Israel Souza[1]
Nas ultimas eleições, logo
no “abrir das urnas”, ficava claro o desgaste de Dilma e do PT. Com larga
razão, a insatisfação com o governo se manifestava nas ruas e nas urnas. E a vitória
apertada da candidata petista dava conta de que tal desgaste atingira
preocupantes níveis.
Com a formação de um
ministério mais que conservador e com as medidas anti-populares que tomou,
Dilma apenas jogou mais lenha na fogueira que contra ela queima. Os escândalos
de corrupção - e a maneira “esperta” com que a mídia os explora - deixam as
chamas maiores a cada dia.
Isso não
dá o direito de a ala azul da direita aplicar o golpe, mas a estimula. Em verdade,
defendendo e difundindo a ideia de que, derrubando o atual governo,
resolveríamos o problema da corrupção e faríamos a democracia prevalecer, ela
vem angariando apoio de amplos setores descontentes com o governo.
Desse modo, o “equilíbrio instável”
mostrado nas urnas parece ceder espaço a um “equilíbrio catastrófico”[2]. Ninguém pode apontar, com
segurança, o resultado do conflito entre as duas grandes forças políticas em
disputa no país.
Quem sair às ruas no próximo
de 15, pedindo o impeacheament de Dilma, poderá mandar pelos ares nossa
Constituição e o arremedo de democracia que ela sustenta. Por outro lado, quem sair
às ruas no próximo dia 13 estará dando uma espécie de carta branca à Dilma,
sustentando-a em sua opção de continuar sendo a mãe do capital financeiro e o
flagelo dos trabalhadores e dos índios e etc...
Acertadamente, a CONLUTAS
rejeitou as duas manifestações, corajosamente propondo sua própria agenda,
popular e trabalhista. Contudo, por ora, isso é insuficiente para alterar a
correlação de forças que caracterizam o equilíbrio catastrófico de que se falou
acima.
Os próximos dias serão de
extrema importância para nosso futuro. Importa aquilatar sobriamente, sem
indiferença ou arroubos, de que lado se postar.
[1]
Cientista social, Mestre em Desenvolvimento Regional pela Universidade Federal
do Acre - UFAC - e membro do Núcleo de Pesquisa Estado, Sociedade e
Desenvolvimento na Amazônia Ocidental - NUPESDAO.
[2]
“Equilíbrio instável” e “equilíbrio catastrófico” são conceitos de Gramsci,
usados às vezes como equivalentes. Aqui faço a distinção entre ambos, por
compreender que, mesmo “instável”, nem todo equilíbrio é “catastrófico”, mas
apenas aqueles que apontam para desfechos totalitários.
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