cravo saiu ferido e a rosa, despedaçada”...

Israel Souza[1]
            Embora confusas quanto à intenção de voto para candidatos ao governo do estado, as últimas pesquisas convergem ao apontar Gladson Cameli (PP) à frente de Perpétua (PCdoB), com considerável vantagem.
            Nestas eleições, a fim de aumentar sua base, Perpétua procurou um suplente evangélico. A estratégia é razoável, já que, eleição após eleição, o público evangélico vem demonstrando seu peso nas disputas eletivas.
Em suas primeiras inserções na propaganda eleitoral, a candidata aparecia ao lado da família, falando da Bíblia e de formação religiosa. Tudo ficou estranho, entre o forçado, o superficial e o esquisito. Não deu certo. Talvez, por isso, tenha abandonado a estratégia.
Nem mesmo os crentes (católicos, protestantes e evangélicos), a quem se dirigia aquele tipo de inserção, se convenceram do que ela falava. Malgrado seu, os evangélicos estão muito divididos politicamente – daí as candidaturas vindas em profusão desse segmento. Ela jamais conseguiria seu apoio em bloco.
Além do mais, são muitos os evangélicos que têm consciência do envolvimento de Perpétua com o movimento LGBT e com outras bandeiras que eles desaprovam.
Para piorar, Tião Viana e Jorge Viana fazem críticas tímidas, quase envergonhadas a Gladson. Isto se deve ao fato de não poderem ser muito duros com o candidato como são com os outros que compõem os blocos da oposição. É que parte da família Cameli está com a FPA e parte está com a oposição. Seria desastroso para as forças governistas perder esse apoio, já que o eleitorado do Juruá lhes é tão importante quanto arredio.
Como se pouco fosse, há uma parcela considerável de petistas fazendo troça com a situação de Perpétua. Em razão dos conflitos históricos entre PT e PCdoB (reavivados nas últimas eleições em que Perpétua queria sair candidata à Prefeitura de Rio Branco, mas foi preterida em favor de Marcus Alexandre), muitos petistas sequer abraçaram sua candidatura. Para estes, ela está recebendo o mesmo tratamento que dispensara à candidatura de Marcus Alexandre.
Tudo indica que Gladson Cameli, um sujeito inábil com as palavras e de discurso gelatinoso, caminha para a vitória. E assim será, caso não aconteça algo significativo que possa modificar tal quadro nos próximos dias. E Perpétua, politicamente muito mais experiente que ele, que tanto ansiava por uma oportunidade como essa, parece fadada à derrota... Como naquela cantiga de criança, parece que também nestas eleições a rosa há de sair despedaçada da briga com o cravo...
Não elegendo nem Perpétua para o Senado nem Moisés Diniz para a Câmara Federal, a sorte do PCdoB não será das melhores. Até agora ele era o segundo partido da FPA, um irmão para o PT. Continuará nesta condição sem os cargos eletivos? Acho pouco provável... E, junto com a capacidade de influência, perderá espaços de comando e cargos...



[1] Cientista social e membro do Núcleo de Pesquisa Estado, Sociedade e Desenvolvimento na Amazônia-Ocidental – NUPESDAO. Email: israelpolitica@gmail.com

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