Depois de muita luta, o povo do 6 de agosto conseguiu barrar o projeto do governo de retirar as família da área próxima à 4ª ponte e aos viadutos. Depois que fechamos a referida ponte, no último dia 19/12/2011, uma equipe do governo foi à comunidade, falar sobre o que eles pretendiam ali, coisa a que vinham se negando desde setembro.
Desrespeito, arrogância e ironia não faltaram por parte da equipe do governo. Contudo, foram obrigados a dar explicações, a ouvir a verdade que não queriam e a acatar exigências dos moradores. Dentre as exigências, destacam-se:
1) Dar aos moradores o cadastro que, com base em mentiras e confusão, eles responderam - e alguns até assinaram - sem saber para que era;
2) Apagar as pichações (a equipe do governo chama marca) que os agentes estatais fizeram nas casas;
3) Limpar as áreas antes habitadas e que agora, sem ninguém, estão sendo tomadas pelo mato, lixo, ratos e cobras;
4) Garantir em público e na comunidade que quem não queria sair não sairia.
Gravamos tudo. Contra o que a equipe do governo reclamou. Bem sabemos que a vitória pode ser revertida. Temos consciência que o governo não vai abrir mão de higienizar aquela área assim. Depois da construção da 4ª ponte e dos viadutos o 6 de Agosto é mais centro do que nunca. Ele faz ligação entre obras do governo cuja estética deixa embasbacados alguns incautos daqui e os vindos de fora.
Apesar de ser uma vitória que corre risco de ser revertida, a experiência do 6 de Agosto traz algumas lições.
1) Faz tempo essa Frente deixou de ser popular. Com perda de legitimidade e hegemonia em declínio, o governo age cada vez mais com base na farsa e na intimidação.
Ele mente
Desesperada-mente
Descarada-mente
Cinica-mente
Compulsiva-mente
Ordinaria-mente
2) A atuação na base tem força e importância. Mesmo recorrendo aos meios de comunicação, à Assembleia Legislativa do Acre e ao Ministério Público, os moradores nunca se fizeram reféns deles. Todas as mentiras que o governo plantava nos meios de comunicação foram debeladas aí, na base;
3) A contundência de uma atuação que não se deixa intimidar ou cooptar, que pesquisa, que mescla combate intelectual com mobilizações de rua, envolvendo crianças, adolescentes, adultos, idosos, comerciantes, donas de casa, estudantes, líderes religiosos;
Nesse momento em que o governo mostra que só considera legítima a vontade popular que o favorece e convém, essa última é certamente a melhor lição do caso 6 de Agosto. É mais difícil calar as vozes das ruas que das urnas. Apesar do peleguismo em larga escala, do comodismo e da letargia política que marcam os nossos dias, ainda é possível fazer mobilizações e lograr vitórias populares.
Textos sobre o caso:
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